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sábado, 26 de janeiro de 2013

Minha querida Sampa, por Teresa Santos


                                                                 Páteo do Colégio: Onde tudo começou...

Fico chateada quando leio textos de pessoas, pelas quais tenho profunda admiração, que falam mal de você.
E o que me deixa ainda mais entristecida é de verificar que algumas nem aqui residem. Nem a conhecem. Agridem simplesmente pelo prazer de agredir.
Quem a critica, e muitas vezes a espezinha, se esquece de inúmeros fatos que a acompanham nestes 459 anos de vida.
E olhe que você tem história para contar não minha querida Sampa?
Por exemplo...
Estas pessoas se esquecem que você já foi a colonia mais pobre deste meu Brasil
Se esquecem que já foi pequena, sem grandes problemas sociais e que já pudemos viver em suas terras sem medo
Se esquecem que você abriu o porto e as portas para os imigrantes que fugiam de uma Europa combalida por duas grandes guerras. Dentre eles meus bisavós alemães (os Schwarz) e portugueses (os Santos)
Se esquecem  que você abriu o porto e as portas para os Russos e os Chineses que fugiram da Revolução Russa e do domínio de Mao e de tantos outros imigrantes fugidos de alguma desgraça em sua terra de origem
Se esquecem que você abriu as portas para os irmãos nordestinos nos anos 30 que fugiam da seca para fazerem de você o que é hoje
Se esquecem que você é a 14ª cidade mais globalizada do planeta
Se esquecem que possui o 10º PIB do mundo e representa 12,6% de todo PIB brasileiro
Se esquecem que abriga 63% das empresa multinacionais estabelecidas no Brasil
Se esquecem que é responsável por 28% de toda a produção científica nacional
Se esquecem que é a 6ª mais populosa do planeta
Se esquecem que é a cidade mais multicultural do Brasil
Se esquecem que desde 1870, aproximadamente, 2,3 milhões de imigrantes chegaram ao Estado
Se esquecem que é a cidade com a maior população étnica, fora de seu país de origem, a saber:  a italiana, portuguesa, japonesa, espanhola, libanesa e árabe e com o maior contingente nordestino fora do Nordeste
Se esquecem que (ou ignoram) todas as grandes cidades têm seus problemas. Alguns bastante graves. Bastam sair do país e verificar como estão as outras no mundo
Se esquecem que se cresceu assim de forma aleatória é porque oferecia chances de nova vida para quem aqui quisesse trabalhar
Se esquecem que muitos filhos pródigos saíram e voltaram porque acharam que aqui era o seu lugar
Se esquecem que continua a carregar seu filho mais velho chamado Brasil, nas costas
Se esquecem que aqui nascem, vivem, crescem, evoluem com as oportunidades que ela oferece
Se esquecem de tudo isso e cospem no prato em que comem.
Se esquecem que é a única cidade no mundo em que árabes e judeus convivem pacificamente
Se esquecem que o termo Sampa foi criado por um baiano, em homenagem à terra que o acolheu
E conforme sempre digo aos que não estão contentes com o que vêem ou vivenciam em minha querida cidade:
- Os incomodados que se mudem.
Vão viver em outro estado e/ou em outra cidade e deixem a  minha querida Sampa seguir sempre em frente, com suas belezas, alegrias, feiúras e tristezas.

Teresa Santos, 61 anos, paulistana. Aposentada, mas na ativa. Formada em Letras pela Universidade São Paulo. Gosta de estudar idiomas, de viajar, de ler  e de observar o mundo. Considera o ser humano a melhor personagem para seus escritos. É grata à vida  e se considera uma pessoa feliz.

Um comentário:

Claudia de Carvalho disse...

Querida amiga, Lindíssimo texto! Você sabe se expressar muito bem! Eu adorei. bjs.