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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Viagem espacial em torno da terra

Vídeo da NASA, vistas da Terra realmente estonteantes. Os verdes são auroras boreais. Os flashs brancos nas nuvens são relâmpagos. Cortaram a filmagem sempre que se aproximavam da face da Terra iluminada, para permitir melhor visão e aceleraram o filme para vermos mais rápido. Estas vistas são a 350 km de altura, ou seja cerca de 35 vezes mais alto que os aviões comerciais viajam. Agradeço ao amigo Normando Lima pela indicação do vídeo.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Murmuration dos pássaros Estorninhos

Murmuration "São milhares de Estorninhos (pássaros que escaparam do rigoroso inverno da Rússia e da Escandinávia), viajaram distâncias continentais, no final da jornada se reúnem numa revoada gigantesca e absolutamente hipnotizante. E mesmo sem "explicação científica", só podemos achar que é uma grande comemoração ! Para que esse balé aconteça, haja precisão e habilidades absurdas ! Os cientistas estimam um tempo de reação inferior a 100 milisegundos para que as colisões sejam evitadas (basta uma para ferrar tudo), nem mesmo computadores conseguem reproduzir os algoritmos complexos por trás dessa movimentação com a mesma eficiência e harmonia.”

domingo, 27 de novembro de 2011

Reposição hormonal para homens? Saiba mais


Não existem pesquisas aprofundadas o suficiente para provar se o tratamento na andropausa traz benefícios ou não

The New York Times
Um estudo de 45 milhões de dólares financiado pelo Instituto Nacional de Envelhecimento está em andamento em doze centros médicos para avaliar se um ano de tratamento com testosterona pode ajudar 800 homens com mais de 65 anos
As mulheres estão muito à frente dos homens no conhecimento dos benefícios e riscos da reposição hormonal. Ainda não existe um grande estudo, de vários anos, comparável à Iniciativa de Saúde da Mulher, sobre a segurança e eficácia da terapia hormonal para homens mais velhos que têm sinais e sintomas de deficiência de testosterona.

Apesar de crenças baseadas em evidências observadas de que a terapia com estrógeno aumentou a saúde e o bem-estar de mulheres na menopausa, quando um estudo definitivo foi finalmente realizado, os médicos e pesquisadores ficaram chocados ao descobrir que os riscos da reposição hormonal a longo prazo podem superar seus benefícios.

Pode um estudo semelhante da terapia com testosterona para homens que experimentam a "andropausa" também revelar mais perigos que auxílio? A resposta seria bem recebida por um número estimado de 4 milhões de homens nos Estados Unidos que apresentam níveis subnormais desse importante hormônio, um resultado comum quando a idade avança.

Mas esses homens, bem como aqueles que já receberam a terapia com testosterona e os que em breve poderão desenvolver sintomas de baixos níveis do hormônio, poderão jamais saber se a reposição hormonal irá melhorar ou prejudicar a qualidade e a duração de suas vidas. Em vez disso, terão de se basear em provas confusas e contraditórias.

No final do ano passado, por exemplo, um estudo de seis meses, financiado pelo governo federal, sobre um gel de testosterona trouxe uma surpreendente dificuldade nos esforços para melhorar a vida de homens idosos que sofrem com queda de energia, humor, vitalidade e sexualidade como consequência dos baixos níveis de hormônio. O estudo, com a participação de 209 homens com mais de 65 anos que tinham dificuldade para andar, foi interrompido quando contatou-se que entre os que recebiam o tratamento houve um inesperado aumento das taxas de problemas cardíacos.

Os pesquisadores, que publicaram o estudo no New England Journal of Medicine, observaram que os participantes, especialmente o grupo que recebeu testosterona, tinham altos índices de pressão alta, diabetes, obesidade e lipídios elevados no sangue.

Um estudo de 45 milhões de dólares financiado pelo Instituto Nacional de Envelhecimento está em andamento em doze centros médicos para avaliar se um ano de tratamento com testosterona pode ajudar 800 homens com mais de 65 anos com baixo nível de hormônio e problemas físicos, de fadiga, sexuais e cognitivos. O estudo, em que os homens foram distribuídos aleatoriamente para receber o hormônio ou um placebo, também irá avaliar os efeitos do hormônio sobre fatores de risco cardíaco.

Ainda assim, o estudo não irá responder à questão sobre se é seguro usar o hormônio durante anos, ou décadas, algo necessário para manter determinados benefícios. Uma grande preocupação é saber se o uso a longo prazo poderia contribuir para o aumento do câncer de próstata, presente, mas escondido, em algo como metade dos homens mais velhos.

"Não existem muitos bons estudos de testosterona em homens mais velhos", disse William Bremner, urologista da Universidade de Washington, em Seattle. "Os estudos são pequenos e o mais longo deles abrange apenas três anos. Precisamos de estudos para testosterona equivalentes ao da Iniciativa da Saúde da Mulher – milhares de homens seguidos por talvez dez anos. Atualmente, estamos no limbo sobre como orientar os pacientes."

Ele reconhece que a exigência de tal estudo para homens é "menos atraente", porque, ao contrário das mulheres, que experimentam uma queda abrupta de estrógeno na menopausa, geralmente com sintomas perturbadores, o declínio hormonal em homens mais velhos é muito mais gradual e os sintomas, quando ocorrem, são geralmente vistos como sinais normais de envelhecimento, e não de deficiência hormonal.

Um grande estudo europeu, publicado na mesma edição da revista, buscou determinar quem, entre homens de meia-idade e idosos, poderia se candidatar à reposição de testosterona. Em uma amostra de 3 369 homens entre 40 e 79 anos, pesquisadores de oito centros médicos europeus descobriram que o "vigor físico limitado" e três sintomas sexuais – diminuição de pensamentos sexuais, ereção matinal e disfunção erétil – foram mais estritamente ligadas a baixos níveis de testosterona.

Embora baixos níveis de hormônio estejam associados ao aumento do risco de depressão, os pesquisadores descobriram que os "sintomas psicológicos tinham pouca ou nenhuma associação com o nível de testosterona".

Há quatro abordagens principais para as terapias com testosterona disponíveis nos Estados Unidos: injeções intramusculares a cada uma a três semanas, aplicações na pele por meio de gel ou patch, e implantes subcutâneos que duram meses. O patch pode causar irritação na pele, e o gel pode se transferir para outras pessoas por contato, a menos que se tenha o cuidado de cobrir a área onde é aplicado. A administração oral raramente é utilizada por causa dos efeitos tóxicos no fígado.

A razão mais comum para homens procurarem a terapia com testosterona é a diminuição do desejo ou desempenho sexual, embora a capacidade do hormônio para aliviar os sintomas seja imprevisível. Mais de um quarto dos homens com níveis normais de testosterona têm os sintomas e muitos homens com níveis subnormais, não.

Fonte: Revista Veja

O mundo feminino em 2031- Luiz Fernando Veríssimo





Conversa entre pai e filho, por volta do ano de 2031, sobre como as mulheres dominaram o mundo.
- Foi assim que tudo aconteceu, meu filho... Elas planejaram o negócio discretamente, para que não notássemos. Primeiro elas pediram igualdade entre os sexos. Os homens, bobos, nem deram muita bola para isso na ocasião. Parecia brincadeira. Pouco a pouco, elas conquistaram cargos
estratégicos: Diretoras de Orçamento, Empresárias, Chefes de Gabinete, Gerentes disso ou daquilo.
- E aí, papai?
- Ah, os homens foram muito ingênuos. Enquanto elas conversavam ao telefone durante horas a fio, eles pensavam que o assunto fosse telenovela.. Triste engano. De fato, era a rebelião se expandindo nos inocentes intervalos comerciais. "Oi querida!", por exemplo, era a senha que identificava as líderes. "Celulite", eram as células que formavam a organização. Quando queriam se referir aos maridos, diziam "O regime".
- E vocês? Não perceberam nada?
- Ficávamos jogando futebol no clube, despreocupados. E o que é pior: continuávamos a ajudá-las quando pediam. Carregar malas no aeroporto, consertar torneiras, abrir potes de azeitona,
ceder a vez nos naufrágios. Essas coisas de homem.
- Aí, veio o golpe mundial ?!?
- Sim o golpe. O estopim foi o episódio Hillary-Mônica. Uma farsa. Tudo armado para desmoralizar o homem mais poderoso do mundo. Pegaram-no pelo ponto fraco, coitado. Já lhe contei, né? A esposa e a amante, que na TV posavam de rivais eram, no fundo, cúmplices de uma trama diabólica. Pobre Presidente...
- Como era mesmo o nome dele?
- William, acho. Tinha um apelido, mas esqueci... Desculpe, filho, já faz tanto tempo...
- Tudo bem, papai. Não tem importância. Continue...
- Naquela manhã a Casa Branca apareceu pintada de cor-de-rosa. Era o sinal que as mulheres do mundo inteiro aguardavam. A rebelião tinha sido vitoriosa! Então elas assumiram o poder em todo o planeta. Aquela torre do relógio em Londres chamava-se Big-Ben, e não Big-Betty, como agora... Só os homens disputavam a Copa do Mundo, sabia? Dia de desfile de moda não era feriado. Essa Secretária Geral da ONU era uma simples cantora. Depois trocou o nome, de Madonna para Mandona...
- Pai, conta mais...
- Bem filho... O resto você já sabe. Instituíram o Robô "Troca-Pneu" como equipamento obrigatório de todos os carros... A Lei do Já-Prá-Casa, proibindo os homens de tomar cerveja depois do trabalho... E, é claro, a famigerada semana da TPM, uma vez por mês...
- TPM ???
- Sim, TPM... A Temporada Provável de Mísseis... É quando elas ficam irritadíssimas e o mundo corre perigo de confronto nuclear...
- Sinto um frio na barriga só de pensar, pai...
- Sssshhh! Escutei barulho de carro chegando. Disfarça e continua picando essas batatas...

sábado, 26 de novembro de 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Obcessão pelo melhor - Jornalista Leila Ferreira


(Leila Ferreira)
Estamos obcecados com "o melhor".
Não sei quando foi que começou essa mania, mas
hoje só queremos saber do "melhor".
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro,
o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor
operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.
Bom não basta. O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os
outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes,
porque, afinal, estamos com "o melhor".
Isso até que outro "melhor" apareça -
e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer. 
Novas marcas surgem a todo instante.
Novas possibilidades também. E o que era melhor,
de repente, nos parece superado, modesto, aquém
do que podemos ter.

O que acontece, quando só queremos o melhor,
é que passamos a viver inquietos, numa espécie
de insatisfação permanente, num eterno desassossego.

Não desfrutamos do que temos ou conquistamos,
porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter. 
Cada comercial na TV nos convence de que merecemos
ter mais do que temos.
Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os
outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor,
comprando melhor, amando melhor, ganhando
melhores salários.

Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás,
de preferência com o melhor tênis.

Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos.
Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.

Se não dirijo a 140, preciso
realmente de um carro com tanta potência?

Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que
subir na empresa e assumir o cargo de chefia que
vai me matar de estresse porque é o melhor cargo
da empresa?

E aquela TV de não sei quantas
polegadas que acabou com o espaço do meu quarto?

O restaurante onde sinto saudades da comida de
casa e vou porque tem o "melhor chef"?

Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado
porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro?

O cabeleireiro do meu bairro tem
mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?

Tenho pensado no quanto essa busca
permanente do melhor tem nos deixado
ansiosos e nos impedido de desfrutar o
"bom" que já temos
.

A casa que é pequena, mas nos acolhe.

O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria.

A TV que está velha, mas nunca deu defeito.

O homem que tem defeitos (como nós), mas nos
faz mais felizes do que os homens "perfeitos".

As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu,
mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo...


O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas
das histórias que me constituem.

O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e
sente prazer.

Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso?

Ou será que isso já é o melhor e na
busca do "melhor" a gente nem percebeu?

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Nem...( Substantivo, Conjunção ou Proposição? )

Nem, nem só de glória vive o homem, pois de que adianta ter imenso poder, bajuladores
a seus pés, muita gente a soldo, todas as amantes que quiser; sabendo que uma facção inimiga, movida pelos mesmos fins, vive tramando tirá-lo de circulação, eliminando-o no
primeiro vacilo.
E nenhum dinheiro do mundo poderá evitar isso.
Nem, nem só de dinheiro vive o homem, pois de que vale tanto numerário, jóias, celulares e não possuir a liberdade de ir e vir, curtir o time do coração no Maraca, um
frescobol na praia, um tiragosto descontraído num bar qualquer, ao lado de uma bela mulher; antevendo que a vida será curta e deverá findar a qualquer momento, talvez no
próximo carregamento.
Tem que ter muito talento...
Nem, nem só de talento vive o homem, pois é lamentável pintar e não poder expor,
mostrando ao mundo suas habilidades, cantar, compor e não dar autógrafos mil, escrever, não publicar nem dar entrevistas; sabendo que o anonimato será a única forma possível de ser artista.
E sonhar no conforto da sua hidromassagem o quanto isso seria bom...
Nem, nem só de sonho vive o homem, pois não basta sonhar mudar, sendo um líder antenado em sua comunidade e não poder se articular aos demais políticos de uma sociedade discriminatória e interesseira, acostumada ao toma lá, dá cá ; tendo em vista
que sua figura pobre, de vocabulário restrito jamais irá conquistar votos nem benefícios
pra quem realmente mais necessita. 
Deus teria que mudar muitas pessoas... 
Nem, nem só de religião vive o homem, pois de que adianta acreditar em Deus, rezar,
à igreja fazer vultosas doações, buscando um pedacinho no céu; e jamais ter a consciência em paz ao fazer tombar numa guerra particular um irmão, arquivo vivo como você, na mais absoluta flor da idade, assim, sem a mínima chance de perdão.
A crueldade ficou banal, a vida sem valor algum. É o cruel sistema em vigor.
É, parece que não adianta mesmo falar de tudo isso, pois quem vive numa favela, teve
seu berço nela, ali cresceu sem carinho genuíno, sobrevivendo ao acaso, saltando como
gato escaldado por telhados e becos, tendo nas veias uma triste genética ancestral e sendo dela fatal prisioneiro, jamais terá acesso à educação e acha tudo normal, e sem ela, meu irmão, com raríssima exceção, tem jeito não, tem jeito não.
Nem...
 
Nilson Ribeiro, poeta ao acaso desde menino, fluminense de 57 anos, dos quais 42 de labuta, lidando com gente de todo quilate, fiz disso inspiração diária pra aguentar os trancos da vida. 

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O mundo no século XXI, imaginado pelos nossos avós

Inventores pensavam em tecnologias inusitadas para a solução de problemas da época. E não é que eles acertaram algumas?



futuro
No início do século XX, mais precisamente em 1910, uma série de gravuras foram desenhadas para mostrar às pessoas como seria o mundo em 2000. Naquela década, Santos Dumont havia provado que o homem poderia voar a bordo de aviões impulsionados por motores a gasolina - esta era a tecnologia que mais impressionava as pessoas naquele momento.

A automação e o aproveitamento máximo da mão de obra, frutos da Revolução Industrial, também figuravam entre as principais preocupações dos inventores. É o que se pode comprovar nas imagens abaixo - um exercício de Futurologia feito pela geração dos nossos avós:


A videoconferência já era imaginada - e desejada - no início do século passado!


Será que os barbeiros perderiam seus empregos?


Nas salas de aula, lições seriam distribuídas por meio de um gramofone com vários fones


Carros voadores: eles também faziam parte do imaginário


Para ver outras imagens, acesse a galeria virtual "Visions de l´an 2000".
 

http://expositions.bnf.fr/utopie/feuill/index.htm

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A história de 200 países, em 200 anos, de uma maneira bem didática.

Anabel II - Nadia Foes



Durante minha estadia no sul fui ao shopping mais elegante da capital para ver como o povo anda se vestindo. Passei em frente a vitrine de uma loja chiquerrima e vi um acessório que saiu em uma reportagem de moda e fez a cabeça de minha filha. Entrei na dita loja e não perguntei o preço porque é daquelas lojas onde não se pergunta nada sob pena de te jogarem pela porta afora. Lá quem ousa entrar compra e não faz perguntas. Se você perguntar é porque não pode pagar. Entendeu? Pois comprei o tal acessório e paguei quatrocentos e cinqüenta reais. Saí da referida loja com um belo embrulho de presente e uma notinha de caixa na qual  eu constava como categoria de cliente “turista”. Na porta da loja eu estava tão distraída que sequer notei a jovem loira com um senhor caquético. O senhor em questão usava um vestuário esportivo e era muito elegante e se apoiava no braço da jovem loira e na outra mão trazia uma bengala com castão de ouro. Na hora me lembrei de ter visto tal bengala em elegante loja parisiense onde comprei apenas um lenço e não constava na nota que era “turista” pois a jovem me recebeu  fez a maior festa. Fez questão de me apresentar para o seu namorado. Estão juntos desde que se encontraram em um evento onde ela foi trabalhar como uma das centenas de recepcionistas. Pois a jovem era a Anabel Betin figura que conheci quando fiz um trabalho de laboratório em uma casa de caridade. A moça é filha de um dos senhores com quem trabalhei. A jovem tem histórias cabeludas no seu currículo. Era gordinha, mal apanhada e educação zero. Pois não é que Anabel emagreceu,cortou o seu cabelão que chegava até a cintura, fez um Chanel lindo, não usa mais seus tapa sexo, nem botas de pelinho e cores de sorvete. Devo admitir que Anabel Betin aboliu a vulgaridade em favor dos conjuntinhos estilo Chanel. Ela estava usando uma calça jeans com camisa branca e um casaqueto Chanel, no pescoço correntes e perolas, discretos brincos de pérolas e um relógio Belmercier de ouro amarelo lindo! No lugar de botas de plataforma e salto Anabela, umas sapatilhas delicadas cor bege com camélia preta. A bolsa que ela estava usando é aquela famosa francesa que custa vinte e seis mil euros e o período de espera é de mais ou menos vinte e quatro meses. Isso tudo ela fez questão de me mostrar e pedir a minha aprovação; segundo ela você sabe o que é bom e conhece grifes famosas. A bolsa de carregar o Cherry é da Vuiton. Estávamos sentados no café do shopping já a mais ou menos uma hora quando ela, ao me contar da bolsa de cãozinho, pediu para o vovô, ou melhor o namorado, amor você pode ligar para o David e pedir para ele trazer o Cherry para conhecer minha amiga. Minutos depois o David apareceu carregando a famosa bolsinha com o Cherry. Achei lindo o Cherry e o David é lindíssimo. E Anabel falando pelos cotovelos para me contar sua vida de princesa. Lá pelas tantas ela saiu com essa: o que você achou do meu gato velho? Fiz sinal que ele poderia estar ouvindo, mas ela me disse que ele é completamente surdo. Sua surdez e senilidade, porém ela me disse estar muito acostumada a sua nova vida de princesa. Lá pelas tantas ela olhou para a minha sacola de compras e me perguntou você ainda compra nesta loja? Respondi que sou freguesa turista. Ela achou muita graça e me disse que estava ali por acaso pois a dona da loja costumava mandar a coleção da temporada em sua casa para que ela faça as escolhas mais à vontade. Notei que Anabel está mais à vontade em todos os sentidos! Tirando sua precária educação, tudo nela é reluzente, suas jóias, roupas, bolsas, até seu cachorro usa uma pulseira Tiffanis no pescoço. Perguntei pela sua mãe ela me disse que ela está morando com seu irmão em um apartamento bem jeitoso em zona nobre. Perguntei e o futuro Anabel? Você está se preparando para quando ele chegar? Ela sorriu e me respondeu: ai,ai, ai, você é tão preocupada com o futuro, eu vivo o dia de hoje! Olhei para o vovô, ou melhor, para o namorado de Anabel para me despedir, ele estava recostado na poltrona do café cochilando. Anabel me convidou para jantar em sua casa, quer que eu conheça a sua nova residência que é onde foi uma famosa mostra de decoração que o vovô, digo que o namorado, comprou com todos os detalhes decorativos, até as porcelanas de famoso antiquário que estavam expostas na lojinha ela comprou. Perguntei: Anabel o que você vai fazer com uma lojinha dentro de sua casa? Ela me respondeu com toda singeleza, é o local da casa onde passo mais tempo. Algumas vezes acordo no meio da noite e vou para lá, fica próximo da garagem e o David mora nos fundos. Anabel juntou o útil ao agradável literalmente! Na nossa despedida o vovô namorado ainda dormia e ela Anabel me explicou que é por conta de certo medicamento. Não pude me despedir dele. Anabel me puxou para o lado e me pediu, por favor, na sua próxima vinda no sul promete que vai me procurar e nos visitar, sei que ele vai ficar feliz sabendo que tenho amizades respeitáveis. Respondi, ora bolas Anabel você é uma moça respeitável. Ela deu risada e me respondeu, eu preciso me cercar de pessoas respeitáveis para impor um certo respeito e ser aceita no meio dele. Me despedi e deixei Anabel, Cherry, o vovô namorado dormindo e David sentados na mesa do café. David é motorista e enfermeiro do namorado avô de Anabel que aboliu o Betin de seu nome. Segundo ela só Anabel fica mais chic. Saí dali cabisbaixa pensando na vida como ela é. Nossa, estou rodrigueana! Anabel está com vinte e dois anos e já tem uma longa estrada percorrida. Saiu da boca do lixo, nasceu em um ambiente provisório, morando todos os seus familiares no mesmo terreno em casinhas grudadas. Cresceu na mesma casa onde sua mãe nasceu. Cada casinha tem, até hoje, um quarto, e nesse quarto ela dormia com seu pai, mãe e irmão, A promiscuidade reinava ali. Porem se o vovô namorado partir dessa para melhor, Anabel tem uma longa experiência e vai se dar bem. Logo arranja outro vovô namorado! Que se não teve vida dura é tão promíscuo quanto Anabel que é fogo fatio!


Restaurandora de bens culturais, pintora, escultora, ourives, Em 2010 foi classificada em concurso internacional em contos e cronicas, Três livros publicados e uma coletânea do concurso Edições AG. Mora em Florianópolis, na ilha, casada, três filhos, gosta de animais domésticos, de cultivar plantas, reunir os amigos, viajar, leitura, cinema, e a paixão de escrever.

sábado, 19 de novembro de 2011

Um drama sob o chão da cidade - Análise do Cemitério dos Pretos Novos destaca colossal dimensão da escravidão no Rio


Análise do Cemitério dos Pretos Novos destaca colossal dimensão da escravidão no Rio


autorização A obra "Enterro de uma negra" mostra a importância do funeral na cultura dos escravos Foto: Reprodução

A obra "Enterro de uma negra" mostra a importância do funeral na cultura dos escravos
Sepultada por toneladas de terra e séculos de esquecimento, jaz no Centro antigo do Rio, uma dolorosa memória da escravidão. São os resquícios do Cemitério dos Pretos Novos, cimentados sob os bairros da Gamboa e da Saúde. Eles reaparecem aos poucos, em escavações, análises de ossos, dentes e objetos. Cada um deles revela um pouco mais de uma história que assombra pelas dimensões da crueldade e da ambição que trouxeram da África milhões de escravos para o Rio. Uma dessas análises foi concluída este ano e confirma a tese de que a cidade foi um dos maiores portos de entrada de escravos das Américas.
Pessoas escravizadas originárias de quase todas as partes da África chegavam ao Rio e daqui podiam ser levadas para o restante do país. Muitas não resistiam às condições desumanas da travessia do Atlântico ou do mercado de escravos do Rio e eram enterradas perto do porto. O termo enterro é, de fato, um eufemismo. Os corpos eram abandonados à decomposição ou queimados.
Nos anos 1990, alguns desses corpos foram encontrados durante a reforma de uma casa na Rua Pedro Ernesto, na Gamboa. Arqueólogos do Instituto de Arqueologia Brasileira fizeram ali em 1996 um resgate do que fora acidentalmente exposto, publicando depois os primeiros estudos. Mas foi só este ano que cientistas concluíram uma análise mais detalhada dos dentes e ossos. Um trabalho de detetive, com tecnologia moderna, para investigar um drama de quase 200 anos. Apoiada pelo CNPq e pela Faperj, a pesquisa reuniu cientistas da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), do Museu Nacional/UFRJ, do Laboratório Geochronos da UnB e da Universidade de Indiana, nos EUA.
— Há vestígios de 30 pessoas. Estão muito degradados — diz Sheila Mendonça, bioantropóloga da Ensp.
O DNA, de tão degradado, por enquanto nada revelou. Mas os pesquisadores recorreram a uma técnica diferente e menos conhecida pelo público. Chamada de análise de isótopos de estrôncio, ela mede a proporção desse elemento químico nos dentes. É uma espécie de DNA geoquímico. O estrôncio é um metal de nome estranho e características curiosas. Essas proporções são assinaturas geoquímicas que dependem das características das rochas de uma dada região.
— A análise do estrôncio do esmalte dos dentes permanentes, que são formados na infância e não se remodelam, revela um indício de onde viveu uma pessoa nos primeiros anos de vida — explica Ricardo Ventura Santos, coordenador do grupo, da Ensp e pesquisador do Setor de Antropologia Biológica do Museu Nacional.
A diversidade geológica na África compreende quase toda aquela existente no planeta. O estrôncio extraído dos dentes das pessoas enterradas no Cemitério dos Pretos Novos reflete essa diversidade planetária.
— As pessoas ali vieram de todas as partes da África. Nosso estudo reforça como o tráfico de escravos era uma prática espalhada pelo continente africano. Indica também as monumentais dimensões do tráfico realizado pelo porto do Rio — destaca Ventura.
O Cemitério dos Pretos Novos foi criado pelo Marquês do Lavradio em 1760. Por 70 anos, funcionou ali uma fábrica de horrores. O marquês se viu obrigado a abrir um novo cemitério depois que o porto de escravos foi transferido da Praça XV para o Valongo (atual Rua Camerino).
— Temos que levar em conta que nosso conceito moderno de cemitério não se aplica ao que existia àquela época. O Cemitério dos Pretos Novos consistia em um lugar cercado, onde os corpos eram queimados ou deixados insepultos. Covas eram abertas e corpos, empilhados — explica Sheila.
Os pesquisadores calculam que lá tenham sido enterradas, pelo menos, de 20 mil a 30 mil pessoas. O Cemitério dos Pretos Novos era o destino de muitos dos que já chegavam doentes. Ele podia ser avistado do porto e do mercado de escravos do Valongo, para horror dos cativos. O cemitério passou a receber os enterros antes destinados ao Largo de Santa Rita, em frente à Igreja de Santa Rita.
— Não existem estimativas da taxa de mortalidade dos escravos que chegavam ao porto, mas sabemos que deveria ser elevadíssima. Um dos aspectos importantes das pessoas enterradas lá reside no fato que, ao que tudo indica, apenas 5% das pessoas enterradas lá não eram escravas. Isso torna o Cemitério dos Pretos Novos o mais africano do Brasil — diz Sheila.
Ela, Ricardo e outros pesquisadores, incluindo Murilo Quintans Bastos e Roberto Ventura, da UnB, buscam pistas sobre as origens dessas pessoas mortas pouco após o desembarque. Com as histórias dos mortos esperam dar vida a um dos menos conhecidos capítulos da história da escravidão no Brasil.
Depois que o cemitério foi fechado (por motivos “sanitários” e legais, já que o tráfico de escravos foi proibido), a cidade começou a aterrar o pântano e a praia. Terra e areia cobriram os restos dos mortos e a memória. A Rua do Cemitério, por exemplo, hoje chamase Pedro Ernesto.
Até agora, nunca houve escavações contínuas na região dos Pretos Novos. O material analisado é resultado do trabalho da bioarqueóloga Lilia Cheuiche Machado, do IAB. Lilia observou que a maioria dos mortos era de homens jovens, inclusive crianças.
— Todo o material que analisamos vem de quatro buracos. Os ossos estavam misturados — analisa Sheila.
Das 30 pessoas, só duas estavam fora do padrão esperado. Um era um homem mais velho, que poderia viver no Rio há mais tempo, e outro talvez não fosse africano.
— Todos os demais eram africanos recém-chegados. Um dos aspectos que nos chamou a atenção foi encontrar dentes com sinais de polimento — observa Sheila.
O polimento é fruto de uma forma de higiene oral praticada por muitos povos africanos.
— Esse polimento era resultado da mastigação de plantas específicas, funcionava como pasta de dentes. Mas só há sinais da prática em recém-chegados. Depois, elas não tinham mais como limpar os dentes dessa forma e os sinais desapareciam. Alguns dos que analisamos possuíam sinais bem claros, indicando que deveriam ter chegado há pouco tempo — frisa Sheila.
Ao analisar marcas de polimento talvez seja possível identificar que espécies eram usadas, onde existiam e, assim, de onde veio a pessoa que as utilizavam. O trabalho continua. Mas será fundamental que escavações revelem mais restos mortais e busquem reconstruir outros dramas pessoais integrantes de um dos mais dolorosos momentos da história do Brasil.


Fonte: http://oglobo.globo.com/ciencia/um-drama-sob-chao-da-cidade-3273683#ixzz1eBs7lzFo

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

La Espera, lindos quadros de pintores famosos




É a Gota D' Água +10 By (sobre a construção do Complexo Hidrelétrico de Belo Monte)

De Kararaô a Belo Monte – a história de uma polêmica Alguém disse que a internet é um lugar que não esquece habitado por hordas de desmemoriados. Revendo meus posts sobre a questão de geração de energia no Brasil e, mais especificamente, Belo Monte, achei vários comentários que conjecturam megateorias com base em absolutamente nada. Por isso, trago um apanhado da história do empreendimento. Daí tirem suas próprias conclusões. O atual projeto de construção da hidrelétrica de Belo Monte é um remodelamento do projeto de Kararaô, concebido nos anos 1970 sob a ditadura militar, que previa a construção de seis grandes usinas ao longo do Rio Xingu e que alagaria quase 20 mil quilômetros quadrados (km2), atingindo 12 Terras Indígenas, além de grupos isolados da região – desalojando centenas de milhares de pessoas. Pressões nacionais e internacionais, aliadas à falta de recursos próprios, levaram ao congelamento do projeto no final da década de 1980. Em 1994, um novo projeto, remodelado para se mostrar mais palatável aos ambientalistas e investidores estrangeiros, é apresentado ao Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, hoje sucedido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e à Eletrobrás. O reservatório da usina, por exemplo, é reduzido de 1.225 km2 para 400 km2, evitando a inundação da Área Indígena Paquiçamba. Em 1996, a Eletrobrás solicita autorização à Aneel para, em conjunto com a Eletronorte, desenvolver o complemento dos Estudos de Viabilidade do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte. Em 2000, lideranças indígenas procuraram o Ministério Público Federal para denunciar que estavam ocorrendo medições na região de Altamira, o que levou a uma investigação dos procuradores sobre os fatos. Constatou-se que já se tratava do início do processo de análise para licenciamento de Belo Monte. Uma das primeiras falhas apontadas nesse momento foi que o processo de análise ambiental estava sob coordenação da Fadesp, órgão ambiental do Estado do Pará, sendo que a obra devia ser licenciada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), já que o Xingu é rio sob responsabilidade da União. De acordo com o procurador do MPF no Pará, Felício Pontes Junior, esta e outras irregularidades levaram a uma primeira ação civil pública ambiental no início de 2001 contra o projeto. Segundo relato do procurador, a Justiça Federal determinou a paralisação de tudo. O governo federal recorre ao Tribunal Regional Federal em Brasília – e perde. Recorre ao Supremo Tribunal Federal – e perde novamente. Na decisão, o ministro Marco Aurélio sentencia que o licenciamento de Belo Monte, da forma como estava sendo realizado, contrariava a Constituição. Era necessário autorização do Congresso Nacional e que fossem ouvidas por ele as comunidades indígenas. Em 2005, o governo federal retoma o projeto e o deputado federal Fernando Ferro (PT-PE) apresenta no Congresso uma proposta de decreto legislativo que autorizava Belo Monte. O Projeto de Decreto Legislativo (PDC) nº 1.785/05 é aprovado pela Câmara, no dia 6 de julho. Comunidades locais atingidas não haviam sido ouvidas, conforme determina a Constituição Federal, que afirma que o aproveitamento dos recursos hídricos em Terras Indígenas só pode ser efetivado com “autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas”. Uma semana depois, o Senado também aprova o projeto (agora denominado PDS nº 343/05) que autoriza implantação de Belo Monte. Segue para promulgação sem que tenham sido ouvidos os nove povos indígenas que poderão ser atingidos seriamente pelo empreendimento. Uma ação civil púbica (ACP) que acusa o projeto de não ter realizado as oitivas indígenas, como prevê a Constituição, tramita até hoje na Justiça Federal. No período seguinte, o MPF impetrou novas ACPs em função de graves irregularidades no processo de licenciamento de Belo Monte: além das já mencionadas, foram questionados judicialmente a falta de um termo de referência para a elaboração dos Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do projeto, e a contratação sem licitação, pela Eletronorte, das empresas Camargo Corrêa, Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez para confeccionar o EIA por meio de um “Acordo de Cooperação Técnica”. Em 2009, o Ibama recebeu das empreiteiras o EIA/Rima com muitas falhas. Alguns estudos fundamentais não tinham sido terminados, entre eles o espeleológico, a qualidade de água, e as informações sobre as populações indígenas, os impactos das inundações e os perigos de proliferação de vetores de doenças como dengue e malária, e a diminuição drástica de cem quilômetros do rio, na Volta Grande do Xingu. O próprio Relatório de Impacto Ambiental (Rima) não havia sido apresentado a contento, segundo o Ibama. Os analistas do Ibama concluem que o documento precisa ser revisado para evitar os erros encontrados na análise deste Parecer (nº 36/2009). Um grupo de 39 pesquisadores e cientistas de universidades de todo o país e de institutos de pesquisa, denominado “Painel de Especialistas”, constatou desde a falta de estudos em determinadas áreas até erros grosseiros de dados que inviabilizariam Belo Monte. Apesar dessas advertências, o EIA/Rima foi aceito pelo Ibama. Iniciou-se o processo de audiências públicas. O MPF exige que elas ocorram ao menos nos 11 municípios ameaçados pelo projeto (Altamira, Anapu, Brasil Novo, Gurupá, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu), mas audiências foram marcadas apenas em três municípios atingidos (Altamira, Brasil Novo e Vitória do Xingu) e na capital, Belém. Estas audiências ocorreram em lugares diminutos, com forte aparato policial e impedimento da participação das populações ameaçadas, como foi denunciado posteriormente ao MPF. Diante disto, nova ação judicial é proposta. O MPF recebe o apoio do Ministério Público do Pará. Eles pedem audiências públicas nas localidades afetadas pela barragem e reabertura do prazo, já que a íntegra do EIA só foi entregue nove dias antes da realização da primeira audiência pública. Conseguem liminar na Justiça Federal em 10/11/2009, que foi suspensa por decisão do TRF, um mês depois. O caso aguarda julgamento para que tudo volte às audiências públicas. Ao final do processo das audiências, uma surpresa: elas não foram consideradas no prosseguimento do licenciamento de Belo Monte. De acordo com o parecer do Ibama de 23/11/2009, “tendo em vista o prazo estipulado pela Presidência, esta equipe não concluiu sua análise a contento. Algumas questões não puderam ser analisadas na profundidade apropriada, dentre elas as questões indígenas e as contribuições das audiências públicas”. No final de 2009, as pressões sobre o Ibama para que aprove a Licença Prévia para Belo Monte são redobradas. Os técnicos dizem que não há tempo nem dados suficientes no projeto do governo e o diretor de licenciamento se exonera. Pouco depois, o órgão concede a licença apesar das irregularidades. O MPF entra com ação judicial contra o governo. Entre as irregularidades apontadas, a principal é a seca de cem quilômetros da Volta Grande do Xingu, por onde o rio não mais passará em virtude de um desvio. Trata-se de uma região onde habitam pelo menos 12 mil famílias e 273 espécies de peixes. Os procuradores da República que redigiram a ação, Cláudio Terre, Bruno Gütschow e Ubiratan Cazetta, concluem que Belo Monte traz impactos socioambientais sem precedentes na construção de usinas hidrelétricas no Brasil. A liminar foi concedida e derrubada dias depois, e aguarda-se decisão de mérito. A concessão de Licencia Prévia (LP) permitiu que Belo Monte fosse a Leilão em abril de 2010, estando agora sob responsabilidade do Consórcio Norte Energia S/A (Nesa). As condições ambientais e sociais sob as quais a LP foi dada, no entanto, foram tão frágeis, que foram impostas 40 condicionantes socioambientais e 26 condicionantes indígenas, pendências que teriam que ser sanadas antes da concessão da Licença de Instalação (LI), que permitiria o início das obras. Entre as condicionantes ambientais, estão a obrigatoriedade da construção e reforma de equipamentos de educação e saúde em Altamira e Vitória do Xingu – obras de saneamento básico nesses municípios e implantação de saneamento básico em Belo Monte. O próprio Estudo de Impacto Ambiental feito pela Eletrobrás e empreiteiras prevê que a migração de trabalhadores em busca de emprego na obra será de cem mil pessoas. Considerando que a população atual de Altamira é de 94 mil, e que o máximo de postos de trabalho gerados pela obra será de cerca de 19 mil – e isso apenas no terceiro ano, pois nos demais anos esse número é menor –, além da explosão demográfica Altamira terá, no mínimo, 80 mil pessoas desempregadas no próximo período. Também foram exigidos: a demarcação física das Terras Indígenas Arara da Volta e Cachoeira Seca; levantamento fundiário e desintrusão da TI Apyterewa; solução e apoio à arrecadação de áreas para reassentamento dos ocupantes não indígenas; o fortalecimento da Funai na regularização fundiária e proteção das TIs; redefinição de limites da TI Paquiçamba, com acesso ao reservatório; completa desintrusão e realocação de todos os ocupantes não índios das TIs envolvidas neste processo; todas as TIs regularizadas (demarcadas e homologadas). Entre 2010 e 2011, tanto o poder público quanto a Nesa ignoraram a obrigatoriedade de cumprimento das condicionantes, e, em uma manobra ilegal, exigiram que o Ibama concedesse uma “Licença de Instalação Parcial” para o inicio das obras da usina (sob o argumento que seriam construídos apenas os acampamentos e as estruturas dos canteiros de obra). O absurdo do processo levou a uma nova demissão na presidência do Ibama, já que não existe na legislação brasileira a figura da licença parcial. A despeito disto, a despeito de uma nota técnica da Funai contra a licença, e a despeito de que apenas quatro condicionantes foram realizadas parcialmente, 29 não haviam sido cumpridas, e sobre as demais 33 não havia qualquer informação, o presidente interino do Ibama concedeu a licença parcial em 26 de janeiro deste ano. Imediatamente após o fato, o MPF entrou com nova ação contra o governo. Em 25 de fevereiro, a Justiça Federal no Pará determinou a suspensão imediata da licença de instalação parcial. O juiz Ronaldo Destêrro, da 9ª Vara da Justiça Federal em Belém, considerou que as condicionantes necessárias segundo o próprio Ibama para o início das obras não foram cumpridas. “Em lugar de o órgão ambiental conduzir o procedimento, acaba por ser a Nesa que, à vista dos seus interesses, suas necessidades e seu cronograma, tem imposto ao Ibama o modo de condução do licenciamento de Belo Monte”, diz o juiz na decisão. A liminar foi cassada (de novo) logo após pelo TRF1, sob forte pressão da Advocacia Geral da União. Em função das inúmeras violações de direitos humanos a serem potencialmente causadas por Belo Monte a partir da forma como a usina tem sido licenciada e projetada, uma organizações de direitos humanos solicitou, ainda em 2010, que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) emitisse uma medida cautelar instando o governo brasileiro a cumprir a Constituição nacional e respeitar acordos Convenção Americana de Direitos Humanos e a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em 1º de abril de 2011, depois de já ter solicitado explicações ao governo brasileiro, a CIDH comunicou que havia solicitado ao Brasil que paralisasse o processo de licenciamento de Belo Monte até que fossem feitas as oitivas indígenas e cumprido o direito das mesmas às consultas livres, prévias e informadas. O governo respondeu à recomendação, retirando o nome de seu candidato à uma vaga na CIDH, Paulo Vanucchi, ex-ministro da área de Direitos Humanos, e chamando de volta ao país o representante brasileiro na OEA. E se negou a cumprir os requerimentos da CIDH. O resto é história recente sendo escrita neste momento. Com informações do Ministério Público Federal, Instituto Socioambiental, Movimento Xingu Vivo, Ibama, Funai e do Painel de Especialistas sobre Belo Monte. * Publicado originalmente no Blog do Sakamoto.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Outra Vida


Hoje despertei nostálgico.
Parece que passei a noite inteira entregue a sonhos povoados por flashes de amigos cujos rostos há décadas já não consigo recordar direito.
Entristecendo-me ainda mais, nestes sonhos os seus sorrisos me chegavam imprecisos como que através de uma bruma, cambiando silenciosos, parecendo advindos de uma outra dimensão; os semblantes pouco nítidos, os olhos enevoados, claros, comuns nas fotografias envelhecidas e já semiapagadas pelo tempo.
Tudo como num flime cinza dos anos 20.
Acordei assim com a sensação incômoda de lembraças que escapam e não voltam de imediato, uma imagem conhecida , fugidia, que teima em perder-se de vez da gente. Quase feito um torto déja-vù.
Pensei nesses velhos amigos, já idos, levados desta vida bem antes de mim e senti uma saudade imensa. Quis retê-los um pouco mais, com vontade de perguntar como estavam indo, o que faziam ; saber de fato das suas vidas, obtendo uma resposta precisa, objetiva, dessa outra etapa que muitos propalam, existe depois daqui.
Quisera tanto estabelecer uma comunicação direta, poder perguntar, conversando livremente como antigamente quando jovem, com toda sinceridade e abertura, sem mêdo de incorrer em qualquer besteira, sabendo de fato da verdade nua e crua.
Mas não consegui dormir de novo.
Levantei, andei pra lá e pra cá; imerso em pensamentos.
Depois do banho tomado despertei de vez e então aquela sensação indefinida de minutos atrás evanesceu por completo, dando lugar ao presente blasé de cada dia.
E assim me vesti, dirigi para o trablho e voltei a viver o comum novamente, sem sequer desconfiar que esses momentos estranhos, subjetivos na sua essência talvez sejam como uma viagem antecipada, uma porta  para uma outra vida que nos espera e sobre a qual não temos absoluto conhecimento. E esses sonhos, tão somente um tênue elo de ligação entre dois mundos. Um, onde estamos, superficial, movido pelas ações; outro,
para onde iremos daqui um tempo, profundo, fundamentado apenas em puros pensamentos.
Só pensamentos. 

Nilson Ribeiro, poeta ao acaso desde menino, fluminense de 57 anos, dos quais 42 de labuta, lidando com gente de todo quilate, fiz disso inspiração diária pra aguentar os trancos da vida.

Loja de Solidariedade - Doe Sangue. Doe Vida!

Você sabia que os bancos de sangue sofrem com a falta de doadores? Não seria maravilhoso se pudéssemos conseguir sangue em qualquer lugar, de forma simples? Assista ao vídeo e saiba como você pode mudar a vida de alguém com um só gesto. Se conseguir sangue fosse fácil, a gente não estaria aqui pedindo para você doar. Doe Sangue. Doe Vida!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Anabel - Nadia Foes


Anabel Betina chegou ao mundo mostrando para que veio. Bebê chorão, trocou a noite pelo dia. Quando completou um ano, parecia que acabara de completar três. Vivia de nariz sujo, mordia e era agressiva. Aos trezes anos, deu o seu brado de guerra: trocou o dia pela noite. Aos dezesseis era mal vestida, deselegante, usava manequim quarenta e seis, corpo mal feito, seu rosto parecia lua cheia, cabelos cor de palha de milho maltratados, longos até a cintura, mal encarada, mal educada, mas nem tudo pode ser tão imperfeito. Os seus olhos eram verdes, de gato. Sua mãe não conseguia dominá-la e na escola era uma vergonha. Vivia entre os meninos, era cascuda, casca grossa, sem classe. Mais tarde passou a provocar todos os homens, dos dezoito aos sessenta anos. Não teve respeito nem pela amiga de sua mãe. Se insinuou tanto para o marido da outra que o jovem senhor saiu da festa e esqueceu a mulher dele lá. Passou por tantas camas, não teve amigas, pois não era companhia recomendável. Era leviana e mau exemplo, mas teve em sua mãe sua fiel alcoviteira. Com um metro e oitenta de altura, gostava de fazer o tipo bebezão, Quando falava era toleirona, débil e fazia caras e bocas. Sua fama era grandioza, as mães dos rapazes corriam com ela. Foi enxotada de várias residências. Aos dezoito não se tinha noção de quanto anjos mandou para o céu. Quando conseguia marcar uma entrevista de emprego, era só olhar a maneira como ela se apresentava para saber que não seria contratada. Não usava jeans, usava tapa-sexo. As carnes sempre a vista. O decote de suas blusas se encontrava com a barra. Nos pés, botas de solado duplo e salto, nas cores rosa bebê, branco e azulzinho. No inverno rigoroso, usava jaquetinhas mini de nylon com capuz e pluminhas, e botinhas combinando com pluminhas. O mau gosto ali fez morada. Certa ocasião não resisti e perguntei a uma amiga, o que significa isso? Minha amiga respondeu: pupé, é pilantragem mesmo. Tipo entrão, ela bebia feito gambá. Era moça de personalidade forte. Era uma toupeira e se achava brilhante. Distribuiu panfletos em sinaleiras, trabalhou no “venda fácil” e em casas de eventos mambembe. Eu olhava aquilo tudo e pensava com os meus botões: aí está o tipo de vagabundagem permitida. Tempos depois, vi Anabel Betina grávida e trouxe a tira-colo o marido(???) para apresentar às amigas de sua mãe que muito orgulhosa do feito da filha dizia: este é o futuro marido de Anabel Betina. Mas ela perdeu o bebê, foi hospitalizada, o pai do bebê não apareceu no hospital e a mãe dela fez uma vaquinha entre as amigas para pagas as despesas hospitalares. Saiu do hospital, teve depressão pós aborto, se recuperou, e um mês depois caiu na gandaia porque ninguém é de ferro. Segundo ouvi dizer, ela entrou na casa da amiga de sua mãe e foi dormir com o filho da dona da casa. Quando o rapaz acordou e viu que era ela que estava ao seu lado, atirou-se do primeiro andar e caiu dentro de um canteiro de manjericão onde ficou amoitado até sua mãe chegar em casa. Quanto ao candidato a marido de Anabel Betina, ele hoje vive com uma mulher que é vinte anos mais velha que ele, mas que ele está bem feliz e não quer saber de Anabel Betina. Dela ela só quer distância. Aos vinte anos ela perdeu o viço, o corpão está molengo, sovado mesmo, ficou com cara de boneca pornô e o que me consta a fila empacou. E agora Anabel Betina?

Restaurandora de bens culturais, pintora, escultora, ourives, Em 2010 foi classificada em concurso internacional em contos e cronicas, Três livros publicados e uma coletânea do concurso Edições AG. Mora em Florianópolis, na ilha, casada, três filhos, gosta de animais domésticos, de cultivar plantas, reunir os amigos, viajar, leitura, cinema, e a paixão de escrever.

sábado, 12 de novembro de 2011

Liverpool Express - Every Man Must Have A Dream (Live on 'Supersonic' 1976)

Meu encontro com Nem, chefe do tráfego na favela da Rocinha

RUTH DE AQUINO, Revista Época
 
Era sexta-feira 4 de novembro. Cheguei à Rua 2 às 18 horas. Ali fica, num beco, a casa comprada recentemente por Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, por R$ 115 mil. Apenas dez minutos de carro separam minha casa no asfalto do coração da Rocinha. Por meio de contatos na favela com uma igreja que recupera drogados, traficantes e prostitutas, ficara acertado um encontro com Nem. Aos 35 anos, ele era o chefe do tráfico na favela havia seis anos. Era o dono do morro.
Queria entender o homem por trás do mito do “inimigo número um” da cidade. Nem é tratado de “presidente” por quem convive com ele. Temido e cortejado. Às terças-feiras, recebia a comunidade e analisava pedidos e disputas. Sexta era dia de pagamentos. Me disseram que ele dormia de dia e trabalhava à noite – e que é muito ligado à mãe, com quem sai de braços dados, para conversar e beber cerveja. Comprou várias casas nos últimos tempos e havia boatos fortes de que se entregaria em breve.
Logo que cheguei, soube que tinha passado por ele junto à mesa de pingue-pongue na rua. Todos sabiam que eu era uma pessoa “de fora”, do outro lado do muro invisível, no asfalto. Valas e uma montanha de lixo na esquina mostram o abandono de uma rua que já teve um posto policial, hoje fechado. Uma latinha vazia passa zunindo perto de meu rosto – tinha sido jogada por uma moça de short que passou de moto.
Aguardei por três horas, fui levada a diferentes lugares. Meus intermediários estavam nervosos porque “cabeças rolariam se tivesse um botãozinho na roupa para gravar ou uma câmera escondida”. Cheguei a perguntar: “Não está havendo uma inversão? Não deveria ser eu a estar nervosa e com medo?”. Às 21 horas, na garupa de um mototáxi, sem capacete, subi por vielas esburacadas e escuras, tirando fino dos ônibus e ouvindo o ruído da Rocinha, misto de funk, alto-falantes e televisores nos botequins. Cruzei com a loura Danúbia, atual mulher de Nem, pilo-tando uma moto laranja, com os cabelos longos na cintura. Fui até o alto, na Vila Verde, e tive a primeira surpresa.
LOGÍSTICA  A Rocinha é uma das maiores favelas do Rio. Entre os bairros ricos da Zona Sul e a Barra da Tijuca, é um ponto estratégico para o crime (Foto: Genilson Araújo/Parceiro/Ag. O Globo)
Não encontrei Nem numa sala malocada, cercado de homens armados. O cenário não podia ser mais inocente. Era público, bem iluminado e aberto: o novo campo de futebol da Rocinha, com grama sintética. Crianças e adultos jogavam. O céu estava estrelado e a vista mostrava as luzes dos barracos que abrigam 70 mil moradores. Nem se preparava para entrar em campo. Enfaixava com muitos esparadrapos o tornozelo direito. Mal me olhava nesse ritual. Conversava com um pastor sobre um rapaz viciado de 22 anos: “Pegou ele, pastor? Não pode desistir. A igreja não pode desistir nunca de recuperar alguém. Caraca, ele estava limpo, sem droga, tinha encontrado um emprego... me fala depois”, disse Nem. Colocou o meião, a tornozeleira por cima e levantou, me olhando de frente.
Foi a segunda surpresa. Alto, moreno e musculoso, muito diferente da imagem divulgada na mídia, de um rapaz franzino com topete descolorido e riso antipático, como o do Coringa. Nem é pai de sete filhos. “Dois me adotaram; me chamam de pai e me pedem bênção.” O último é um bebê com Danúbia, que montou um salão de beleza, segundo ele “com empréstimo no banco, e está pagando as prestações”. Nem é flamenguista doente. Mas vestia azul e branco, cores de seu time na favela. Camisa da Nike sem manga, boné, chuteiras.
– Em que posição você joga, Nem? – perguntei.
– De teimoso – disse, rindo –, meu tornozelo é bichado e ninguém me respeita mais em campo.
Foi uma conversa de 30 minutos, em pé. Educado, tranquilo, me chamou de senhora, não falou palavrão e não comentou acusações que pesam contra ele. Disse que não daria entrevista. “Para quê? Ninguém vai acreditar em mim, mas não sou o bandido mais perigoso do Rio.” Não quis gravador nem fotos. Meu silêncio foi mantido até sua prisão. A seguir, a reconstituição de um extrato de nossa conversa.
Acho que em menos de 20 anos a maconha vai ser liberada no Brasil. Já pensou quanto as empresas iam lucrar? "
Nem, líder do tráfico 
UPP “O Rio precisava de um projeto assim. A sociedade tem razão em não suportar bandidos descendo armados do morro para assaltar no asfalto e depois voltar. Aqui na Rocinha não tem roubo de carro, ninguém rouba nada, às vezes uma moto ou outra. Não gosto de ver bandido com um monte de arma pendurada, fantasiado. A UPP é um projeto excelente, mas tem problemas. Imagina os policiais mal remunerados, mesmo os novos, controlando todos os becos de uma favela. Quantos não vão aceitar R$ 100 para ignorar a boca de fumo?”
Beltrame “Um dos caras mais inteligentes que já vi. Se tivesse mais caras assim, tudo seria melhor. Ele fala o que tem de ser dito. UPP não adianta se for só ocupação policial. Tem de botar ginásios de esporte, escolas, dar oportunidade. Como pode Cuba ter mais medalhas que a gente em Olimpíada? Se um filho de pobre fizesse prova do Enem com a mesma chance de um filho de rico, ele não ia para o tráfico. Ia para a faculdade.”
Religião “Não vou para o inferno. Leio a Bíblia sempre, pergunto a meus filhos todo dia se foram à escola, tento impedir garotos de entrar no crime, dou dinheiro para comida, aluguel, escola, para sumir daqui. Faço cultos na minha casa, chamo pastores. Mas não tenho ligação com nenhuma igreja. Minha ligação é com Deus. Aprendi a rezar criancinha, com meu pai. Mas só de uns sete anos para cá comecei a entender melhor os crentes. Acho que Deus tem algum plano para mim. Ele vai abrir alguma porta.”
Prisão “É muito ruim a vida do crime. Eu e um monte queremos largar. Bom é poder ir à praia, ao cinema, passear com a família sem medo de ser perseguido ou morto. Queria dormir em paz. Levar meu filho ao zoológico. Tenho medo de faltar a meus filhos. Porque o pai tem mais autoridade que a mãe. Diz que não, e é não. Na Colômbia, eles tiraram do crime milhares de guerrilheiros das Farc porque deram anistia e oportunidade para se integrarem à sociedade. Não peço anistia. Quero pagar minha dívida com a sociedade.”
Drogas “Não uso droga, só bebo com os amigos. Acho que em menos de 20 anos a maconha vai ser liberada no Brasil. Nos Estados Unidos, está quase. Já pensou quanto as empresas iam lucrar? Iam engolir o tráfico. Não negocio crack e proíbo trazer crack para a Rocinha. Porque isso destrói as pessoas, as famílias e a comunidade inteira. Conheço gente que usa cocaína há 30 anos e que funciona. Mas com o crack as pessoas assaltam e roubam tudo na frente.”
Recuperação “Mando para a casa de recuperação na Cidade de Deus garotas prostitutas, meninos viciados. Para não cair na vida nem ficar doente com aids, essa meninada precisa ter família e futuro. A UPP, para dar certo, precisa fazer a inclusão social dessas pessoas. É o que diz o Beltrame. E eu digo a todos os meus que estão no tráfico: a hora é agora. Quem quiser se recuperar vai para a igreja e se entrega para pagar o que deve e se salvar.”
Ídolo “Meu ídolo é o Lula. Adoro o Lula. Ele foi quem combateu o crime com mais sucesso. Por causa do PAC da Rocinha. Cinquenta dos meus homens saíram do tráfico para trabalhar nas obras. Sabe quantos voltaram para o crime? Nenhum. Porque viram que tinham trabalho e futuro na construção civil.”
Policiais “Pago muito por mês a policiais. Mas tenho mais policiais amigos do que policiais a quem eu pago. Eles sabem que eu digo: nada de atirar em policial que entra na favela. São todos pais de família, vêm para cá mandados, vão levar um tiro sem mais nem menos?”
Tráfico “Sei que dizem que entrei no tráfico por causa da minha filha. Ela tinha 10 meses e uma doença raríssima, precisava colocar cateter, um troço caro, e o Lulu (ex-chefe) me emprestou o dinheiro. Mas prefiro dizer que entrei no tráfico porque entrei. E não compensa.”
Nem estava ansioso para jogar futebol. Acabara de sair da academia onde faz musculação. Não me mandou embora, mas percebi que meu tempo tinha acabado. Desci a pé. Demorei a dormir.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Imagens do pouso forçado do Airbus A320 no Rio Hudson

As imagens foram obtidas através dos dados da caixa preta da aeronave. Todos os 150 passageiros, três comissários de bordo e dois pilotos do vôo 1549, que seguia para Charlotte, no Estado da Carolina do Norte, foram retirados das águas geladas, de acordo com a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês). Barcos e balsas resgataram várias pessoas que ficaram de pé sobre as asas do avião, parcialmente submerso. Durante a operação, a aeronave deslizava rio abaixo, puxada pela correnteza, segundo o correspondente da BBC em Nova York, Greg Wood. O clima na cidade foi de grande alívio pois ninguém morreu.

Os desavergonhados - NELSON MOTTA

O errado e o malfeito, a incompetência e o desleixo, a estupidez e a má-fé são próprios da condição humana. A diferença está entre os que se envergonham e os desavergonhados. No Japão civilizado, a vergonha é o pior castigo para uma pessoa e sua família, mais temida do que as penas da lei. Homens públicos se suicidam por pura vergonha. Embora seja só meio caminho para não errar de novo, o sentimento de vergonha ajuda a civilizar. Já os que não se envergonham, nem por si nem pelos outros, são determinantes para que suas sociedades sejam as que mais sofrem com a corrupção, a criminalidade e a violência, independente de sua potência econômica ou regime politico.

Em brilhante estreia no Blog do Noblat, o professor Elton Simões analisou pesquisas internacionais sobre as relações entre o sentimento de vergonha social e familiar e a criminalidade.

Nas sociedades em que a violência e o crime são vistos como ofensas à comunidade, e não ao Estado, em que a noção de ética antecede a de direito, em que o importante é fazer o certo e não meramente o legal, há menos crime, violência e corrupção, e todo mundo vive melhor - por supuesto, o objetivo de qualquer governo. Nas sociedades evoluídas e pacíficas, como o Japão, a principal função da Justiça é restaurar os danos e relações entre as pessoas, e não punir ofensas ao Estado e fabricar presos.

"Existe algo fundamentalmente errado em uma sociedade quando as noções de legalidade ou ilegalidade substituem as de certo ou errado. Quando o sistema jurídico fica mais importante do que a ética. Nesta hora, perdemos a vergonha", diz o professor Simões. Como os políticos que, antes de jurarem inocência, bradam que não há provas contra eles. Ou que seu crime foi antes do mandato.

Não por acaso, no Brasil, onde a falta de vergonha contamina os poderes e a administração pública - apesar de todo nosso progresso econômico e avanços sociais -, a criminalidade, a violência e a corrupção crescem e ameaçam a sociedade democrática. Não há dinheiro, tecnologia leis ou armas que vençam a sem-vergonhice. Só o tempo, a educação e líderes com vergonha.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Era um encontro - filme, mostra um motorista andando em altas velocidades nas ruas de Paris, às 5:30 da manhã


"C'était un rendez-vous" (em português: "Era um encontro") é um curta-metragem feito em 1976 por Claude Lelouch. No filme, é mostrado um condutor andando em altas velocidades nas ruas de Paris, às 5:30 da manhã.
Devido a limitada disponibilidade de vídeo tapes do mesmo, o filme ganhou status de cult e também posteriormente muita admiração dos fãs das quatro rodas, devido ao abuso que o condutor faz, dirigindo o carro em altas velocidades e pelo estilo despojado de guiar. As especulações na época basearam-se nos pilotos ativos e conhecidos na Fórmula 1, como Jacques Laffite, Jacky Ickx, entre outros. Em depoimento a um brasileiro em 2006 (a entrevista consta em seu blog), Lelouch afirma que é ele mesmo quem está dirigindo.
Dada a crescente popularidade e a falta de cópias originais do filme, ele foi recentemente remasterizado, baseando-se no negativo original do filme (de 35mm), e lançado em DVD, tendo forte divulgação pela Internet.
Este filme é um exemplo do que se chama cinéma vérité, já que foi feito em ângulo único e sem edição, sendo usada uma câmera instalada na parte dianteira do carro para isto. A duração do filme foi limitada ao tempo máximo de gravação permitido pela câmera, que era de menos de 10 minutos.
O filme mostra nos seus quase nove minutos de duração um condutor dirigindo seu carro pelas ruas de Paris, nas primeiras horas da manhã, acompanhado do som das altas rotações do motor, com várias mudanças de marchas repentinas e pneus guinchando.
Tudo começa no túnel da Périphérique, indo em direção a Avenue Foch. Locais famosos da cidade são mostrados no filme, durante o trajeto em que é feito, tais como o Arco do Triunfo, o obelisco da Praça da Concórdia, assim como também a famosa avenida Champs-Élysées

. Pedestres não são respeitados, pombos que estavam nas ruas são dispersados, sinais vermelhos são ignorados, vias de mão-única e de contramão são usadas e faixas centrais são cortadas. O carro nunca é mostrado, mas devido à posição da câmera, sabe-se que está na parte da frente do carro. No final do filme, o carro é estacionado na calçada da colina do Sacre Coeur. O protagonista sai do carro e encontra-se com uma mulher de cabelos loiros, enquanto se ouve ao fundo sinos tocando.
O filme feito por Lelouch exibe uma negligência criminal em decorrência do risco de morte corrido pelos pedestres e da segurança dos motoristas. Na primeira exibição do filme, Lelouch foi preso e liberado logo depois, sem nenhuma punição sofrida.
A distribuição do filme poderia ser vista como ameaça, já que poderia incentivar os motoristas a andar perigosamente (e como loucos) pelas ruas e desrespeitar todas as leis do trânsito (incluíndo semáforos), apontando que Lelouch estava certo quando falava que o filme era uma coisa de ação real, ao contrário de efeitos de cinema.
Comentários atribuídos ao próprio Lelouch

indicam que ele reconheceu o ultraje moral feito neste filme e que ele estava preparado para os futuros riscos e problemas que o filme proporcionaria.
Aperte os cintos e dirija uma Ferrari pelas ruas de Paris, a quase 200 km/h.

Oxford atrai estudantes pelos seus séculos de tradição e ensino

Alunos de 190 países estão na Universidade de Oxford. Ela teve como membros ilustres David Cameron, Tony Blair e Bill Clinton e é considerada uma das dez melhores do mundo por acadêmicos e pesquisadores. Lá, o interesse pelo Brasil é cada vez maior.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Três homens tiram presa recém-abatida de vários leões

As pradarias alimentam o mundo. Ao longo de milhares de anos, os seres humanos aprenderam a cultivar grãos nas pradarias e domesticar os animais que ali vivem. Nosso êxito impulsionou nossa população a quase 7 bilhões de pessoas. Mas este episódio revela que, até mesmo hoje, a vida no "Jardim do Éden" não é um mar de rosas. Acompanhamos um grupo de homens do povo dorobo do Quênia enquanto eles tentam corajosamente afugentar um bando de leões famintos da presa recém-abatida. Galopamos pelas estepes com os extraordinários cavaleiros mongóis que praticamente "nascem na sela". E em uma parceria perfeita com a natureza, construída ao longo de gerações, crianças massai precisam, literalmente, falar com os pássaros!

A vida sob a ótica de um gato


O gato branco hoje ficou olhando para ela, implorando para ficar livre e solto, o dia inteiro, mas ela não notou, aí ele pensou: será que ela não me entende mais? Há doze anos vivemos juntos, lembro muito bem quando nasci, ela colocou minha mãe, eu e meus irmãos dentro de um cesto grande e passávamos de um cômodo para outro, dentro de casa. Durante muitos anos acompanhei a vida dela de perto. Era bom entrar no banheiro, pela janela, e passar para a cama deles, onde eu adormecia quentinho no inverno. E quando amanhecia, era só fazer o percurso janela do banheiro, telhado, muro, chão e ir para a rua, mas, de uma hora para outra, a vida mudou. Deram veneno para meus companheiros e cinco morreram no mesmo dia e dois foram salvos, e aí que eu vi quanto ela nos amava, chorou tanto, odiou tanto e ficou desconfiada de tudo e de todos. Cada vizinho era um assassino em potencial, até do pastor protestante ela desconfiou. Chamou um homem que veio em casa e tirou varias medidas e dias depois chegou a encomenda que, segundo ouvi dizer, custou muito caro. Cada traquitana daquela custava o preço de uma geladeira das mais modernas, e foi aí que eu vi para que serviria aquilo. Ela passou anos trancar todos os dias. Pela manhã ficávamos soltos, cuidando uns dos outros e depois do almoço era ficar engaiolado. E ela dizia, melhor engaiolado do que morto. Mesmo assim, eu sempre acompanhei a vida dela. Ela era muito amorosa, mas durante a tarde ela saía. Ela tinha um carro que foi roubado da porta de casa e no carro ela colocava caixas cheias de tintas, telas, cimento, lata velha, saco de aniagem, pedaços de ferro de construção, de vários tamanhos, madeira velha, jornais velhos, gesso, enchia o carro das coisas mais loucas. Até latas de óleo vazia ela carregava e dizia que ia estudar, mas vá lá entender esses humanos e suas maluquices. E nessas horas eu fugia, pois sabia que era hora de ser engaiolado. Quando ela voltava, ia nos ver, queria saber se estava tudo bem. Claro que para nós estava bem. Ela voltava cheia de volumes, de gesso, de argila, que cobria com panos velhos molhados. Grandes pedaços de pano. Aí, no dia seguinte, na hora do nosso recreio, entravamos pela janelinha da oficina dela e fazíamos xixi nos panos, nos gessos e nas argilas dela, e aí ela ficava furiosa, mas logo a ira passava e nós éramos perdoados. A noite ela gostava de ir para a rua. Ai como era rueira! Arrumava-se, abria a caixa cheia de potinhos, que, diga-se de passagem, eu sempre gostei daquela caixa, pois com a patinha tirava uns lápis que ela guardava, os potinhos também. Eu jogava tudo dentro da pia e depois fazia xixi em cima. Aí ela gritava, Tom, eu te matar! Mas nunca sequer tentou me estrangular, pois ela usava todos os potes no rosto e com o lápis fazia riscos nos olhos só para ficar com olhos e gatos como os meus. Aí ela abria os armários e tirava umas roupas muito esquisitas, às vezes negras, outras coloridas e vestia. Nos cabelos usava uns lenços, umas correntes de metal, parafuso, porca, arruela, pedaços de arame e tudo quanto é quinquilharia, até dobradiças tinha. E ela achava uma beleza, mas eu, hein, francamente! Nos pés ela usava umas botas que dizia terem vindo da Europa, eram umas botas de sola grossa, de borracha, e amarradas na frente. Ela dizia que era para não sentir frio nos pés. Seja lá como for, o importante é que eu virava as botas de lado e afiava as garras na sola. Ela também só usava saias longas e isso durou muito tempo. Durante o tempo que saía para estudar, era assim que ela se vestia, até que, quando terminou os estudos, um dia brigou com o marido. Ela dizia que não tinha roupa decente. Eu acho que não tinha mesmo. E o marido gritava: veja os armários! Estão lotados! E ela na fúria, arrancou tudo dos cabides e jogou pelas escadas abaixo. Aí foi um tal de encher sacos de lixo, a faxina durou uma semana. Ela chamou um tal de Mensageiro da Caridade que levou tudo e não sobraram nem as botas para eu afiar as garras. E depois desse dia ela mudou, por dentro e por fora. Os cabelos que ela lavava e secava sem pentear pra fazer cabelão, ela pintou de um tom louro e passou a fazer escova, toda a semana. As obras de arte que usava no pescoço, ela deu fim. Já não usava mais parafusos, arruelas, arames, etc. Passou a usar outros metais, chamados de ouro e prata. Comprou sapatos elegantes e bolsas, muitas bolsas. Segundo ela que me olhava e dizia: Tom não se atreva a afiar as garras nas bolsas que eu comprei e nem paguei ainda. E nesse tempo, roubaram o carro dela, que era dela porque, como era velho, ninguém queria usar e também porque ninguém haveria de querer emprestar o carro para ela encher de tinta, gesso, argila e etc, etc. Eu até pensei, que bom que fiz bastante xixi no carro, era no capô, porta malas, estava tudo com meu cheiro de felino. E ela foi se domesticando, a tal ponto que se hoje ela vê uma foto daqueles tempos até justifica dizendo que era assim que os colegas se vestiam, e ela não queria destoar deles. Foi aí que eu vi que ela não foi sempre assim tão destrambelhada para se vestir, mas durante o tempo que estudava artes, se divertia brincando com as roupas. Ela tem essa facilidade de mexer com os panos. Adora brincar com os tecidos. E eu fico olhando as caixas e caixas de tanto pano, é lenço, lencinho, lenção, é echarpe, cachecol. Ela agora faz o tipo casual comportado. Aí eu fico olhando e lembro, houve um tempo em que as coisas foram diferentes nessa casa e verdade seja dita, a filha dela também estudou artes, mas nunca vi a menina usando coturnos, saião, nem cabelos ao vento. Será que as artistas de hoje já não se fantasiam mais? Mas naquele tempo ela era mais divertida. Teve uma tarde que ela calçou uns tamancos que trouxe da Holanda e foi planar no jardim, e o vizinho da frente ficou falando com ela e o bate papo estava bem animado, mas como o jardim tem um pequeno declive, ela escorregou e caiu enquanto conversavam. Aí ela ficou com tanta vergonha que entrou em casa engatinhando e o vizinho deve ter pensado: que louca, sumir assim no meio da conversa! Que falta de consideração! Outra ocasião ela não achou a cachorrinha dela e mandou o eletricista abrir o porta-malas do carro dele, ele não queria abrir, aí ela ficou possessa e disse: vai abrir já! E ele foi contrariado por ter que largar o serviço e ela foi na frente porque achou que com tantos fios elétricos ligados, jogados no chão, era possível que a cachorrinha fosse vitima de um choque elétrico, mas a cachorrinha só foi encontrada horas depois, dentro do guarda-roupa. Por precaução ela se meteu dentro do guarda-roupa e não quis sair de lá. Eu, francamente, às vezes achava que ela estava ficando zureta, mas pensando bem, fora essas maluquices, ela é, até, muito legal e querida. Quando quiseram que ela, por causa de uma lei de 2003, escolhesse entre os bichos de estimação apenas cinco e doasse os velhos, ela ficou louca. Imagine que absurdo. Os animais de estimação são coisas sérias e não teve conversa. Ela foi até o alto escalão e provou que já nos possuía desde 98 e que nossa veterinária era a mesma e que sempre nós fomos bem tratados, castrados e vacinados. E vamos continuar juntos. Como gostei dela nesse dia! Pois a briga foi de peixe grande! E ela lutou e vai continuar lutando por nós. Afinal, ela também cuida de animais abandonados. Minha mãe foi abandonada me esperando na porta da casa dela. Ouvi dizer que ela é voluntária protetora dos animais. Ela faz parte do Bem Estar Animal. E estamos todos bem. É verdade que meio velhinhos, já não subo nas janelas, mas ela me ajuda, até me deu um banco alto para que eu veja o mundo de cima para baixo. Eu amo a minha humana. E os meus amigos também. A minha humana ama os animais e de uma coisa ela tem certeza: que a Espanha deveria ficar mais 700 anos sob o domínio dos muçulmanos para expiar a vergonha das corridas de touro. E o estado de Santa Catarina, tão lindo, tem que carregar esta mácula da farra do boi. Herança açoriana. Que vergonha! Que triste sina dessa gente que fura os olhos do boi só pelo prazer de judiar o animal. Tem boi que entra no mar, pois prefere morrer afogado do que ser maltratado, até a morte. O que se pode esperar desses animais desumanos. Quando será que algum político vai ter coragem, porque vai ter que ser muito macho, para comprar a briga da farra do boi. Todos os anos é a mesma coisa na época das festas. Ela cansou de chamar a polícia e ninguém aparecia. Depois inventaram outra moda, brincar pode, machucar não. E quem vai estar lá para conferir? Porque tanta carnificina? Porque esses frouxos não conseguem se desarmar e ser macho suficiente para deixar os bois em paz, fazem toda essa matança em nome de quê? Da origem açoriana? Quantas vidas ainda serão ceifadas até que o homem aprenda a viver e a amar a natureza. Sou um gato. Meu nome é Tom Jones, mas me chamam de Tom. Gosto de apreciar as historias da bondade humana, mas ela, a minha dona, fica uma fera com a maldade dos humanos desumanos.

Restaurandora de bens culturais, pintora, escultora, ourives, Em 2010 foi classificada em concurso internacional em contos e cronicas, Três livros publicados e uma coletânea do concurso Edições AG. Mora em Florianópolis, na ilha, casada, três filhos, gosta de animais domésticos, de cultivar plantas, reunir os amigos, viajar, leitura, cinema, e a paixão de escrever.