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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Tarefas simultâneas deixam cérebro cansado

Sem tempo ocioso, mente enfrenta dificuldades de aprendizagem e memória
Do New York Times

SÃO FRANCISCO. Uma hora da tarde de uma quinta-feira e Dianne Bates, 40 anos, faz malabarismos com três telas. Ela escuta algumas músicas no iPod, depois escreve um rápido e-mail no seu iPhone e, por fim, volta sua atenção para uma TV de alta definição em mais um dia na academia. Enquanto Bates realiza tarefas múltiplas simultâneas (multitarefas), ela também exercita as pernas em um aparelho.

Em academias de ginástica e outros lugares, as pessoas usam cada vez mais seus telefones e outros aparelhos eletrônicos para adiantar o trabalho — e como antídotos para o tédio.

Os celulares, que nos últimos anos se tornaram computadores com conexões de alta velocidade com a internet, permitem reduzir o tédio dos exercícios, da fila no supermercado, dos sinais de trânsito, ou se intrometem nas conversas do jantar. A tecnologia traz diversão — e produtividade — às menores janelas de tempo. Mas os cientistas apontam para um negligenciado efeito colateral: quando as pessoas mantêm seus cérebros ocupados, elas estão deixando de lado um tempo ocioso que poderia ser usado para melhor aprender e lembrar as informações, ou ter novas ideias.

Na Universidade da Califórnia em São Francisco, pesquisadores descobriram que, quando os ratos são submetidos a uma experiência nova, como explorar um ambiente desconhecido, seus cérebros criam novos padrões de atividade. Mas só quando fazem um intervalo na exploração é que eles processam esses padrões para criar uma memória persistente da experiência.

Os cientistas acreditam que o mesmo vale para os seres humanos.

— O tempo ocioso permite ao cérebro revisar a experiência, solidificá-la e transformá-la em memórias de longo prazo — diz Loren Frank, professor assistente do Departamento de Fisiologia da universidade. Segundo ele, o cérebro constantemente estimulado “impede este processo de aprendizagem”.

Já na Universidade de Michigan, estudo revelou que as pessoas aprendem melhor se, depois de uma aula, forem dar uma caminhada num bosque em vez de irem andar em um ambiente urbano agitado, sugerindo que o bombardeio de informações deixa o cérebro fatigado. Realizar tarefas simultâneas, como ver um vídeo no celular enquanto espera no ponto de ônibus, pode, na verdade, estar forçando a mente.

— As pessoas pensam que estão relaxando, mas na verdade estão é cansando seu cérebro — comenta Marc Berman, neurocientista da Universidade de Michigan.

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