Observo detalhes da minha existência....
Olhar distante... rostos, aromas, objetos...
Há um enorme espelho, muito bem cuidado....
Olho mais atentamente, vejo minha infância...Amigos rosados, felizes, com tão pouco...
As imagens ficam um pouco mais nítidas, vejo jovens, belas e queimadas de sol, cabelos ao vento, sorriso estampado, olhares sonhadores, sonhos... muitos sonhos.
Vejo uma estrada cheia de bifurcações, muitos caminhos, muitas vidas.
Escolho meu caminho, agora só eu sei dele, uma estrada muito longa, com alguns desvios, escolhi o meu e o percorri .
O atalho por onde segui era aparentemente calmo, mas não foi longo. De repente, uma tormenta me tirou do chão, desorientei, vaguei, vaguei...
Consegui voltar para a estrada principal, sem saber se era isso que queria, passos arrastados, com dificuldade de carregar meus 25 anos.
Um dia, um farol, que podia, de repente apagar, começou a me seguir, ditando meu rumo, e em estrada de asfalto liso percorremos uma vida equivalente a 30 anos. Quando então uma parede se ergueu e interrompeu a longa e feliz viagem.
Fiquei reclusa, é claro, mas embora o amor tenha sido grande, eu pude entender como se cumpre o ciclo de uma vida.
Um dia, procurei o espelho e ele ainda estava lá, imagens desgastadas, foscas, passei um bom tempo contemplando cada rosto da minha história.
Resolvi retornar, reencontrei quase todos os amigos, cada um contou os caminhos por onde andou, as histórias que vivenciaram, choramos juntos, rimos muito. Hoje fazemos piadas, revelamos nossos segredos sem pudor...
Já ouço histórias de novos amores, sinal de recomeço.
Acho até que colocarei mais um espelho ao lado do outro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário