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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A História de Nana - Nadia Fóes


Nana contava cinco anos quando entrou com sua mãe naquela casa; jamais vira em sua vida ambiente tão suntuoso e pensou nos contos de fada que sua mãe costumava contar para fazê-la adormecer. As portas altas de folhas duplas davam para um pequeno saguão onde um belo anjo barroco dava as boas vindas. Na sala da lareira, os móveis eram de época, mas pareciam vindos de um castelo. Seus olhos não cansavam de percorrer a sala; os espelhos, as telas, os lustres, tudo encantou Nana, mas o que mais encantou Nana foi a dona da casa e suas duas filhas. Uma da idade de Nana e outra um pouco menor. A dona daquela casa magnífica era uma médica e o marido também era médico. O consultório ficava anexo à residência. A doutora estava a procura de alguém para cuidar da rouparia e que soubesse costurar para fazer lençóis, roupas para o dia a dia, uniformes, e etc. A mãe de Nana apresentou-se trazendo a filha pela mão, menina linda, loirinha de olhos escuros. As meninas da casa também eram loirinhas. A mãe de Nana veio com recomendação partida da sogra da médica. Logo após a entrevista ficou combinado de começar no dia seguinte. Era o tempo da mãe de Nana arrumar as poucas coisas das duas e colocar a pequena casa onde moravam para alugar. No mesmo dia mudaram para a residência da doutora. Nana e a mãe receberam o apartamento da parte superior da garagem, amplo e arejado, mobiliado com bom gosto, e cortinas de voil listado que pareciam um arco-íris. Na cabeceira da cama de casal, um crucifixo e um terço enorme lembravam o divino. Nas mesas laterais, dois lampiões belgas. No chão de tábuas, tapetes coloridos entonando com a cortina. Era o apartamento de hóspedes. A mãe de Nana encantada com a oportunidade de viver bem e em um lugar tão elegante e seguro, recomendou: Nana, não faça bagunça, só brinque com o que é seu. Nana carregava muitos livros de história. Um baú de livros presente de seu pai desaparecido. Como a mãe de Nana gostava de ler à noite, as duas se recolhiam mais cedo para ler na cama, e a mãe de Nana contava aquelas lindas histórias. Certo dia a babá das meninas da casa adoeceu e foi se curar na sua própria casa, levando todos os medicamentos, frutas e verduras para se recuperar mais rápido e a mãe de Nana foi escalada para substituir a babá. A mãe de Nana pediu permissão para a dona da casa para levar as meninas para a rouparia que era um grande quarto com armários grandes para guardar tecidos, máquinas de costura, mesas com gavetas de corte, e mesas de passar e engomar. A mãe de Nana gostava de engomar as roupas com gelatina. Todas as roupas das meninas e as de cama e mesa eram engomadas. No canto do quarto de roupas a mãe de Nana improvisou uma mesa e três cadeiras, mandou o jardineiro cortas os pés de três cadeiras que estavam separadas para doar. Ela pintou uma velha mesa e as cadeiras, colocou um quadro negro na parede e ali, entre uma costura e outra, começou a alfabetizar as três. No início de abril a doutora comprou tecidos mais pesados de muito bom gosto. Comprou também organdi e rendas e pediu para a mãe de Nana fazer os vestidos de páscoa; comprou vários figurinos infantis italianos. A mãe de Nana reuniu as meninas e consultou as três e elas fizeram as suas escolhas. Não teve confusão, uma escolheu o tecido xadrez, outra o listado e outra o estampado. A mãe de Nana confeccionou os vestidos que ficaram tão lindos que a doutora a elegeu a costureira oficial da casa. Ela passou a confeccionar todos os vestidos da mãe e das filhas. Aí ficou estabelecido que nos meses de outubro, novembro e dezembro seriam confeccionadas as roupas de verão e que em abril seriam confeccionadas as roupas de inverno. A doutora comprava os aviamentos, tecidos e figurinos para confeccionar as roupas das cinco mulheres. A mãe de Nana era muito jovem e bonita, a doutora também. Certo dia a doutora disse ao marido, vou fazer a matricula das três meninas no colégio. O marido perguntou você pensou bem? Porque as meninas são muito unidas, mas de origem diferente. E o pai de Nana, não se sabe sequer se a mãe da Nana não é solteira. A doutora que era adepta da justiça social perguntou, e daí? Mas resolveu consultar a mãe de Nana que jamais falara no pai da menina tão educada. E foi aí que ela explicou, eu não gostaria de ver minha filha estudando em colégio tão tradicional, porque eu não posso usar o nome do meu marido, e foi esta a causa que me fez candidatar ao emprego na sua casa. Aqui estamos seguras, ele sumiu nos porões da ditadura militar, foi à uma reunião de operários dar uma palestra e nunca mais apareceu. Como a sua sogra sabia do caso, pois ela ajudou muita gente a sair do país, ela resolveu que em sua casa, ninguém se atreveria a procurar. Ficou decidido que Nana iria para outro colégio e com o nome de solteira de sua mãe. Mas as meninas sempre andaram juntas até terminar o curso normal. Comemoraram a festa de quinze anos das duas, o baile de debutantes, a formatura. Depois de formadas e já com namorados em vista, a mãe de Nana trabalhou dobrado. Ela já possuía um pé de meia considerável, mas não quis se afastar do seu porto seguro. A primeira a casar foi Nana; casou com um rapaz muito bom, de boa família, era professor universitário e não se envolvia em política, que a mãe de Nanda gostou. O casamento de Nana foi lindo, vestido de alta costura confeccionado pela mãe da noiva. A igreja estava linda; na época era costume recepcionar os amigos íntimos, parentes e padrinhos. E a mãe de Nana quis ter o prazer de oferecer a festa como uma forma de agradecer tudo o que recebera da maravilhosa família. Festejou o casamento da filha em um restaurante que possuía anexo um luxuoso salão de festas, porem pequeno, o espaço físico era para cem pessoas. E a decoração foi um conto de fadas, as mesas receberam toalhas amarelas e sobre-toalhas brancas; louças com motivo floral, amarelo ouro e branco; guardanapos de tecido leve floral confeccionados pela mãe da noiva; e o centro de mesas, luminárias filigranadas de marfim igual ao porta-guardanapo; as cadeiras vestidas de amarelo com laços brancos; a mesa de doces era redonda com toalhas amarelas e sobre-toalhas brancas; dois enormes querubins seguravam uma gaiola dourada onde dois pássaros amestrados faziam coreografias, aliás os pássaros eram premiados em exposição, o único luxo da mãe da noiva que era ornitóloga; a iluminação das mesas dava uma efeito cênico que anos depois ainda se comentava; o bolo da noiva, um enorme colchão de noiva branco com dois pássaros, aves do paraíso, de plumas brancas; na época estava fora de cogitação o casal de noivinhos em cima do bolo; a ceia digna de príncipe, os vinhos os melhores. Foi tudo tão perfeito e luxuoso, luxo que só se repetiria no casamento da filha da doutora que foi madrinha de Nana e que casou dois anos após. E como não poderia deixar de ser, foi a mãe de Nana que organizou a festa e se esmerou, pois aí ela já estava se tornando profissional em organização de festas. Suas idéias eram tão surpreendentes que quanto mais festas organizava, mais se superava. Nana casou e foi morar em local nobre, decorado pela sua mãe que passou também a fazer decoração de interiores. Nana fez faculdade e passou a trabalhar com o marido, foi ser professora universitária. Teve duas filhas que hoje moram em Londres e estão cursando o San Martin College of Art and Design. Sua mãe continua a morar na casa de sua amiga médica e seu marido, no apartamento da garagem. Do pai de Nanda nunca se teve notícia e com a anistia política a mãe de Nana pode assumir a sua verdadeira identidade e passou a procurar pelo marido que desapareceu na ditadura militar. O que ela soube foi que ele foi preso quando estava a caminho do local onde ia dar a palestra. Foi levado pela polícia para depor e nunca mais foi visto. Segundo a pessoa que deu essas informações, é bem possível que tenha sido lançado ao mar. Ela, com a ajuda dos amigos, fundaram uma organização que luta pelos direitos das viúvas da ditadura. A mãe de Nana nunca se refez da perda do marido e não se casou mais. Aos domingos as quatro famílias, mais a mãe de Nana, se reúnem no sitio de Nana onde podem descansar a cabeça, tomar banho de cachoeira e relembrar a infância das três meninas inseparáveis. Final do ano, época de festas de natal e ano novo, todos se encontram na residência do médico que é a mesma casa onde cresceram Nana e suas amigas. Elas continuam inseparáveis, são mulheres bem resolvidas e têm maridos feitos sob encomenda para a sua mulher exemplar.



Restaurandora de bens culturais, pintora, escultora, ourives, Em 2010 foi classificada em concurso internacional em contos e cronicas, Três livros publicados e uma coletânea do concurso Edições AG. Mora em Florianópolis, na ilha, casada, três filhos, gosta de animais domésticos, de cultivar plantas, reunir os amigos, viajar, leitura, cinema, e a paixão de escrever.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Cinco maiores arrependimentos antes de morrer

A especialista do Hospital Einstein comenta os cinco maiores arrependimentos que as pessoas têm antes de morrer.

O sofrimento de Renoir



O perigo do Bisfenol- A


O QUE É BISFENOL-A?

O bisfenol-A (BPA), cuja formula é (CH3)2C(C6H4OH)2, é um composto utilizado na fabricação do policarbonato, um tipo de plástico rígido e transparente. É o monômero mais comum entre os policarbonatos empregados em embalagens de alimentos. O BPA é também um dos componentes da resina epóxi (plástico termofixo que endurece quando misturado a um agente catalisador ou “endurecedor”), presente por exemplo no revestimento interno de latas para evitar a ferrugem.
Apesar do plástico ser considerado estável, já se sabe que as ligações químicas entre as moléculas do BPA são instáveis, permitindo que o químico se desprenda do plástico e contamine alimentos ou produtos embalados com policarbonato ou resina epóxi. No caso de aquecimento do plástico, a contaminação por BPA é ainda maior.

ONDE ENCONTRAMOS O BISFENOL-A?
  • Em grande parte das mamadeiras de plástico;
  • Em embalagens plásticas para acondicionar alimentos na geladeira, copos infantis, materiais
    médicos e dentários;
  • Nos enlatados, como revestimento interno (resina epóxi);
  • Em garrafas reutilizáveis de água (squeeze), garrafões de 5L.
COMO O BISFENOL AFETA A SAÚDE?

O bisfenol-A está presente em produtos no mercado por mais de 120 anos. Estudos demonstram que o BPA não só é um composto onipresente nos seres humanos (alcançou 93% da voluntários em uma ampla pesquisa americana), mas também uma potente toxina mesmo em doses muito baixas. Considerado um interferente endócrino, o químico age como alguns dos hormônios presentes no corpo humano e pode comprometer a saúde. Estudos sugerem que a parte mais afetada é o sistema reprodutivo, sendo fetos e bebês os mais vulneráveis à sua exposição.
Estudos realizados associaram o bisfenol-A a uma maior incidência de: obesidade, problemas cardíacos, diabetes, câncer na próstata e mama, puberdade precoce e tardia, abortos, anormalidades no fígado em adultos e também problemas cerebrais e no desenvolvimento hormonal em crianças e recém-nascidos. O químico também foi associado a problemas sexuais em homens como a diminuição da qualidade e da quantidade de esperma.

Outras doenças associadas ao bisfenol-A
  • Hiperatividade;
  • Autismo em crianças e adolescentes;
  • Problemas cardíacos;
  • Diabetes.
A POLÊMICA DO BISFENOL A

Cientistas, fabricantes e órgãos reguladores concordam em quatro pontos:
  1. Pessoas do mundo civilizado estão em constante exposição ao BPA.
  2. Bebês são os mais vulneráveis à exposição, vinda principalmente das mamadeiras de
    policarbonato.
  3. O BPA age como estrogênio.
  4. Alguns estrogênios sintéticos causam câncer e infertilidade.
A polêmica envolve a metodologia de alguns estudos já publicados e a definição da quantidade segura para o consumo.

PODEMOS FALAR DE DOSE SEGURA?

Vários estudos comprovaram que mesmo em doses abaixo da recomendada por órgãos reguladores eles causam algum dano à saúde. O FDA montou um painel de discussão sobre o assunto. De mais de 100 estudos independentes, 90% comprovaram os efeitos negativos do bisfenol-A. Dos 14 estudos patrocinados por empresas químicas, nenhum atestou os efeitos prejudiciais da substância. Vale ressaltar que só nos Estados Unidos a venda do BPA gera cerca de US$ 6 bilhões ao ano.

O BISFENOL NO MUNDO

Estados Unidos Quatro estados (Minnesota, Washington, Connecticut e Wisconsin) e algumas cidades, incluindo Chicago e Rockford proibiram sua utilização em produtos infantis. Tanto o FDA quanto o EPA declararam o bisfenol-A preocupante e estão revisando sua posição em relação ao uso do BPA.
Canadá, Costa Rica e Dinamarca proibiram seu uso.
França O senado aprovou sua proibição e agora a lei passa por outras instâncias.
Europa O European Food Safety Administration (EFSA ) também está reavaliando seu uso com um relatório final a ser publicado ainda no primeiro semestre de 2010.

BISFENOL – BRASIL

A diretiva da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil) é normalizada junto ao Mercosul, foi revista em março de 2008 (Resolução Anvisa nº 17, de 17 de março de 2008) e baseia-se em lei da Comunidade Européia de 2004 (Comission Directive 2004/19/EC).
Para o bisfenol-A, o limite de migração específico (LME) permitido das embalagens para os alimentos e bebidas é de 0,6 mg/kg de material plástico.
No momento, o Projeto de Lei do deputado Beto Faro (PT-PA), que está sendo analisado pelas comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados, tramita em caráter conclusivo. O Projeto  proíbe a produção, a importação e a comercialização de embalagens, equipamentos e outros produtos para lactantes e crianças da primeira infância que contenham em suas composição o bisfenol-A.
Em Curitiba, o vereador Aladim Luciano (PV) propôs lei banindo o bisfenol. Apresentado na Câmara de Curitiba, em março de 2010, o projeto prevê a proibição da fabricação, fornecimento e comercialização de mamadeiras e brinquedos infantis compostos por elementos plásticos que liberem o poluente orgânico persistente bisfenol-A (BPA).

COMO EVITAR O BISFENOL A

1 – Evite acondicionar alimentos ou bebidas em  plásticos de número 3,6 e 7. O 3  e o 7 contêm BPA e o 6 contém estireno que também é tóxico.
2 – Não esquente embalagens de plástico com bebidas e alimentos no microondas. O bisfenol é liberado em maiores quantidades quando o plástico é aquecido.
3 – Evite o consumo de alimentos e bebidas enlatadas, pois o bisfenol é utilizado como resina époxi no revestimento destas embalagens
4 – Evite pratos, copos e outros utensílios de plástico. Opte pelo vidro, porcelana e aço inoxidável na hora de armazenar bebidas e alimentos
5 – Descarte utensílios de plástico lascados ou arranhados. Evite lavá-los com detergentes fortes ou colocá-los na máquina de lavar louças
Para as mães:
- Use mamadeiras e utensílios de vidro ou bpa free para os bebês. Quando aquecido, o plástico libera uma quantidade maior de bisfenol-a.
Outras informações sobre o Bisfenol você encontra no site O Tao do Consumo

Publicado por Rádio CBN

domingo, 24 de fevereiro de 2013

____nós, hoje - Aglaé Gil

Publicado por [[[ hiato necessário ]]] dia a dia de alquimias e pensamentos e bobagens

[imagem: jessica durnt]

...
A gente saliva um pouco, engole e segue adiante.
Somos emudecidos por tantas carrancas deste tempo - o nosso, arrastado tempo em que se explode 
por um piscar de olho mais ousado.
E a gente se controla enquanto pode - porque
pode ser que o outro nem possa mais.
O susto das notícias é algo que mora em casa, abre
a geladeira e lancha ao nosso lado, numa bancada
usada como mesa, porque mal se tem tempo para
comer ressoando  histórias em família.
O ponto é este: afastamento.
Nós nos afastamos - e começamos a fazer isso
em casa.
Nós nos perdemos uns dos outros.
Já não sabemos [ou sabemos muito pouco]
onde moramos e do que gostamos.
Uma tevê conversa conosco - monólogo do absurdo
e ansiedade subliminar.
Ela ocupa o lugar da mãe, do pai, do filho, do marido, da mulher e do olhar carinhoso que seria tempo de dar
sobre nós mesmos.
Somos o risivel submundo do que criamos.
E se já foi necessário acordar aguma vez,
agora é a hora de fazê-lo
mais do que sempre.
...
A gente saliva e sente falta do beijo
não dado.
Sorri de lado e se expõe ao hoje ridículo
hábito de estar alegre e de bem com a vida.


Aglaé Gil,  de Curitiba – com formação em revisão e produção de textos; pesquisadora de História e Literatura; aprendiz de viver; poeta;mãe; cidadã. [não necessariamente nessa ordem]

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Depilações “à brasileira” podem estar colocando os chatos em extinção


Mas não se trata desse tipo de chatos. Estamos falando de um pequeno inseto parasita chamado de Phthirius Pubis, conhecido no Brasil pela alcunha de “piolho-da-púbis”, ou a mais popular, “chato”.Ao ler o título deste artigo, você pode ter pensado: “como assim, a depilação pode colocar os chatos em extinção? Inventaram uma forma mais segura de se depilar, que evita que eles critiquem o procedimento”?
Devido às condições certas de calor e umidade, às regiões próximas à genitália (tanto a masculina quanto a feminina) são as preferidas deste pequeno inseto, que se esconde em roupas de cama, toalhas e nas dobras das roupas. Mas os dias de infestação do pobre chato parecem contados, porque ele precisa de um ambiente cada vez mais raro nos dias atuais: pelos pubianos.
Um centro de saúde em Sydney, na Austrália, conduziu uma pesquisa que constata uma queda vertiginosa em infestações de chatos nos últimos dez anos. Nenhuma mulher é diagnosticada com este problema desde 2008, e os casos entre homens caíram mais de 80% no período.
A razão para este novo índice é muito clara: a tendência em grande parte das culturas modernas em raspar os pelos da virilha, simplesmente porque está na moda. É um tapa na cara daqueles que defendem que a medicina estética não poderia oferecer um benefício real à saúde pública.

Quase duas décadas de cera e gilete

Nem todo mundo conhece essa história, mas um grupo de brasileiras é que está na vanguarda do movimento de raspagem da virilha. No ano de 1986, uma família de sete irmãs do Espírito Santo – Janea, Jussara, Judicéia, Juracy, Jocely, Joyce e Jonice -, que já trabalhavam com cuidados de beleza no Brasil, decidiram abrir um salão em Nova Iorque.
Nascia o J Sisters, um estabelecimento que ajudou a moldar os padrões de estética nos Estados Unidos, e por conseguinte, na sociedade ocidental. No ano de 1994, elas desenvolveram e popularizaram o método de depilação à cera, tanto na versão biquíni, quanto na de sunga, que tem ganho cada vez mais adeptos no universo masculino.
Do ponto de vista social, é discutível o padrão de beleza que trata como heresias terríveis os pelos que as mulheres conservam em regiões antigamente “permitidas”, como as axilas e a virilha. Muita gente – incluindo as J Sisters – usa esse padrão para lucrar.

Quão boa é essa notícia?

No caso do suposto benefício médico, também há mais de um lado da questão a se considerar. De fato, é positivo que as infestações de chatos tenham diminuído. Mas talvez os riscos não compensem as vantagens. Para começar, o inseto apenas suga sangue e não transmite nenhuma doença – o único grande desconforto é a coceira -, e é facilmente tratável com certos medicamentos (muita gente, inclusive, nem chega a consultar um médico quando os contrai).
Além disso, a depilação à cera nem sempre é totalmente segura. Mesmo quando feita da forma mais limpa e higiênica possível, aumenta a vulnerabilidade das áreas genitais a infecções e DSTs. Alguns doutores são terminantemente contra o procedimento da depilação por conta destes riscos. Mas é claro que não é nada fácil dizer isso à nova geração de homens e mulheres que se acostumaram a andar “pelados” por aí. 
Publicado por Hypescience

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Ressurgindo!!! - Angela Costa


Foto: Mike Bueno
Foi na impossibilidade do toque, auto condenação, que busquei imagens...Me acreditei segura...estava resguardada, não podia me ferir sensivelmente. O que sentia entrava pelos olhos não tocava a pele.
A velocidade dos sentimentos, das percepções, acendiam sensações apagadas, adormecidas na profundidade de uma rígida caixa. De imediato me lancei em vôo.
Da imensidão ao longo mergulho. Quase fatal...
Como num grande naufrágio, muito se perdeu.
Retornei...nua e gélida.
Desmedidamente maior, ansiando por respostas...
Querendo o reverso, a imagem não refletida...
Sempre na busca pela sombra, que delimita mas não revela o conteúdo.
Numa procura cheia de ânsia, de angústia, vagando no lado escuro onde está a dor.
É lá que estão as grandes questões...onde a porta se abre em direção aos rochedos, e como aves nos estilhaçamos, experimentando o eterno suplício de um Prometeu.
Tudo já foi vivido...ficaram as palavras dessa aventura cíclica e de eterno retorno que é viver.
Onde guardar um espírito que estremece, tocado pela semelhança das mesmas dores, das eternas buscas de outros viajantes.
Aguçado está o olhar. Não é a alegria que o fascina mas a tristeza. É ela que nos iguala...que nos apresenta ao outro.
Não é toque, que se extingue no suspiro...A busca é muito maior.
Que um dia o espírito volte à caixa, mas apenas quando for impossível contê-lo...é quando tudo é silêncio, e quando livremente só lhe restará voar.

Angela Costa, 58 anos. Amante da História, amante da Literatura, duas faculdades a serem concluídas. Uma aprendiz que busca na palavra uma voz para o sentimento.

Imagenes del bumker donde Hitler y su esposa Eva Braun se suicidaron





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Foto: Sede: Centro de Adolf Hitler comando sala de conferencias parcialmente quemado por las tropas de las SS / Life
(Caracas, 16 de enero. Noticias24) – El fotógrafo, William Vandivert realizó una serie de imágenes en el búnker donde Adolf Hitler y su esposa, Eva Braun, se suicidaron.
William, que para ese momento contaba con 33 años de edad, registró la ciudad devastada. Vandivert declaró a Life que casi todos los edificios de Berlín quedaron destrozados. “En el centro de la ciudad se podía caminar por bloques y no ver ningún ser vivo, y escuchar nada más el silencio de la muerte.”
Cientos de miles de personas perecieron en la batalla de Berlín (incluyendo un número incalculable de hombres civiles, mujeres y niños) mientras que muchos más se quedaron sin hogar en medio de las ruinas. Pero fueron dos muertes particulares, el de Hitler, de 56 años, y Eva Braun, de 33 años. En ese búnker subterráneo, el 30 de abril de 1945, marcó la verdadera caída: el final del Tercer Reich.
Vandivert fue el primer fotógrafo occidental en acceder a Führerbunker de Hitler o “refugio para el líder”, y una serie de fotografías del bunker y la ciudad en ruinas fueron publicadas en la revista LIFE en julio de 1945.
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Foto: William Vandivert / Life
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Foto: Calle Oberwallstrasse: donde algunos de los combates para el control de Berlín tuvo lugar / Life
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Foto: Life
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Foto: Corresponsales de guerra examinan el brazo del sofá manchado de sangre, mientras que uno de ellos utiliza una vela para buscar en el suelo pruebas del suicidio de Hitler / Life
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Foto: Life
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Foto: Life
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Foto: Soldado ruso / Life
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Foto: papeles Quemados y esparcidos sobre el escritorio dentro de búnker de mando de Adolf Hitler / Life
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Foto: Life
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Foto: Life
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Foto: Percy Knauth tamizando a través de la suciedad y los escombros en el agujero donde los cuerpos de Hitler y Eva Braun se presume fueron quemados después del suicidio, en el jardín del Reichstag. / Life
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Foto: Life
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Foto: Envases de gasolina vacíos presuntamente utilizado por las tropas de las SS para quemar los cadáveres de Adolf Hitler y Eva Braun / Life
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Foto: Life
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Foto: Un soldado de EE.UU., PFC Douglas Page, ofrece un saludo burlón nazi dentro de las ruinas bombardeadas de la Sportspalast Berliner donde el Tercer Reich a menudo celebraron mítines políticos / Life
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Foto: En el Reichstag, la evidencia de una práctica común a lo largo de los siglos: los soldados garabatearon graffitis para honrar a sus compañeros caídos, insultar a los vencidos o simplemente anunciar, “Yo estuve aquí”. “Yo sobreviví”. / Life
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Foto: Un globo aplastado y un busto de Hitler en medio de los escombros fuera de la arruinada Cancillería del Reich / Life
Con información de life.time.com

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Na moral - Nelson Motta

"Parei minha moto no shopping, roubaram a tampa da válvula do pneu. Tinha uma ótima tesoura Tramontina para tosar cachorros, mas alguém que esteve na minha casa a trocou por uma de pior qualidade. O médico me mandou tirar radiografia desnecessária só para gastar dinheiro do plano de saúde. Minha revista semanal sumiu na portaria do prédio."
A prosaica semana de um leitor carioca, tão banal e parecida com a de milhões de brasileiros de todas as classes sociais que são vítimas constantes de pequenos (e grandes) roubos e malandragens públicos e privados, mostra como isto está arraigado na nossa cultura, atravancando o crescimento do nosso IDH, por mais que se invista em educação, tecnologia e infraestrutura. 
Será que estamos condenados para sempre a essa cultura nefasta? Ou já foi pior e aos poucos está mudando por força da lei, da polícia e da Justiça? E dos bons exemplos que se espalham na mídia e nas redes sociais, embora os piores exemplos venham justamente dos que têm por obrigação a conduta exemplar: os políticos que fazem do Congresso uma das instituições mais desmoralizadas diante da população. 
Tudo bem, o Brasil está rico, poderoso, solidário, mas 43% dos alfabetizados não sabem ler, mais da metade das cidades não tem esgoto tratado, 1/3 das Câmaras Municipais - e do Congresso Nacional - estão nas mãos de processados ou condenados pela Justiça. Não é uma questão de ideologia, é de uma cultura, que não muda com leis, programas ou verbas, mas com o tempo e os exemplos que vêm de cima e de fora, em casa e no trabalho. Moralismo otário? Ou exigência do desenvolvimento social?
Nos anos 60, acreditava-se que a revolução castrista não só transformaria a política, a economia e a cultura em Cuba, mas criaria o "novo homem cubano", limpo, livre e solidário, mas hoje os furtos, transgressões e malandragens se tornaram um modo de vida na ilha, pela nobre causa de comer todo dia.
Não bastam a economia, a educação e a tecnologia, é o exercício dessas leis não escritas - porque todos conhecem - que vai tornar melhor, ou pior, viver em um país rico e sem miséria. Na moral.


Fonte: O Globo

Férias na África ou lições para a vida? - André Caldeira

Publicado por Revista Exame



Agora no final de janeiro tirei férias com minha família, por conta do aniversário de 40 anos da minha mulher. O destino, selecionado no ano passado depois de muitas pesquisas e cotações, foi a África do Sul.
Dias inesquecíveis: convivência 24 horas com minha mulher e nossos 2 filhos, paisagens maravilhosas, correria e cansaço, distância do trabalho, dos e-mails (OK, uma ou outra olhada na caixa de entrada de vez em quando), do I-Phone, da rotina de maneira geral. E algumas passagens que me fizeram pensar muito na perspectiva do dia-a-dia, do trabalho e de nossas vidas.
A primeira tem a ver com a interpretação de nossas intenções e gestos, e acho que isso vale também para a vida profissional, por conta de tantos ruídos e confusões que vejo como a dinâmica central de muitos times e empresas. Emissão e recepção da mensagem, intenção e resultado, causa e consequência.
Estávamos no alto da Table Mountain, um lugar espetacular na Cidade do Cabo, que fica a uns 500 metros de altura, com vista panorâmica da cidade. Em uma das centenas de fotos que tiramos, sentei na mureta, de costas para o precipício, para fazer uma pose para a foto que seria tirada por minha mulher, enquanto o Lucas, meu filho de 11 anos, me olhava. Resolvi brincar que tinha perdido o equilíbrio, e que estava caindo para trás… Depois dos gritos e da bronca da minha mulher em seguida, vejo meu filho sair correndo para um canto, de cabeça abaixada. Vou até ele para me desculpar e vejo que está chorando, muito nervoso.
“Desculpe, filho, papai só estava brincando. Não foi nada… Não é para tanto. Por que você ficou desse jeito?”
“Pai, eu pensei que você estava caindo. Não queria ficar sem você…”
“…” 
(eu, chorando junto, querendo me enforcar de ter feito aquilo, ao mesmo tempo que tomado por um amor tão grande, tão forte, que nem consigo expressar)
Passados alguns dias, fomos para o Kruger Park, para as experiências de safari no meio da selva africana. No primeiro passeio, o motorista nos avisa que haviam localizado um bando de elefantes, e que tínhamos que correr para chegar a tempo. Depois de algumas voltas e retornos, comunicação no rádio e sensação de protagonizar um episódio do Discovery Channel, paramos numa estrada deserta, com o pedido para ficar em silêncio. Alguns minutos de espera, somente os sons da floresta e mais nada. Eis que, a não mais de 5 metros do nosso carro, surge a mãe e dois filhotes, seguidos pelo pai, como que os protegendo. Elefantes enormes, imponentes, majestosos, passando por nós como se fôssemos simples pedras. A África se manifestando para mim por meio daqueles animais, mostrando a vida, a natureza, o planeta. E o mais forte: nosso tamanho no meio disso tudo. Fiquei pensando no quanto nos focamos somente em nossas vidas, em nosso pequeno mundo, em nossa sequência de dias de trabalho e entregáveis no escritório, e esquecemos que somos um pequeno grão de areia em uma engrenagem tão mais grandiosa, que não depende e não espera nossa contribuição para seguir em frente, e que faz isso todos os dias, enquanto estamos debruçados nos relatórios ou no computador. É a vida real e grandiosa que segue enquanto estamos no microscópio, no micro cosmos do capital, do market-share e do Excel, do próximo carro ou trabalho.
Outra passagem foi com o nosso tracker, que é o parceiro do motorista nos safaris, responsável por encontrar pistas e pegadas (tracks) dos animais. Elliot, nosso tracker, tinha 18 anos de experiência e um amor profundo por seu trabalho. Mas o mais impressionante era seu foco absoluto e uma capacidade de ver e ouvir o que nós, homens e mulheres de negócios, escolados e cultos, seres tecnológicos e modernos, não conseguimos sequer perceber. É como se ele estivesse em outra dimensão, com algum tipo de conexão especial incompreensível para nós. Uma história incrível que ele me contou foi a de que os animais herbívoros prestam atenção na direção do vento na savana, pois sempre que comem uma planta, a seguinte tem que ser no sentido contrário ao do vento. A razão? Porque as plantas emitem um sinal químico transmitido para a planta seguinte, uma espécie de SOS enviado com o vento, que faz com que a segunda planta libere componentes químicos, tornando suas folhas amargas. As plantas fazem isso, os animais sabem disso, o tracker me conta sobre isso e, por conta de minha cara de espanto e incredulidade, me olha como seu eu fosse um alienígena ou uma criança de 05 anos de idade… Novamente, tive a sensação de só estar vivendo na ponta do iceberg, de estar vendado e colocar a ponta dos pés em um oceano, achando que se trata de uma pequena poça d’água.
A próxima lição foi em um safari noturno. Estávamos tentando encontrar os leões, que haviam sido vistos por um outro grupo em algum lugar que eu jamais saberei sequer tentar explicar onde era. Depois de algumas horas, achamos os leões, um bando de uns 10, sendo um grande leão macho, duas leoas enormes e uns 8 filhotes. Já era quase de noite, e uma das leoas, gigante e caçadora, começa a rodear o carro. O tracker nos pede silêncio e imobilidade absoluta, dado o perigo. Clara, minha filha de 7 anos, está ao meu lado, e com muito medo. Na fileira da frente no carro, estão minha mulher e meu filho. A leoa para atrás do carro.
“Pai, vamos passar para o banco da frente, junto com a mamãe e o Lucas, pois a leoa está aqui atrás!!”
“Filha, vai você, pois não podemos nos mexer e sou muito grande”.
“Mas se a leoa atacar, ela vai pegar você primeiro?”
“Ela não vai atacar, Clara.”
“Mas se atacar, ela vai pular aqui atrás, né?”
“Filha, passe para a frente, no colo da mamãe!”
“Não, nem pensar. Vou ficar aqui atrás com você.”
“…”
Me senti protegido pela minha pequena leoa, disposta a vencer seu próprio medo e a brigar pelo pai, a não abandonar, a enfrentar o perigo e o eventual ataque (na cabeça dela) comigo. E agradeci pelo amor, pela lealdade, pela entrega. E pensei, de novo, na relevância de nossos gestos e palavras, na importância de defendermos aquilo ou aqueles que acreditamos ou amamos.
Por fim, fiquei profundamente impactado pela barbárie do apartheid, o quão recente tudo isso aconteceu, e pela figura de Nelson Mandela. Mandela é um herói para seu país, um exemplo de homem, de líder, de grandiosidade de propósito. Uma figura que mostrou ao mundo a força da determinação, a tenacidade na briga por uma causa e a importância da disciplina. Quando comparado a um homem santo, ele disse
“Lembre-se que um santo nada mais é do que um pecador que não desistiu”.
Férias na África ou lições para a vida?


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Tocando percussão nos bumbuns de quatro modelos

Jorge Pérez González, da banda espanhola Patax, está fazendo sucesso no YouTube com um vídeo para lá de inusitado. Nele, o músico toca percussão nos bumbuns de quatro modelos usando fio-dental. O vídeo já foi visto mais de 500 mil vezes. Via Page Not Found

Os dez mandamentos modernos

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Cena de opereta - Ruy Castro

A foto estrelou todos os jornais de ontem. Em Brasília, o novo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), envolvido em processo criminal, sobe a rampa do Congresso para a abertura do ano legislativo. Vinte manifestantes o recebem com faixas e cartazes onde se leem "Fora Renan!", "Abaixo o Senado!", "Até quando o Poder Legislativo envergonhará o Brasil?", e, na trilha sonora, gritos de "ladrão", "safado" e "sem-vergonha". Apesar disso, Calheiros segue impávido e marcial, passando em revista a tropa, sem ver nada de errado nela -nem ela nele.

Até pelos soldados fardados de azul e tocando tambor à sua passagem, a cena poderia estar numa opereta de Ernst Lubitsch nos anos 30, com Maurice Chevalier e Jeanette MacDonald, ou numa tampa de caixa de bombons. Calheiros tomou posse sob uma avalanche de editoriais, artigos, cartuns e cartas de leitores, todos contra, mas suas orelhas não arderam nem por um segundo.

Assim como passou pelos soldadinhos como se eles fossem de chumbo e pelos manifestantes como se não existissem, Renan ignorou também a saraivada da mídia. E por que não? Se seus colegas de 20 partidos, entre os quais o PSDB, não se importam de ser presididos por alguém com uma biografia tão cheia de sombras, por que se irritar com críticas que, para ele, têm tanto volume e alcance quanto as dos manifestantes com suas faixas?

A superioridade de Renan reflete o estado de espírito da maioria dos políticos em relação a quem os elege. É exatamente como no cinema. O Congresso é a tela em que eles interpretam seus papéis, maiores que a vida e inalcançáveis pelos espectadores. A função destes é a de, se quiserem, assistir a eles, sentados em suas poltronas, e, no máximo, ruminando sua pipoca.

E, a cada quatro anos, voltar ao guichê e comprar de novo o ingresso. 
 

Fonte: Folha de São Paulo