O sonho de quem tem uma impressora, seja em casa ou no trabalho, é que existisse um cartucho que durasse eternamente. Tão logo surge o aviso na tela de que a tinta acabou, você lembra que a tecnologia ainda não evolui a esse ponto. Então, na ânsia de “economizar”, usuários acabam recorrendo ao uso de cartuchos remanufaturados ou reabastecidos. Mas, como diz a sabedoria popular, “o barato sai caro”.
Na propaganda dos cartuchos remanufaturados – feitos a partir de cartuchos originais “reciclados industrialmente” e abastecidos com tinta – é comum você encontrar em negrito, grifado e com letras garrafais o aviso de que ele não oferece risco para sua impressora. Mas não é bem assim, alerta Jorge Moreira Ferreira, diretor da DComp, empresa que comercializa e conserta impressoras Epson, Canon, Oki e Roland. “De cada dez impressoras que dão entrada aqui para conserto, duas foram danificadas por uso de cartuchos não-originais”, revela.
Segundo Ferreira, tanto cartuchos remanufaturados como os reabastecidos (aquele que acaba e o próprio usuário leva a alguma empresa para ter a tinta recarregada) tem a tendência de soltar mais tinta dentro do conjunto mecânico da impressora. O líquido pode acabar pulverizada no interior do equipamento e até mesmo vazar por completo, inutilizando a impressora. “Isso porque eles utilizam engenharia reversa para reutilizar aquele cartucho original, mas ele não foi criado para funcionar dessa maneira”, explica.
Qualidade
Outro problema, aponta Sabrina Lacerda, gerente da categoria de impressoras e suprimentos da HP, é que as pessoas tendem a pensar que toda a tecnologia se concentra na máquina, e não no cartucho. “Grande parte da qualidade de uma impressão está no cartucho ou no toner. Eles são desenvolvidos tecnologicamente para trabalhar em conjunto à impressora. Sem levar isso em consideração, o consumidor acaba comprando cartuchos não-originais, pensando que não haverá diferença alguma.”Um estudo feito pela Quality Logic para a HP mostrou que quatro em cada dez cartuchos alternativos apresentaram problemas variados durante o uso, contra nenhuma ocorrência no caso do produto original. No item qualidade de impressão, apenas seis em cada dez materiais impressos tinham qualidade aceitável no caso dos alternativos, contra nove em dez dos cartuchos originais.
“Um em cada três cartuchos de tinta ‘alternativos’ falham. No caso de toner para impressora a laser, até 70% apresentam problemas durante sua vida útil”, menciona a representante da HP. “Você não vai querer imprimir um currículo, uma foto ou até proposta para uma empresa nessas condições.”
Outro fator que estimularia a compra de cartuchos originais é a queda do seu preço nos últimos tempos – alguns chegam a custar R$ 20, cerca de metade do valor de um produto similar há cinco anos. “Com a evolução da tecnologia, os preços estão cada vez mais acessíveis. Fora isso, há maior oferta de equipamentos para cada perfil de consumidor”, destaca Sabrina.
Por fim, se o consumidor estiver preocupado em reutilizar o cartucho como forma de “agredir menos” o meio ambiente, grande parte das fabricantes de impressoras possui programas próprios de reciclagem da peça -- caso da Epson, Lexmark, Xerox, Ricoh e Samsung. O descarte dos cartuchos usados em geral é feito nos próprios pontos de venda. A HP, por sua vez, mantém um serviço de retirada do produto usado para uma quantidade acima de cinco unidades.
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