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sábado, 27 de agosto de 2011

Carta de horas escuras, por Aglaé Gil

Hoje, a carta reflete algumas nuances que nos fazem sombra,por esses dias. E que dias!
Olho para a tevê e fico aturdida com o vejo, ouço. Cenas de filmes antigos agora são realidade, coisa banal para muita gente.
E eu, que gostaria de registrar marcas bonitas, me pego pensando e escrevendo as mesmas letras que descrevem hostilidade, ignorância, falta de humanidade.
Passamos do ponto.
Estamos à solta num mar de egos vazios e calculistas que profanam o sagrado de ser humano para adorar mais, bem mais do que simplesmente dinheiro: nem ao menos se sabe o que se adora, o que se persegue.
Uma multidão insana cuja idade não importa, comporta-se com maldade gratuita usando uma máscara de horror e sentindo um prazer assustador nisso.
Passamos do ponto.
Já estamos além de um liite plausível de  idolatria ao nada.
E escrevo cartas para pedir socorro.
E escrevo cartas para encontrar vozes iguais à minha.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Controle Remoto, por Nadia Foes


Ela amanheceu diferente. Acordou e viu que estava só e foi para a sacada olhar o mar. Sempre que ela olha para o mar sente certo conforto. O mar transmite uma calmaria danada. Só não dá para entrar mar adentro. Foi educada sabendo respeitar as leis da natureza.
O dia estava tão lindo que resolveu tomar o café da manhã na sacada, olhando o mar. Após o café começou a rotina de todos os dias. Empregada não veio, ela foi lavar a varanda, e depois de dar uma geral na casa, vestiu o maio, uma camisa e foi para a praia pensando em como gostaria de ser vista de outra maneira. Não pelos vizinhos ou amigos, mas pelo outro. Recordou a valsinha do Chico na esperança de, como diz a música, mais ou menos assim: um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de chegar, olhou-a de um jeito muito mais quente do que costumava olhar e para seu espanto convidou-a para dançar, etc, etc.
Ficou algumas horas na praia e de volta para casa resolveu preparar um jantar delicioso. A filha chegou e as duas resolveram transformar a sala num bistrot bem romântico. O sofá foi retirado. No lugar do sofá colocaram mesas bem decoradas, só ficou uma poltrona. O ambiente ficou lindo. Terminada a tarefa da decoração, mãos a obra no preparo do jantar.
Nesse meio tempo ele chegou, tirou a roupa de trabalhar, vestiu uma bermuda, sem camisa, nos pés chinelão e nas mãos o controle remoto. E haja TV.
Os filhos foram chegando e a noite foi muito gostosa. Foi tão boa que ela até esqueceu do detalhe do controle; afinal era só um mero detalhe.
Depois do jantar, servida a sobremesa, cada um voltou para sua casa. Quem não tinha aula, tinha trabalho. Ele foi dormir.  E ela e as duas filhas desmontaram o cenário.
Na manhã seguinte, ela acordou com o ovo virado. Olhou para o espelho, não teve mesa na sacada, nem olhada para o mar, não deu sequer um jeitinho na cobertura. Queria ir a forra e resolveu fazer o teste da construção. “Sabe, aquele que você passa por um edifício em construção e os operários ficam gritando: ei gostosa, ô tia, ô boazuda.”
Na esquina, quatro prédios estavam sendo construídos. Ela se vestiu e foi caminhando pelo meio da rua para poder  ser vista em todos os ângulos. E nada, nem um assobio. Ela pensou: já não existem mais operários como os de antigamente. Deu volta na quadra, foi para casa onde caiu na cama e só acordou na boca da noite. Não teve jantar, foi só lanche básico, sem cenário, nem figurino. E ele ficou com o controle remoto. E ela voltou para a cama pensando: amanhã será outro dia... Ficou tudo igual.
Ficou os três meses de férias com a idéia fixa de chamar a atenção. Na volta, fim das férias, ela deu início à tarefa da sedução. Aquilo não era jogo de sedução, era tarefa mesmo. Cortou os cabelos, cada mês pintou de uma cor. Comprou roupas novas, maquiagens, sapatos, bijuterias. Mudou de estilo. Aliou-se à amiga de bom gosto, que tem loja, e amiga de bom gosto se encarregou do visual. Era uma loucura. Roupas coloridas; amiga de bom gosto que tem loja não se fez de rogada. A cada viagem para as compras trazia algo diferente. E ela fez um investimento à altura. Ali ele notou, afinal o dinheiro era dele e ficou furioso. Não notou as roupas mas notou o custo final. E assim acabou a tarefa da sedução. Ela se aquietou. Procurou outra ocupação; foi estudar. Algum tempo depois a filha resolveu se casar e ela enlouqueceu de vez. Dizia essa menina está jogando tudo para o ar: bom emprego, liberdade. Pra que? Se logo logo o noivo, ao se tornar marido, descobrir o controle remoto. Mas não teve jeito. Dizia para a noiva: vai estudar na Europa e leva o noivo junto... Baldados esforços. A filha firmou o pé e casou. Hoje tem duas filhas lindas, lindas e é muito feliz e ela se conforma. Hoje está feliz com a vida da filha bem equilibrada e realizada. Que bom que a história não se repetiu. Pelo menos a filha nunca se queixou do controle remoto. E é até muito bem resolvida com ele – o  controle.
Passado algum tempo, a filha chegou do norte, onde mora, e trouxe a netinha para passar as férias. Ela ficou tão feliz já nem se lembrava mais da época da sedução. Estava livre e solta. Uma tarde a filha combinou de irem ao shopping fazerem umas compras. Ela, como ia para ajudar a filha, se decidiu por sapatos rasteiros, porque se tinha uma coisa que ela sempre usava eram aqueles saltos bem altos, altíssimos. Cair do salto, isso nunca. Até dentro de casa ela andava de salto. Pois bem, nesse ela usou rasteirinha, vestidão bem fresco, rabo de cavalo, óculos, bolsa, um par de brincos e lá foram às compras. Como ela é meio distraída, já havia perdido a neta no aeroporto, parou para ver uma vitrine e a pequena que estava dentro do carrinho, escapuliu. Ela só notou quando a mãe da pequena chegou e perguntou onde estava a criança. E ela respondeu: aqui apontando o carrinho. Olhou e não estava. E saiu estabanada procurando a neta. Outra vez, deixou a pequena perder os sapatos e a filha pensou: em vó assim não dá pra confiar e ficou de olho nas duas: na filha e na vó. De dentro da loja com um olho ela escolhia e com o outro cuidava das duas. Da porta da loja ao lado, saiu um senhor muito bem apessoado e foi falar com ela, com a vó e com a neta. Elogiou a pequena, disse que ela era muito bonita, perguntou se a pequena era dela e depois pediu licença para fazer um elogio para a vó. Foi quando ele disse: você é muito bonita, tem uns traços tão harmônicos, não pude deixar de notar a sua beleza. Ela surtou e começou a gritar, chamando pela filha, dizia: olha só o que este homem está me dizendo e o senhor gentil do elogio só conseguia pedir desculpas e dizia não faltei com respeito, me desculpe por favor. Ao que a filha respondeu: o senhor por favor desculpe mas é que ela não está acostumada com isto e pegou nas mãos da mãe e disse: fique calma e não faça mais isso que é muito feio. Acontece que ela esperou tanto tempo que quando o elogio chegou veio da pessoa errada e ela, apesar de se dizer moderna, é muito arisca e não esperava mais nada porque já estava acostumada com o outro que continua com o controle remoto e ela está tão em paz com a situação que se um dia ele chegar tão diferente como ela sonhava ela vai surtar novamente e fazer feio como disse a filha. Assim como estão vivendo já está de bom tamanho e os dois vão bem obrigada. Só que agora ela está usando sapatos baixos e só sai de casa de rabo de cavalo. E enquanto rolar a moda dos vestidões é assim que ela vai andar. Mas, macacos de mordam, se logo logo ela não subir nos saltos novamente, pois deixa o andar mais bonito e o bum-bum empinado. Deu pra ver: ela não se entrega.

Renato Gaúcho, Romário, Edmundo e suas mulheres. Sim…Esta é uma matéria muito machista…

A ótima entrevista feita com Renato Gaúcho pela revista da ESPN me fez voltar no tempo.
Nos anos 90, fui ao Rio de Janeiro para um jornal.
Minha missão era fazer uma matéria de página inteira: jogadores, suas mulheres e o assédio das Marias Chuteiras.
Os alvos eram o mesmo Renato Gaúcho, Romário e Edmundo.
Eles estavam no auge de suas carreiras.
E pude entender que vida louca o futebol proporcionava ao trio e às suas famílias.
O primeiro com quem falei foi Edmundo.
Ele sempre foi uma pessoa sincera.
Quando não queria falar, nem dando um arm lock do Jon Jones.
Por sorte, aceitou mostrar o que pensava sobre essa faceta interessante da vida dos ídolos.
Perguntei sobre o assédio e como ele conseguia se divertir tanto à noite mesmo sendo casado.
"Eu sei o que significo para grande parte das mulheres.
Uma jogador famoso e com um bom dinheiro.
Não valorizo essas Marias Chuteiras, não.
Eu saio porque tudo é claro para mim.
O combinado não é caro.
Falo para a minha mulher que vou me divertir com os amigos.
Ela sabe, não preciso enganar ninguém.
E ela também sai com as amigas, tudo bem.
Sei que a minha vida é fora do normal por causa da mídia, sou uma figura conhecida.
Gosto de sair com os amigos, saio mesmo.
Não faço mal a ninguém.
Sou casado mas não vou parar de viver por causa disso.
Agora, no dia que minha mulher se cansar de mim, da casa que ela mora, da vida que eu proporciono, tudo bem.
Ela me procura e a gente se acerta."
Mal Edmundo acabou de me dar entrevista na Gávea, um grupo de pessoas queria falar com ele.
Neste grupo de fãs, três mulheres chamavam a atenção.
Duas modelos e uma atriz de novelas.
Amigas...
Romário foi ainda mais direto.
Ao saber do meu pedido de entrevista, ironizou.
"Vou falar se você colocar a minha frase literal.
Do jeito que eu falar.
Sem maneirar."
Aceitei.
A frase foi esta.
"Eu gosto é de transar.
Sem tesão eu não sei viver.
Por isso para mim não tem tempo ruim.
Concentração, carro, boate, onde for.
Não fico um dia sem."
Frases publicadas, a pergunta, digno de um monge franciscano.
'Mas Romário, e a sua mulher?'
"Eu já casei e separei.
Agora (na época) estou casado de novo.
Casamento fresquinho, daquele que me faz ir correndo para casa.
Boca nova, corpo novo, cheiro novo.
É isso que eu quero encontrar.
Vou falar a verdade.
Não sou homem de ficar perdendo tempo com esquemas para trair ninguém.
Quando começa a história de dar beijinho na bochecha, saio fora mesmo.
Minha mulher eu quero para outras coisas.
Beijo na bochecha, dou na minha mãe.
Mulher, esposa, quero para a minha cama.
Se não for assim, prefiro separar.
Amigas novas não faltam.
Por isso, mulher casada comigo tem de ter sangue quente.
Se não, me separo mesmo, parceiro."
Com Renato Gaúcho foi mais surreal possível.
Na saída de um treino importante nas Laranjeiras.
Não precisei nem perguntar para perceber como tudo ocorria.
Havia uma fila imensa para pegar autógrafos do ídolo do Fluminense.
Ele se achava o Richard Gere cover.
E não escondia de ninguém.
Adorava fazer pontas em novelas.
E vivia com uma fita prendendo os cabelos.
Propaganda de uma churrascaria carioca.
Mas vale a pena voltar para a cena inacreditável.
Antes de falar comigo, atendeu a fila de torcedoras que queriam uma foto e seu autógrafo.
Vi que tudo era estranho.
Não eram as fãs que guardavam os papéis.
Era Renato que chegava com a mão cheia de cartões e bilhetes.
Naquele início de noite deu para contar, oito novos telefones de mulheres.
Entre eles o de uma atriz global que se prestou ao papel de ficar na fila, esperando sua vez.
O nome não precisa, já que hoje ela está casada.
Na época, era noiva.
"O que eu posso dizer?
É quase todo dia isso.
Onde vou recebe telefones de mulheres.
Nos restaurantes, nos hotéis na concentração, em aviões.
O que eu vou fazer?
Eu pego, né?
E depois penso se ligo ou não.
Que homem recusaria tantas oportunidades?"
Outra vez o jornalista moralista e suas perguntas.
"Mas você não mora com a sua famosa Maristela?"
"Mas a Maristela me entende.
Ela sabe que todo o meu amor é dela.
O que faço com as outras é pura diversão.
Não vai dar em nada.
É como se fosse ir para o cinema.
Uma brincadeira de menino.
No final, volto sempre para a Maristela, sempre."
Na contabilidade de Renato Gaúcho, ele teve mais de 5.000 mulheres.
'Colecionou' capas de Playboy.
E 5.000 vezes Maristela o perdoou.
Por isso nesta entrevista mais recente, ele faz um resumo do que pensa sobre o tema.
De maneira objetiva, dá seu conselho.
"Mulher quando quer dar tem mais é que comer."
Vale a pena registrar que Edmundo e Romário se separaram das esposas que tinham no início da década de 90.
E só Renato Gaúcho ficou com a paciente Maristela...
"Ela sempre soube que eu era dela...", diz o Richard Gere dos Pampas...
Via Blog Cosme Rimoli

sábado, 20 de agosto de 2011

Como a idade faz nosso cérebro florescer

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI245598-15257,00-COMO+A+IDADE+FAZ+NOSSO+CEREBRO+FLORESCER.html
A ciência conseguiu identificar a base neurológica da sabedoria. A partir da meia-idade as pessoas podem até esquecer nomes, mas tornam-se – acredite – mais inteligentes
Marcela Buscato. Com Bruno Segadilha e Teresa Perosa
Ilustração: Alexandre Lucas
A partir de um certo momento da vida, que, para a maioria de nós, começa depois do aniversário de 40 anos, a grande questão neurológica se resume a uma pergunta: aonde diabos foram parar todos os nomes que eu esqueço? No início, desaparece o nome de uma atriz famosa. Depois, some o nome dos filmes que ela fez. Mais adiante, você não consegue achar no mar de neurônios o nome do famoso marido dela, muito menos o do outro ator, manjadíssimo, com quem ela contracenou em seu trabalho mais célebre. A débâcle ocorre no almoço de domingo em que você se percebe, diante da cara divertida de seus filhos, tentando explicar: “Aquele filme, com aquela atriz australiana, casada com aquele outro ator...”.
Essa, você já sabe – ou vai descobrir dentro de algumas décadas –, é a parte chata de um cérebro que bateu na meia-idade. Ela vem junto com muitas piadas e uma dose elevada de ansiedade em relação ao futuro. O que você não sabe, mas vai descobrir nas próximas páginas, é que existe outro lado, inteiramente positivo, das transformações cerebrais trazidas pelo tempo. “Conforme envelhecemos, o cérebro se reorganiza e passa a agir e pensar de maneira diferente. Essa reestruturação nos torna mais inteligentes, calmos e felizes”, diz a americana Barbara Strauch, autora de O melhor cérebro da sua vida. O livro, recém-lançado no Brasil pela editora Zahar, reúne argumentos que fazem a ideia de envelhecer – sobretudo do ponto de vista intelectual – bem menos assustadora do que costuma ser.
Editora de saúde do jornal The New York Times, um dos mais influentes dos Estados Unidos, Barbara resolveu investigar o que estava acontecendo com seu cérebro. Aos 56 anos, estava cansada de passar pela vergonha de encontrar um conhecido, lembrar o que haviam comido na última vez em que jantaram juntos, mas não ter a mínima ideia de como se chamava o cidadão. Queria entender por que se pegava parada em frente a um armário sem saber o que tinha ido buscar. Barbara não entendia como o mesmo cérebro que lhe causava lapsos de memória tão evidentes decidira, nos últimos tempos, presenteá-la com habilidades de raciocínio igualmente surpreendentes. Ela sentia que, simplesmente, “sabia das coisas”, mas, ao mesmo tempo, se exasperava com a quantidade imensa de nomes e referências que pareciam estar sumindo na neblina da memória. Como pode ser?
A capacidade de manter informações enraizadas em nossa
mente não sofre dano algum com a passagem do tempo
É provável que essa mesma pergunta já tenha passado pela cabeça de muitos que chegaram aos 40 anos rumo às fronteiras da meia-idade, um período cada vez mais dilatado em que podemos passar um tempo enorme de nossa existência. Com o aumento da expectativa de vida, a fase intermediária da vida, entre os 40 e os 68 anos, tornou-se uma espécie de apogeu. Nesses anos é possível aliar o vigor reminiscente da juventude à sabedoria da velhice que se insinua – desde que se saiba identificar, e abraçar, as mudanças que acometem o cérebro maduro. Ele já não é o mesmo que costumava ser. Mas as mudanças o transformaram num instrumento melhor. “Para o ignorante, a velhice é o inverno; para o sábio, é a estação de colheita”, diz o Talmude.
A jornalista Marília Gabriela, considerada a melhor entrevistadora do país, é especialista nas delícias e nos suplícios de um cérebro de meia-idade: “Eu não sei se é a idade ou se é o excesso de informações, mas eu esqueço o que as pessoas me dizem”. Aos 63 anos, Gabi, como é mais conhecida, pode até se esquecer de detalhes de conversas, mas mantém o raciocínio afiado para encurralar políticos e celebridades nos três programas apresentados por ela semanalmente. “Hoje, sou capaz de fazer análises rápidas sobre aspectos que as pessoas nem precisam me explicar”, afirma. “Leio nas entrelinhas, pego pelo olhar.”
Fotos: Victor Affaro/ÉPOCA
A nova ciência do envelhecimento, retratada por Barbara em seu livro, conseguiu decifrar o caráter das mudanças por trás dessas percepções aparentemente contraditórias. Os pesquisadores aproveitaram a popularização das técnicas de ressonância magnética – nos últimos 15 anos, o número de estudos aumentou dez vezes – para flagrar o cérebro em pleno funcionamento. Eles descobriram que, sim, há um desgaste natural das células nervosas como se pensava. Mas ele é localizado e circunscrito, assim como seus prejuízos à mente.
Um estudo feito pela equipe do neurocientista americano John Morrison, da Escola de Medicina Monte Sinai, em Nova York, analisou o que acontece com alguns pequenos botões localizados no corpo dos neurônios. Eles ajudam a captar as informações. Os cientistas descobriram que apenas um tipo desses botões sofre com o envelhecimento. São os menores, envolvidos no processamento de novas informações – onde parei o carro, onde estão as chaves ou como chama a nova namorada do meu amigo? Quase 50% desses receptores perdem a atividade. Mas outro tipo, encarregado de lembrar de grandes acontecimentos e de informações enraizadas em nossa mente, como habilidades profissionais, não sofre dano algum.
Se alguns neurônios podem ser danificados pelo tempo, há outros – até mesmo regiões inteiras do cérebro – que passam a funcionar melhor. “O raciocínio complexo, usado para analisar uma situação e encontrar soluções, é aprimorado”, diz o psiquiatra americano Gary Small, diretor do Centro de Envelhecimento da Universidade da Califórnia em Los Angeles.
Aos 49 anos, o artista plástico Vik Muniz está no auge de sua carreira. O sucesso, claro, é consequência da carreira produtiva iniciada aos 20 anos. Mas as habilidades aprimoradas por seu cérebro ao longo dos anos também têm seu quinhão de influência sobre o sucesso recente. Em 2008, foi o primeiro brasileiro a organizar uma mostra no museu de arte moderna de Nova York, o MoMa. Em 2007, começou o projeto Fotografias do Lixo no Jardim Gramacho, uma comunidade de catadores de lixo no Rio de Janeiro. Muniz recriou os personagens que encontrou e produziu algumas de suas mais belas obras. O processo de trabalho foi filmado e virou o documentário Lixo extraordinário, que concorreu ao Oscar da categoria neste ano. “Agora, sou uma pessoa mais focada e objetiva. Vou diretamente aos assuntos, não tenho tempo a perder”, diz Muniz. “Em poucos minutos de conversa já sei, por exemplo, com quem conseguirei desenvolver uma relação mais íntima.”
Fotos: André Arruda /ÉPOCA
Um casal de pesquisadores comprovou o que Barbara, Gabi e Muniz sentem na prática. Os psicólogos americanos Warner Schaie e Sherry Willis, professores da Universidade de Washington, criaram em 1956 um projeto de pesquisa para acompanhar o desenvolvimento de 6 mil voluntários durante décadas. Esse tipo de estudo é o mais preciso que existe, uma vez que permite aos cientistas avaliar quanto uma pessoa amadureceu emocionalmente e quais habilidades cognitivas aprimorou.
A cada sete anos, Warner e Sherry submetiam os voluntários a uma bateria de testes de inteligência. Eles tinham de responder a questões que mediam a habilidade verbal (encontrar sinônimos para uma palavra), a memória verbal (lembrar palavras lidas em uma lista), a orientação espacial (virar símbolos e objetos), a capacidade de resolver problemas (completar sequências lógicas) e a habilidade numérica (problemas de adição e subtração).
Entre os 40 e os 60 anos, as habilidades verbal
e de resolução de problemas melhoram muito
A compilação de anos de estudo mostrou que os voluntários tiveram melhor desempenho em três habilidades – verbal, espacial e resolução de problemas – entre os 1940 anos e 1960 anos. Após esse período, havia um declínio nítido na pontuação dos voluntários. Mas cada pessoa apresentava um declínio maior em uma ou duas habilidades, nunca em todas as cinco.
No auge da vida
Pesquisadores acompanharam 6 mil voluntários por 50 anos. Descobriram que habilidades associadas à inteligência chegam ao ápice na meia-idade
   Reprodução
Fontes: Schaie, K. W. & Zanjani, F. (2006). Intellectual development across adulthood, In c. Hoare (Ed.), Oxford handbook of adult development and learning. (pp. 99-122) New York: Oxford University Press
As transformações do cérebro que explicam a melhora das habilidades cognitivas durante a meia-idade estão entre as descobertas mais interessantes da ciência nos últimos tempos. Elas revelam as origens biológicas da sabedoria trazida pela maturidade. Os cientistas descobriram que a facilidade para raciocínios complexos pode ser explicada por mudanças físicas no cérebro. A camada de mielina, um tipo de gordura que reveste as células nervosas e faz com que as informações viagem mais rápido, aumenta progressivamente com o passar dos anos e atinge seu pico por volta dos 50 anos. “No começo da vida, os circuitos motores e os encarregados pela fala recebem a maior parte da mielina”, diz o neurologista George Bartzokis, pesquisador da Universidade da Califórnia, responsável pela descoberta. “À medida que envelhecemos, os circuitos que permitem analisar contextos e que nos fazem ficar mais espertos são os que recebem mais mielina.”
Os pesquisadores também descobriram que, conforme envelhecemos, mudamos o padrão de ativação cerebral. Isso significa que acionamos áreas diferentes das usadas anteriormente para fazer as mesmas tarefas. A região frontal do cérebro, encarregada da racionalidade, passa a concentrar a maior parte das atividades. A área posterior da cabeça, onde estão algumas das estruturas ligadas a nossas respostas emocionais, é acionada com menos frequência. Outra mudança significativa: para realizar a mesma tarefa de adultos jovens (de até 30 anos), os mais velhos usam mais áreas do cérebro. Em vez de usar regiões de apenas uma metade do cérebro, passam a usar as duas. Os cientistas ainda não estão certos sobre o que essas mudanças representam. Há duas possibilidades. A primeira, menos agradável, é que o cérebro esteja ficando velho a ponto de não reconhecer mais as áreas encarregadas de cada atividade. A segunda hipótese é mais reconfortante: o cérebro pode, sim, estar ficando velho. Mas, ao redirecionar funções para áreas diferentes e para mais regiões, dá mostras de que é capaz de se adaptar e manter seu bom funcionamento.
“Não sabemos qual das duas hipóteses é verdadeira”, diz a neurocientista Cheryl Grady, pesquisadora da Universidade de Toronto, no Canadá, e uma das primeiras a notar mudanças no padrão de ativação. “Provavelmente, as duas estão certas. Para algumas tarefas, o cérebro pode perder a precisão. Para outras, pode usar mecanismos compensatórios.”
É irresistível pensar que, talvez, a superativação do cérebro, representada pelo uso simultâneo de várias áreas, possa estar por trás das melhoras de raciocínio relatadas por quem está na meia-idade – e comprovadas pelos pesquisadores. Os cientistas descobriram que um sistema muito especial do cérebro, formado por circuitos localizados em camadas profundas do órgão, está constantemente ativado nos adultos de meia-idade. O sistema, chamado de modo- padrão, é usado nos momentos de reflexão, quando pensamos sobre o que aconteceu recentemente, fazemos balanços e traçamos planos para nós mesmos. Os pesquisadores concluíram que os adultos simplesmente não conseguem desligar o modo-padrão, algo que os jovens fazem quando estão envolvidos em uma tarefa. Os adultos, mesmo quando estão concentrados, continuam o bate-papo interno com eles mesmos.
“O modo-padrão do cérebro ainda é um completo mistério”, diz a neurocientista Patricia Reuter-Lorenz, pesquisadora da Universidade de Michigan. Estar em constante reflexão pode nos tornar distraídos, mas também pode ajudar a ter boas ideias. Isso explicaria por que adultos de meia-idade têm o raciocínio afiado, embora não lembrem onde puseram a carteira.
O cérebro de meia-idade pode ganhar habilidades surpreendentes conforme envelhecemos, mas isso não acontece com todos. Os cientistas perceberam que só os adultos que sempre tiveram hábitos saudáveis e vida intelectual ativa apresentaram a superativação. Há indícios de que a prática frequente de exercícios físicos promove o nascimento de novos neurônios em uma região do cérebro associada à memória. E atividades que desafiam o cérebro, como aprender uma nova língua ou até mesmo exercícios de memória, evitam que áreas do cérebro “enferrugem”. É como se essas atividades criassem uma reserva de neurônios que pode ser usada pelo cérebro quando ele entra em declínio. “Se a pessoa conseguiu criar uma boa reserva, é provável que tenha mais mecanismos para suprir deficiências causadas pelo envelhecimento”, diz o neurologista Ivan Okamoto, pesquisador do Instituto da Memória da Universidade Federal de São Paulo.
Adultos que têm hábitos saudáveis e mente ativa
mostram cérebro de alto desempenho na meia-idade
Há poucos anos, a meia-idade costumava ser considerada uma fase de crises, desencadeadas pela percepção dos primeiros lapsos de memória. Eles seriam sinal inequívoco da aproximação da velhice e, consequentemente, da morte. A percepção da brevidade da vida despertaria um conjunto de comportamentos chamado pelo psicólogo canadense Elliott Jaques de crise da meia-idade – sim, a famosa. Entre os sintomas descritos por Jaques no artigo de 1965 que deu origem ao termo estão “preocupação doentia com a saúde e a aparência”, “promiscuidade sexual” e “ausência de verdadeiro prazer em viver”. Esse tipo de comportamento pode ser facilmente encontrado entre pessoas de meia-idade, mas o conceito não tem base científica.
Jaques propôs sua teoria ao analisar casos de artistas que teriam mudado o estilo de suas obras após os 40 anos – um grupo pequeno e específico demais. Um dos estudos mais abrangentes a averiguar o nível de bem-estar nessa fase da vida mostrou que a maioria das pessoas se diz mais feliz do que antes. Segundo levantamento com 8 mil americanos da Fundação MacArthur, instituição privada de fomento à pesquisa nos Estados Unidos, apenas 5% dos entrevistados apresentavam reclamações. E, mesmo entre esses, a maioria já enfrentara problemas semelhantes em outras épocas – o que isentaria a culpa da meia-idade.
Aos 52 anos, o físico Marcelo Gleiser, professor do Dartmouth College, nos Estados Unidos, diz ter encontrado serenidade, e não angústia. “Quando você fica mais velho, torna-se mais calmo e seguro”, afirma. Ele diz ser capaz de escolher desafios com mais critério, para concentrar tempo e energia em problemas que possa resolver. “Conhecer os próprios limites dá paz de espírito.” Os estudos de neurociência sugerem que essa pacificação interior também está relacionada a alterações do cérebro. A equipe da psicóloga Mara Mather, da Universidade do Sul da Califórnia, mostrou imagens tristes e repulsivas a voluntários maduros e a jovens. Concluiu que nos mais velhos a área do cérebro responsável pelas emoções reagia menos às figuras negativas. Concluiu que era um sistema de proteção. O cérebro parecia escolher dar menos atenção ao lado ruim da vida. Há nisso mais inteligência e sabedoria do que um cérebro jovem talvez seja capaz de perceber.
Fotos: André Arruda /ÉPOCA





reprodução/Revista Época

Jack Johnson - Better Together (live)

24 horas, por Nadia Foes

Naquela manhã ela acordou e disse ao marido: estou cansada, cansada desta pasmaceira, não acontece nada de novo. Cansada da rotina diária e quero ficar longe de você. Nem que seja só por 24 horas. Quero ficar comigo. Já não me reconheço mais. E depois disso foi cuidar da vida. Alimentou e higienizou 16 gatos e o cachorrinho. O cachorrinho tão doente e tão velhinho que só vivia dentro de um cercadinho, daqueles de bebê. Tratou do bichinho com maior carinho e disse: querido, não é nada pessoal, mas tenho que ir, prometo que volto logo. O marido providenciou as passagens, os filhos ficaram preocupados, até parecia que ela estava indo pro Iraque. As meninas deram a maior força e ela começou os preparativos para viajar. O filho disse: mãe, por favor, cuidado, a cidade é grande e perigosa, podem te agarrar. Ela e pensou: quem sabe se não é disso que estou precisando, de emoção! E aí ela lembrou: o que fazer com o cãozinho tão velhinho e sentiu uma dor no coração. Ligou para a médica veterinária e pediu para que ela hospedasse o cãozinho por dois dias e a médica respondeu: me desculpe amiga mas tenho medo de ficar com ele e que ele venha a óbito. Aí ela respondeu: se ele ficar aqui em casa, aí sim ele virá a óbito pois necessita de medicação e meu marido vai ficar só e não sabe lidar com animais. Ligou para outra veterinária e pediu: por favor você pode me indicar uma pessoa boa para vir em minha casa cuidar dos meus gatos? A veterinária respondeu: chame o Babacão que ele vai. Meio confusa ela perguntou: como?! Babacão?! A veterinária deu um número de telefone e ela pensou: era só o que me faltava, ligar e perguntar, por favor seu Babacão está? Aí a veterinária explicou: não o nome dele é outro, Babacão é a empresa dele, especializada em cuidar das caminhadas de cães. Ligou para o Babacão, negócio fechado. Deixou tudo muito bem organizado e foi viajar.  Saiu no vôo das 6:00 horas, uma hora e pouco depois chegava em São Paulo. Apanhou a bagagem e se dirigiu para a fila do táxi com preço fixo. Quando chegou a vez dela, a atendente perguntou: tem cartão de crédito? Pois aqui não entra dinheiro. Ela estendeu o cartão e veio a pergunta: crédito ou débito. Ela respondeu débito. A moça pediu: tecle sua senha e a fila atrás dela não parava de crescer. E ela respondeu:  não tenho a senha, sou dependente do meu marido. Nesse caso, então, vamos fazer crédito, disse a moça. Ela saiu dali pensando: quem sou eu afinal, nem senha eu tenho. Foi aí que ela compreendeu que tinha passado a vida toda dentro de um regime patriarcal e que apenas trocou de dono, passou das mãos do pai para as mãos do marido. Suspirou, entrou no táxi, e disse: vamos para a Avenida Paulista. Deu o nome do hotel e no caminho notou tudo muito parado; ninguém no transito. Logo São Paulo que o slogan é São Paulo Não Pode Parar. Pois justo naquele dia, parou. Perguntou ao taxista: porque está tudo tão calmo hoje se já estive aqui em finados e estava o maior movimento. Era o dia da consciência negra e a cidade estava literalmente parada. Ela pensou: meu programa de ver a exposição de Tarsila Amaral no Memorial da América Latina já foi pelos ares. Chegando no hotel deixou as malas e perguntou ao recepcionista: tem algum lugar aberto para compras, hoje? Ele disse que sim. Ela foi às compras. Foi almoçar no mercado municipal. Andou pelas ruas, não se arriscou ir muito longe. E voltou para o hotel. No saguão comprou um lanche, subiu, tomou um banho, lanchou e deitou. Era apenas 17:30. Nem a televisão ela ligou. Tudo o que ela queria era ficar um pouco em silencio. Na manhã seguinte saiu depois do café da manhã, fez mais algumas compras e foi procurar um restaurante que ela já conhecia. Depois do almoço perguntou ao garçom: onde fica o Largo do Paissandu? Ele explicou que ela poderia ir a pé, mas era meio longinho. Foram quadras e quadras de caminhada, mas como foi bom fazer o percurso de Mário de Andrade, um de seus autores preferidos. Sentiu uma brisa gostosa batendo no rosto e a sensação de liberdade. Afinal, a quarenta anos ela não ficava só consigo mesma. Logo em seguida voltou ao hotel e pensou na vida como ela é. Pensou nos filhos, no marido, na vida que ela escolheu e voltou para sua rotina. Hoje ela pensa: lá se vão dois anos. Depois disso fez outras viagens mas ficar só e calada durante 24 horas não mais. Há mulheres que precisam de uma porção mais de liberdade e ela se contentou com apenas 24 horas.
Mais trouxe consigo a saudade do Mário e lembrou trechos do passeio que fez e lembrou de um trecho do poema Lira Paulistana que diz:

Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade
Saudade

Meus pés enterrem na rua da Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam

No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia

O nariz guarde nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade
Saudade...

Os olhos no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho da Universidade
Saudade...

As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Sinagoga Judaico-Portuguesa em Amesterdã, Holanda


O que você vai ouvir desenrola-se na Sinagoga Judaico-Portuguesa em Amesterdã, Holanda. É iluminada apenas por velas. Foi construída há várias centenas de anos e nunca foi eletrificada. O arco, assentos e tudo o mais foram feitos à mão, por construtores de barcos.
Inexplicavelmente, durante a 2ª. guerra mundial os nazistas nunca se interessaram por esta preciosidade
Apreciem, então, toda a sua beleza !!!

Kiss - Dublado e Legendado

No ar, mais uma edição da rádio Sucupira, genial criação de Dias Gomes - 19/08/2011

A divertidíssima imitação oficial de Novak Djokovic

Outra jogada genial dos publicitários da Head, que continua divulgando massivamente a sua série Instinct de raquetes. O primeiro dos anúncios teve como estrela Maria Sharapova, que passou a usar a marca oficialmente há pouco tempo. Agora a empresa austríaca ataca com seu principal garoto-propaganda, Novak Djokovic.
Baseada no histórico de imitações divertidíssimas de Nole, a Head colocou o sérvio para copiar Sharapova de forma oficial. O último vídeo divulgado pela marca tem o número 1 do mundo fazendo uma paródia do anúncio anterior de Sharapova. É divertisíssimo. Vejam abaixo.
O primeiro é o de Sharapova, que já está com legendas porque faz parte do canal brasileiro da Head no YouTube. O segundo, com Nole, ainda está sem legendas.


Agora que você já viu os dois vídeos, dou minha sugestão. Abra os dois ao mesmo tempo e veja o quão parecidos são. Os cortes são quase simultâneos e a última frase, “my game is instinct”, está sincronizada perfeitamente. Excelente trabalho da Head.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Carta de desabafo, por Aglaé Gil

O que me espanta e incomoda? O gosto metálico do tédio espalhado assim, em minha língua, como se eu lambesse toda a rotina mal-amada do mundo.
Mas, o que me entedia ainda mais é a teimosia tirana dos que não enxergam - só porque não querem - uma linha inteira findando e o tempo dela agonizando, enquanto estremece tudo, ao redor.
Engulo e a saliva me fere a garganta.
Experimento o medo de quem espera e não alcança e...
compreendo a dor da face oculta de qualquer lua anciã.

Djavan, Apenas Sorria

Uma mulher corajosa

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Rochas Magníficas no planeta Terra



Como ressuscitar um DVD riscado?


Depois de muito procurar em bagunçadas gavetas, você acha aquela mídia perdida há séculos. Fim do problema? Não! O DVD está todo riscado e seu drive não consegue ler os dados. Se você já passou por isso, anime-se, há solução. E ela está em cima da pia do banheiro.


Não é lenda. Testei eu mesmo e funciona: polir uma mídia riscada com pasta de dente realmente dá uma sobrevida a um DVD velhão. Isso acontece porque as substâncias abrasivas do creme dental removem parte de uma película plástica que protege a mídia e assim pode facilitar a leitura dos dados.
Para fazer essa gambiarra, é necessário de um pouco de pasta de dente branca (tipo Colgate ou Sorriso), um pano fino que não solte fiapos e MUITA LEVEZA nos seus gestos. O polimento da mídia NÃO deve ser circular. Não use força e movimente a mão sempre do centro para a borda do disco. Depois disso, lave a mídia com água, enxugue sem esfregar, e deixe secar longe do sol.
Os resultados variam muito dependendo do tamanho dos estragos no DVD. Geralmente, discos que sofreram acidentes (como serem pisoteados) não conseguem sobreviver. Mas geralmente, dá certo. O importante é tomar cuidado triplicado com a mídia depois do polimento, uma vez que sua película protetora é removida. E novos riscos podem causar danos irreversíveis.
Na minha experiência, um DVD riscado não me deixava terminar de copiar um arquivo grande. Depois do polimento, ele funcionou. Com o Eric Costa, colaborador da INFO, que escreveu sobre esse mesmo tema na edição 289, um disco com problemas de leitura em onze arquivos teve oito arquivos recuperados após a gambiarra.
BÔNUS TRACK #1
Na matéria do Eric há outra dica legal para recuperar arquivos de mídias danificadas, é o programa Unstoppable Copier. Ele tenta ler várias vezes cada arquivo, no caso de erro, além de gerar relatórios detalhados do que não foi possível copiar.

BÔNUS TRACK #2
Há um vídeo no YouTube em que recomendam uma gororoba inusitada para remover os arranhões dos DVDs. Trata-se de polir a mídia com uma camada pasta de dente, uma camada de manteiga de amedoim e depois deixar o disco boiando em uma mistura de Coca-cola. Não tive coragem de testar isso. Mas, se você estiver desesperado…

Via http://info.abril.com.br/noticias/blogs/como-se-faz/2010/03/31/com_ressuscitar_um_dvd_riscado/

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Quebra-cabeças, texto de Amy Toohill

Até eu conseguir montar meu quadro final, viverei com fé...... 




Ganhei de um amigo há uns tempos atrás um quebra -cabeças.
Eu não montava um quebra-cabeças desde que era criança.
Quando recebi o presente, pensei como era engraçado como deixamos de fazer certas coisas quando crescemos.
Montar quebra-cabeças, colorir desenhos, pular corda, brincar de esconde-esconde.
Coisas que nos davam tanto prazer quando éramos crianças, paramos de fazer a uma certa idade. Meio que por vergonha do que os outros vão pensar    e meio em função de todos os encargos e responsabilidades que a vida adulta nos traz e que nos deixa "sem tempo pra ser feliz."
Na realidade, eu aproveitei o quebra-cabeças e comecei a montá-lo, numa tentativa pueril de relembrar os bons tempos. Cada peça que eu encontrava e que se encaixava com outra era extremamente gratificante.
Mas confesso que, como o quebra cabeças tinha muitas peças, com o tempo comecei a me sentir frustrada. E comecei a refletir sobre as semelhanças que existem entre um simples jogo de quebra-cabeças e a nossa vida.
Num quebra - cabeças, cada peça é importante no total para a formação do quadro final.
Na vida, são as pessoas e os acontecimentos as partes importantes.
Como peças de um quebra-cabeças, cada um é único e especial do seu jeito.
Mesmo tendo semelhanças, não há duas peças iguais, assim como também não há duas pessoas iguais,
Enquanto eu trabalhava na montagem do quebra-cabeças, havia uma peça que eu estava certa de pertencer a um certo ponto em particular.
Mas, para minha completa frustração, essa peça não se encaixava.
Eu insistia em voltar a ela, mesmo sabendo que já havia tentado encaixá-la outras vezes.
Meu pensamento estava focado em que aquela peça era daquele espaço e eu insisti nisso, diversas vezes, sem sucesso.
Aí, pensei em quantas vezes eu fiz isso em minha vida.
Tentando fazer acontecer coisas que simplesmente , não eram pra ser.
Se você já montou um quebra cabeças, sabe como é perder tempo procurando por uma peça específica.
Tentei e tentei, mas eu não conseguir achar.
Tudo que consegui foi acabar embaralhando mais ainda as peças.
Com o tempo, acabei desistindo.
Porém, mais tarde, quando voltei, acabei percebendo que tal peça que eu tanto procurava, estava bem ali na minha frente.
Isso aconteceu em minha vida muitas vezes.
Tentava entender porque certas coisas aconteciam e do jeito que aconteciam.
Procurava até cansar as respostas e..... quando percebia, as respostas estavam bem ali na minha frente como a tal peça do jogo que eu procurei insistentemente.
Era só dar uma paradinha, as vezes, até um passo atrás, respirar, me acalmar e esperar que as respostas vinham.
Refleti e todas as peças de minha vida que me fizeram perguntar: "Por que, meu Deus?"
E, repentinamente, percebi que, por causa dessas peças, outras depois vieram a se encaixar tão bem no transcorrer de minha existência.
Compreendi então que tudo em nossa vida acontece por alguma razão. Acontecimentos bons e até os momentos ruins que nos trazem algum aprendizado.
Talvez ainda não consigamos entender o papel de cada peça no quebra-cabeças de nossa vida. Pois o quadro final ainda não está completamente montado e existem muitas lacunas abertas.
Até eu conseguir montar meu quadro final , aprenderei a viver com fé.Sabendo e confiando que todas as peças que eu preciso estão bem ali, perto de mim.
Lembrarei que há um grande quadro, um plano pra mim que talvez eu não consiga enxergar agora.
Farei isso até que a grande obra-prima de Deus em mim esteja completa. E então , Ele dirá: 
- Muito bem, está completo.

                                                                                             Texto de Amy Toohill

Imagens do Século passado


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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Elton John - Candle in the Wind ( Tradução )

Entre Pessoas - Aglaé Gil

Vejo as pessoas e percebo o mundo que carregam consigo. O que me separa delas é esta janela que se impõe e acaba por nos afastar assim, de quem é tão próximo, por condição.
As pessoas são uma parte de mim que desconheço, porque acabo me afastando também - eu que, muitas vezes, gosto de pensar em mim como alguém sem muralhas ao redor. Entediante, implacável hipocrisia. Sou apenas mais um ser humano de coração vadio e pensamento desatento ao que deveria estar tão presente em mim. Por uma simples questão de humanidade.
Nós - todos nós- temos o defeito de nos negarmos ao outro, envoltos em uma casca daquilo que temos por ideal mas que, na maioria das vezes, não passa disso.
Vejo as pessoas e não consigo dimensionar a dor que carregam em si.
As pessoas me veem e seguem.
A maioria de nós vagueia pelo próprio deserto interior.

Se eu morrer antes de você, faça-me um favor

 
Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase : ' Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !' Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxuga-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas ? Sim??? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu . . . Sabe porque ? Porque... Ser seu amigo já é um pedaço dele

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Testando em Humanos - FLASHMOB - TESTÉ SUR DES HUMAINS - TVA


Este é o Flashmob Organizado pela "Testado em humanos"equipe da TVA.
Todos os participantes foram transportados ao local por cortesia do STM, que acredita neste projeto.
Trilha sonora: Com as sombras, de Robert Bennett
-A cada ano, 671 milhões de quilos de plástico são produzidos ao redor do mundo.
-A cada ano, 400 milhões de garrafas e latas não são ​​recicladas em Quebec.
-Há 18 mil peças de plástico flutuando em cada km2 de oceano.
-91% dos Quebequenses se preocupam com o meio ambiente.
Via Liége Vaz

No ar, mais uma edição da rádio Sucupira, genial criação de Dias Gomes - 05/08/2011

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Cartas do meu tempo: Todos em um..Um em todos, por Aglaé Gil

Quando escrevo minhas cartas, geralmente sou a tinta e o próprio papel, sou cada letra e estou entre as linhas, querendo me misturar e me transformar, talvez, em uma espécie de escultura. É bom realizar a ligadura entre as palavras e poder moldá-las com gestos que as transformem em algo que chegue a alguém.
Hoje chove aqui, assim como em quase todo o sul. E eu me pego olhando para a chuva e imaginando as letras que em seguida eu deito por aqui, como se elas fossem os pingos da chuva.
Penso em quem lerá. Talvez esteja, agora, na correria de uma segunda-feira, sob chuva, neste início do mês de agosto. Ou, até, esteja sob o sol dourado do Rio, de algum lugar do Nordeste ou do Norte, bebendo uma água de coco[ou suco de açaí] e se deliciando com imagens que nos fazem bem. Não importa. Com chuva ou sol somos feitos, todos, de uma mesma essência. E há,nela, preocupações e anseios e medos e alegrias e satisfações muito, muito parecidos..
Por isso, sorrio para você, que me lê, do jeito que mais sei: derramando um bom tanto de mim por aqui. E pedindo, com o mesmo prazer, que pare, neste instante, para olhar para alguma coisa que esteja há muito tempo sem parar para notar. A chuva caindo. O sol viajando em nosso céu, sobre nossas cabeças. Um passarinho logo ali, sobre uma árvore ou sob o poste de luz da rua. A pessoa passando e,sabe Deus, indo para onde. Sei lá. Alguma coisa que não costuma observar.
A beleza da vida é tão intensa que parece até um deboche, não é?
E gosto de pensar em cada um sempre ligado ao outro. Ah... poderosa argila a receber contornos sábios...

Bolas de Gelo, fenômenos da natureza