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domingo, 4 de dezembro de 2011

O Memorável Henrique Lage !

Noutro dia, conversando entre amigos, a esposa de um deles, professora por sinal, me corrigiu num tom brincalhão quando falei dos meus saudosos tempos de escola, mais precisamente do período ginasial.
 -  " Eh, Nilson, hoje se diz ensino fundamental..."
Pois que seja, respondi, e até acho muito apropriada a nova denominação, Ensino Fundamental !
O ginasial foi de fundamental importância na minha vida, tanto pessoal como profissional, e assim também, acredito, para a grande maioria dos que estudaram comigo.
  O Henrique Lage foi um celeiro de jovens promissores, comprovando-se ao longo do tempo como uma realidade inconteste na formação de profissionais de gabarito, presentes nas empresas nacionais e também no exterior. Somos hoje uma gama de técnicos, engenheiros, professores, advogados, empresários, enfim, homens que ajudaram a engrandecer de fato esse nosso Brasil tão sofrido.
  Até hoje, 40 anos depois, tenho o prazer de conviver com aquele belo passado, acessando velhos companheiros através da internet.
  Lamentavelmente nem todos fazem parte desse dia a dia. Como gostaria de contar com Arthur, Cláudio, Carlos Alberto ( pequeno ), Emilson, Zé Bento, Cleto, Robson, Pepeu, Elielson ( que se foi há pouco ), Luiz Carlos ( cuia ), Marco Aurélio Nunes, Lincoln, Roberto da Costa, Chico, Rogério, Tuca, Zé Ricardo (ganso), Alfredo, isso pra lembrar somente alguns que me foram mais próximos, principalmente das turmas A,B e C a partir do 2º ano.
  Outros, de turma mais velha ou mais arredios, como o Dalmo, Oracy e Aderbal, curiosamente são os que mais tenho contato eletrônico hoje.
  Que período bonito aquele, com disciplina e civismo, quando formávamos em fila indianae por altura no pátio cercado por palmeiras imperiais, assistindo ao hasteamento da bandeira e cantando o hino nacional ao som da banda de música, também formada por alunos, companheiros nossos.
  Começávamos assim os nossos dias, com matérias curriculares pela manhã e oficina industrial à tarde.
  No horário do intervalo desfrutávamos das sombras das mangueiras para descansar ou brincar nas acirradas disputas de "bandeirinhas" ou "garrafão", riscados no chão de terra.
  Paralelamente vinha a cantina com suas guloseimas, o cheiro forte e atrativo do grapete, os doces, sanduiches e o gostoso salgadinho piraquê. Em anexo, usávamos a quadra de futebol de salão, onde improvisávamos toquinhos de madeira, pequenos retângulos que fazíamos de "bola", deslizando fácil pelo cimento liso. Tinha também o espaço de areia com aparelhos de educação física, c/ barras paralelas verticais difíceis de escalar só com as mãos.  Aloísio era mestre nisso...
  Quando chegava a hora do almoço, fazíamos fila no campo de futebol em frente ao refeitório, supervisionados por inspetores que decidiam quem entrava primeiro. Recordo-me do Seu Wilson, sempre camarada, Seu Mário, meio investigador de polícia, nos encarando no fundo dos olhos, separando-nos firme das brigas tôlas e eventuais. Havia também Seu Edésio, tão cordato, Seu Esteves, caladão, e o temível Seu Cordélio, com uma varinha de bambú sempre à mão...
  Será que esqueci alguém ?
  Além do café da manhã com leite ou tody, pão e manteiga; no almoço servido em bandejões tínhamos a presença alegre dos cozinheiros; um em particular nos chamava a todos por Zé minhoca, preenchendo sorridente os compartimentos da bandeja metálica,  que nos alimentava tão bem.
  Mesmo assim às vezes havia "guerra" de pão, por causa da qualidade do que era servido, principalmente quando era sôpa.  Difícil agradar a todos.
  Já nas aulas de ginástica com os professores Afonso ou Irapuã era quase unanimidade, todos gostavam, sobretudo quando tinha o futebol. Ali convivi com verdadeiros craques que nada deixariam a desejar aos Neymar de hoje.
  Assim que saímos do colégio, quando dava tempo, ainda íamos aos campos da rua Galvão ou no Costeira. Parece que ainda ouço o Rogério, do Buraco da Coruja, gritando comigo : "Corta o fino que é o Altair", na época um dos baluartes na defesa do meu Flu.
  Bom de bola e estudioso era o Marco Aurélio Nunes, da turma B, que um dia me procurou na turma A, desafiando a ser o melfhor do colégio. Eu possuía bolsa de estudos do PEBE e já estudava para manter as necessárias médias altas. Mas bom mesmo era não precisar fazer as provas finais...
  Que tempo bom aquele. Lembro-me dos professores Alédio, Olímpio, Aluizio, Paim, Herly (careca), das professora Deusa, Diná, Norma, Paleolítica, Djanira. Isto pra citar apenas alguns do nosso quadro docente. Tudo muito bem orquestrado pelo Dr. Álvaro Caetano, diretor, que algumas vezes vi chegar... Figura inusitada, parecendo um gringo com seus olhos claros, charuto na bôca e dirigindo um jeep. Não menos ilustre o Dr. Flávio Rocha, na vice direção, elegante como um ator de cinema, galgando os degraus da escada para sua sala no sobrado. E como não lembrar do Professor Eraldo, mentor de muitos, com sua dicção e voz marcantes, que certamente queríamos possuir um dia.
  Já na área industrial vale citar o professor Cavalcante, da oficina elétrica, pela qual me decidi após passar pela Gráfica ( professor Carrilho ? ), Madeira e Tornearia Mecânica.
 Tive ao meu lado os colegas Lecir, Nélio, Ronaldo Orta e Bitencourt nesse período, quee fez mais tarde optar por Eletrotécnica, no Curso Técnico de Construção Naval, também ministrado no próprio estabelecimento de ensino.
 Curioso é que tínhamos nessa época duas espécies de vestibular, um para admissão ao ginásio, outro ao término do 2º grau para ingresso na Faculdade. Isto certamente nos tornava mais competitivos e melhores.
 Outro muito estudioso era o José Júlio, amicíssimo até hoje, e com quem fiz uma parceria ao escrever "Uma cidade sôbre o que fôra uma cidade", magnificamente desenhada por ele no formato de revista em quadrinhos, bastante elogiado por Dona Diná, professora de português e nossa incentivadora maior.
 Embalado por esse fato escrevi , desenhei e vendi vários mini gibis a quatro côres, feitos com canetas esferográficas. Alcir, com quem trocava os gibis Fantasma, Cavaleiro Negro, Mandrake, Flexa Ligeira etc, era um dos meus clientes.
 Sempre trocávamos estes gibis às escondidas próximo ao campo de futebol, onde situava-se o prédio dos vestiário e banheiros, em cujo andar superior instalava-se a biblioteca escolar, onde passei momentos mágicos com belíssimos livros e também o consultório dentário, conduzido por uma jovem profissional, carinhosa e simpática.
 Formei-me na turma de 1968, como muitos aos 14 anos, e ter deixado o ginásio naquela ocasião foi como um bater de asas rumo a um futuro incerto, que me traria saudades; na formatura lembro-me do coração pulsando descompassado, numa ansiedade doida pelo que viria pela frente. Grande noite aquela !
 Mas isso já é uma outra história...
 
 Nilson Ribeiro 
 
P.S.- Graças à iniciativa e empenho, principalmente dos amigos Dalmo e Deucimar, existe hoje um encontro mensal, onde os membros, carinhosamente denominados por jurássicos, se encontram e mitigam as saudades, numa conversa descontraída e amiga.
 Incentivado por Oracy escrevi este texto. 
 E através destes, encaminho estas simples reminiscências, esperando em breve vê-los pessoalmente.
 
Nilson Ribeiro, poeta ao acaso desde menino, fluminense de 57 anos, dos quais 42 de labuta, lidando com gente de todo quilate, fiz disso inspiração diária pra aguentar os trancos da vida.

7 comentários:

Maria angela freitas disse...

Memorável HENRIQUE lAGE

é muito bom ter boas recordações dos alicerces de nossa vida, esse seu orgulho daquele tempo de menino, mostra qual importante é uma boa escola que certamente transforma meninos em homens dignos e capazes para enfrentar a vida. Parabens
Maria angela freitas

sirlei disse...

cGostaria muito de saber onde esta ocorrendo ou ocorrera o proximo encontro - Sirlei dos Anjos Cunha -
formado 1969 Ginasial e 1772 eletrotecnica.

sirlei disse...

Gostaria de informaçoes sobre a proxima reuniao jurassico ou telefone de contato- Sirlei dos Anjos Cunha _formatura ginasila 1969 eletrotecnica 1972

ORACY disse...

Sirlei, entre no site do grupo, seja um seguidor e poste um comentário. Aí está o endereço: http://www.8p.com.br/dalmolima/flog/#
Abç

Anônimo disse...

Lendo sua crônica, que me levou ao passado, me sinto imensamente orgulhoso de ter vivo parte da minha vida no Colégio Industrial Henrique Lage. Estudei todo o ginásio lá e fiz um primeiro semestre do curso de edificações no CTCN. No Henrique Lage fui presidente do Grêmio Cultural e Recreativo Roberto Silveira, que no eu último ano do ginásio realizamos nossa formatura junto com o Colégio Industrial Aurelino Leal... Tempo bom que sempre retorna, pois está vivo e muito bem guardado na memória.
Jorge Luiz Mota Vargas
Brasília-DF
Estudei de 1968 a 1972.
jhoyvargas@gmail.com

sergioribeirodasilva@hotmail.com disse...

Eu, SÉRGIO RIBEIRO passei uma das partes mais importantes da minha vida no Henrique Lage, que foi minha adolecência, de 1971 a 1976 e tenho grandes amigos até hoje: SÉRGIO FIRMINO, SÉRGIO RAMOS, VALDECI RODRIGUES, PEDRO AVELAR, MANOEL CALAÇA, MARIO MACIEL, MARCOS BENEDITO, MILTON RIBEIRO, HUMBERTO RIBEIRO, PAULO CESAR DA SILVA e SIDNEY CARLOS PINHEIRO

ORACY disse...

Sergio, não consegui identificar o seu e-mail, saiu ilegível na postagem. Entre em contato comigo, por favor. Abç