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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Amaral Neto, o Reporter mostra a Pororoca no Rio Araguari/AP - TV Globo (1968-1983)



AMARAL NETO, O REPÓRTER
Horário: 22h30
Periodicidade: aos domingos; aos sábados

Amaral Neto, o repórter estreou na TV Tupi em maio de 1968 e, em dezembro do mesmo ano, passou a ser apresentado pela Rede Globo. A proposta do criador e apresentador do programa, o jornalista Amaral Neto, era explorar territórios, paisagens, costumes e tradições brasileiras desconhecidos pelo grande público.

Amaral Neto começou a carreira de jornalista em 1947, no Correio da noite, passou pelas principais redações do Brasil e, no início da década de 1950, ajudou Carlos Lacerda a fundar o jornal Tribuna da imprensa. Nessa mesma época, foi um dos primeiros a escrever textos para a televisão, ao lado de Orígenes Lessa. Depois de um período afastado, para se dedicar à carreira política, voltou à televisão, em 1968, para criar Amaral Neto, o repórter.

O programa tinha uma hora de duração e foi exibido, primeiro, aos domingos e, a partir de agosto de 1970, aos sábados, às 22h30. Era marcado por um forte tom de aventura e pela exaltação ufanista dos temas abordados. Amaral Neto achava que esse espírito desbravador nas reportagens era fundamental para competir com os seriados norte-americanos da época e conquistar o público. Os assuntos eram os mais variados possíveis a pesca da baleia no litoral do Rio Grande do Norte, as cataratas de Foz do Iguaçu e as atividades dos pelotões de fronteira na selva amazônica , de acordo com a proposta de se mostrar os aspectos mais desconhecidos de um tema.

A direção geral do programa era do mexicano Chucho Narvaez, profissional veterano, responsável pela formação da primeira equipe de repórteres cinematográficos da TV Globo, em 1965.

No Brasil desde 1948, ele ocupou diversas funções de assistente de direção a diretor de fotografia na Atlântida Cinematográfica, na época das chanchadas.

No jornalismo da Globo, foi responsável por momentos históricos, como a reportagem com Che Guevara, com imagens da guerrilha na Bolívia. Outro momento marcante foi a matéria sobre o enterro de Robert Kennedy, em Washington, quando Chucho conseguiu imagens exclusivas da cerimônia fúnebre do senador norte-americano.

A partir de 1968, a convite do então diretor-executivo da TV Globo, Walter Clark, Chucho Narvaez começou a dirigir Amaral Neto, o repórter. A pauta do programa era discutida com o próprio Amaral Neto. O jornalista Sebastião Carneiro traçava o roteiro, redigia os textos e comandava as filmagens. Amaral Neto fazia a locução.

A equipe básica do programa era composta por cerca de 20 integrantes, entre técnicos e cinegrafistas. Entre eles estavam: Cesário Pinto, Humberto Borges, Valdemir Moura, Carlos Tourinho, Hélio Martins, Demerval Azeredo, Milton Corrêa, Sérgio Albuquerque e José Roberto Couto. Nessa época, ainda não havia a transmissão via satélite. A equipe gravava três programas por pauta e mandava, por avião, para o Rio. O próprio Chucho Narvaez montava os programas e passava tudo para o videoteipe. Amaral Neto, o repórter foi pioneiro na utilização de equipamento com som ótico (capaz de gravar imagem e som). O equipamento era sofisticado para os padrões de então.

Durante os mais de dez anos em que o programa esteve no ar, a equipe percorreu grande parte do território brasileiro em busca de imagens fortes. Foram visitados parques nacionais e monumentos históricos pelos quatro cantos do país. Merece destaque o programa dedicado ao fenômeno da pororoca, o encontro da água do mar com a do Rio Iriri, no Pará. Para realizar as filmagens no Macapá, a equipe enfrentou uma viagem de nove horas de barco para conseguir captar as imagens.

O programa se dedicou também a reportagens internacionais, como a que acompanhou a rotina de pára-quedistas portugueses em Moçambique e a vida dos leões-marinhos em seu habitat natural, no extremo sul da Argentina. Da série de reportagens no continente africano, destaca-se a visita ao lugarejo de Cafas, suposto local de origem do café, e a entrevista com Hailé Selassié, então imperador da Etiópia.

Amaral Neto, o repórter deixou de ser exibido em 1983.

Todo o acervo do programa foi comprado pela Fundação Nacional Pró-Memória, em 1988.

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