Cabelo preto, cortado em formato de tigela,
lembrava uma indiazinha. Os olhos pareciam duas grandes
jabuticabas.
Quando me dei conta estava em frente a mim e
exibia lábios pintados de um rosa escuro.
Perdeu a vergonha e disse:
- Oi!
Respondi:
- Oi!
E ela, então, perguntou:
- Você gostou do meu batom?
E eu, que fingia não ver, respondi:
- Nossa! Você não acha que é muito pequena para
estar de boquinha pintada e blush no rosto?
E ela mais do que depressa retrucou:
- Ah! É para combinar com o meu esmalte. E me
mostrou mãozinhas gordinhas e dedinhos tintos de rosa.
Perguntei quantos anos tinha e qual era o seu
nome.
- Tenho seis anos e me chamo Isabella. E
enfatizou: Isabella com dois eles.
E continuou a matraquear:
- Sabe? Quando eu crescer vou ser modelo e vou
cuidar da minha mãe.
Olhou em direção à mãe (que eu acreditava ser a
avó) e enfatizou:
- Não é mamãe?
E a mãe respondeu:
- É, filhinha.
E neste instante o ônibus que esperavam chegou.
Isabella então fez menção de subir e voltou.
Me deu um beijo e deixou o batom comigo.
Voltou ao ônibus e quando estava dentro do
coletivo gritou:
- Guarda, viu? Um dia você vai ouvir falar de
mim.
Olhei e fiquei surpresa com aquela frase, dita
por uma garotinha de apenas seis anos.
Guardei aquele mimo e pensei comigo:
- Será?
E lhe dirigi o melhor de meus
pensamentos.
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