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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Cartas do meu tempo: Todos em um..Um em todos, por Aglaé Gil

Quando escrevo minhas cartas, geralmente sou a tinta e o próprio papel, sou cada letra e estou entre as linhas, querendo me misturar e me transformar, talvez, em uma espécie de escultura. É bom realizar a ligadura entre as palavras e poder moldá-las com gestos que as transformem em algo que chegue a alguém.
Hoje chove aqui, assim como em quase todo o sul. E eu me pego olhando para a chuva e imaginando as letras que em seguida eu deito por aqui, como se elas fossem os pingos da chuva.
Penso em quem lerá. Talvez esteja, agora, na correria de uma segunda-feira, sob chuva, neste início do mês de agosto. Ou, até, esteja sob o sol dourado do Rio, de algum lugar do Nordeste ou do Norte, bebendo uma água de coco[ou suco de açaí] e se deliciando com imagens que nos fazem bem. Não importa. Com chuva ou sol somos feitos, todos, de uma mesma essência. E há,nela, preocupações e anseios e medos e alegrias e satisfações muito, muito parecidos..
Por isso, sorrio para você, que me lê, do jeito que mais sei: derramando um bom tanto de mim por aqui. E pedindo, com o mesmo prazer, que pare, neste instante, para olhar para alguma coisa que esteja há muito tempo sem parar para notar. A chuva caindo. O sol viajando em nosso céu, sobre nossas cabeças. Um passarinho logo ali, sobre uma árvore ou sob o poste de luz da rua. A pessoa passando e,sabe Deus, indo para onde. Sei lá. Alguma coisa que não costuma observar.
A beleza da vida é tão intensa que parece até um deboche, não é?
E gosto de pensar em cada um sempre ligado ao outro. Ah... poderosa argila a receber contornos sábios...

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