"The Lancet" está entre as publicações mais influentes no mundo no setor.
Textos analisam sucessos e fracassos desde a criação do SUS, em 1988.
Publicação britânica destaca o estudo
A revista médica britânica “The Lancet”, uma das mais influentes do mundo, publicou nesta segunda-feira (9) uma série de artigos sobre a situação da saúde pública no Brasil. Na avaliação dos pesquisadores, o país deu passos importantes desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, e houve melhoras significativas neste período.O documento é “uma ampla revisão sobre a saúde e a assistência médica de nossa população”, preparado por uma equipe de 29 especialistas em saúde pública, e destaca sucessos e fracassos das políticas implementadas.
“O principal sucesso é o fato de que toda a população pode ter acesso à saúde pública, o que não é comum nos países como o Brasil”, disse ao G1 o epidemiologista Cesar Victora, da Universidade Federal de Pelotas (RS), que coordenou o projeto.
O principal sucesso é o fato de que toda a população pode ter acesso à saúde pública, o que não é comum nos países como o Brasil"
Cesar Victora, coordenador da série
Entre os destaques positivos, os médicos mostram que o país reduziu significativamente a mortalidade causada pela doença de Chagas, pela esquistossomose, pela diarreia infantil e pela Aids. A vacinação funciona bem e, segundo Victora, o Brasil é um “exemplo” nessa área. Houve progresso significativo em relação à maioria dos aspectos citados nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, documento das Nações Unidas.
Por outro lado, a dengue e a leishmaniose visceral foram consideradas fora de controle. A saúde das mães também é uma preocupação, pois há muitos abortos ilegais e os partos são “hipermedicalizados” – metade é de cesarianas. O avanço da obesidade e das doenças relacionadas a ela também foram citados, assim como o alto número de mortes violentas, seja por crimes ou por acidentes.
Por fim, os autores sugerem uma série de ações ao governo, aos trabalhadores de saúde, ao setor privado, às universidades e outras instituições de pesquisa e formação e à sociedade civil, como formas de melhorar a saúde pública nacional. “O desafio é, em última análise, político e requer a participação ativa da sociedade, na perspectiva de assegurar o direito à saúde para toda a população brasileira”, diz o texto.
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