Então, às 11h10min de ontem eu já estava com 53.
Olhei para meus pés da alma e, de repente, ainda calçava sapatinhos de tricô.
Fui de novo abraçada por minha mãe e recebida pela vida nos braços dela como quem tem pouco a dizer, muito a calar e acaba fazendo ao contrário, depois que aprende a escrever e encontra nas letrinhas dançantes uma Aglaé a mais.
É. Um minuto depois das 11H05min, eu já passara por tantos 5 de fevereiro que lá se iam três anos após meio século. Meio século.
É certo que os séculos agora passarão com a rapidez meteórica da pressa cibernética imposta por nossas loucas invenções. Mesmo assim, séculos serão sempre séculos.
E minha alma ali, sorrindo para mim e calçando os sapatinhos de tricô.
Bom sinal.
Talvez eu esteja, enfim, intacta - sobrevivo com meus encantos interiores guardados.
Até porque eles são um presente que me aquece e há de acompanhar....pelos séculos que me aguardam até depois de aqui.
Aglaé Gil, de Curitiba – com formação em revisão e produção de textos; pesquisadora de História e Literatura; aprendiz de viver; poeta;mãe; cidadã. [não necessariamente nessa ordem]
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