aticamente
na praia do Leme ou em outras, resolvi variar e conhecer uma região
montanhosa diferente de Petrópolis ou Teresópolis, cidades serranas
muito próximas do Rio e que eram opções naturais pela proximidade.
Era janeiro de 1963. Fui, vi e gostei. Gostei tanto que comecei a ir pra lá todas as férias e feriados prolongados. Aos poucos fui fazendo amigos e em um curto espaço de tempo já participava de várias turminhas que lá se reuniam em janeiro, fevereiro e julho. Eram formadas por cariocas e paulistas em sua grande maioria e que se juntavam ao pessoal da terra. E, claro, tinha lá minhas namoradinha, por que não?
Mas foi Celinha quem começou a fazer a diferença na minha vida, ainda que eu só fosse perceber isso muitos, mas muitos anos depois. Namoramos do carnaval até as férias de julho de 1966, vocês já sabem. E é muito natural que vocês estejam agora pensando: por que não deu certo?
Difícil responder. Na verdade, não “brigamos”. O que houve foi que eu tinha planos de estudar em Portugal (sonho maluco na época, admito) e com isso ela não se sentia estimulada a alimentar maiores esperanças quanto ao futuro daquele relacionamento. Pensando bem, ela tinha razão.
De comum acordo resolvemos nos separar. Ela seguiu seu caminho e eu fui seguir o meu. Porém nunca deixamos de ser amigos. Era curioso isso: tive outras namoradas em Poços, ela também teve outros namorados, mas em pelo menos três ocasiões nós nos falávamos ao vivo ou por escrito: no Natal, no meu aniversário e no dela. E sempre que eu ia pra sua cidade a gente conversava, nem que fosse apenas por telefone.
Contudo, a partir de 1968 minhas idas começaram a ficar cada vez mais raras e difíceis pois eu havia começado a trabalhar numa pequena agência carioca de publicidade. Trabalhando, só tinha direito a férias uma vez ao ano. E quando as férias chegavam eu queria conhecer outros lugares e não escolhia mais Poços como opção. Até porque tinha companhia nessas ocasiões...
A vida, contudo, tem suas surpresas. Em 1971 Celinha resolveu tentar uma reaproximação. Sem saber detalhes da minha vida, escreveu uma carta onde me convidava para ir conversar com ela quando tivesse uma oportunidade. Nunca recebi essa carta porque, antes de enviá-la, ela resolveu checar como eu estava. Para isso telefonou no meu aniversário, em março.
Quem atendeu a ligação foi minha noiva. Celinha apresentou-se, explicou quem era, falou depois comigo, me parabenizou com de costume, conversamos e eu lhe dei uma notícia que a deixaria ainda mais desconcertada: casaria em junho e passaria minha lua-de-mel em Poços de Caldas! Incrível? Fantástico? Extraordinário? Pois é, foi assim que aconteceu.
Penso no impacto que acabei de causar a muitos de vocês. Imagino a surpresa, de quem que não sabia que eu fui casado antes de me unir a Celinha...
Pois bem: como minha família e a dela se conheciam, seus pais gentilmente ofereceram um jantar aos recém-casados. E foi Celinha quem comprou o presente que nos foi ofertado naquele encontro social.
Soube anos mais tarde que depois da nossa saída ela foi interpelada pela mãe. É que todas as recordações daqueles seis meses de namoro estavam guardadas em uma caixa: maços do cigarro mentolado que eu gostava de fumar, passagens de ônibus, embalagens de drops, cartas e até a corrente que compunha minha fantasia de grego no carnaval de 66, entre outras bugigangas que nem dá pra listar...
Minha futura sogra queria que ela jogasse tudo aquilo fora, afinal não tinha mais sentido guardar coisas minhas já que eu era um homem casado. Mas Celinha nunca se desfez de nada daquilo e a caixa existe até hoje. Inclusive com a corrente que fazia parte da minha fantasia de grego. Ela disse pra mãe que por mais estranho que pudesse parecer, um dia ela ainda iria viver comigo. Dá pra acreditar?
Nunca comentei com ela absolutamente nada relacionado à minha vida conjugal, embora continuássemos a nos falar naquelas três ocasiões clássicas (Natal e aniversários). Nem mesmo quando o meu casamento caminhava para o fim quatro anos depois do seu início. Eu não tive filhos dessa união pelas razões que já expliquei em um post anterior. E foi aí, mais uma vez, que meus pretinhos velhos entraram na história.
Estamos em 1975. Celinha era diretora de uma escola em Poços de Caldas e foi fazer um curso de aprimoramento em Pedagogia no Rio. Viajou com um grupo de amigas. Quis me fazer uma surpresa e não me avisou da viagem. Chegou na cidade pouco depois do almoço e no final da tarde resolveu dar uma volta pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana.
Eu era propagandista-vendedor da MSD (Merck Sharp & Dohme) e tinha sido chamado ao escritório da empresa, que fica na mesma avenida em que ela estava. Por coincidência no mesmo lado da calçada por onde ela andava.
O que vocês acham que aconteceu? Isso mesmo! Uma surpresa, um susto e estávamos olhando um pro outro e perguntando: "O que é que você está fazendo aqui?" Pra mim, não tenho dúvida, foi obra dos meus pretinhos velhos...
Conversa daqui, conversa dali, expliquei a ela o que estava acontecendo: eu aguardava a assinatura do meu desquite. Pra quem não sabe, naquela época havia um período de separação de três anos (o desquite) antes que a separação definitiva fosse consumada (o divórcio).
Deixei claro para Celinha que na fase final do meu casamento, percebendo que a separação seria inevitável, eu havia tomado a decisão de estudar por um tempo nos Estados Unidos pensando em maiores oportunidades profissionais quando voltasse falando um pouco de inglês. Aguardava apenas alguns detalhes a fim de iniciar a concretização desse projeto.
Qual foi a reação dela? Tão surpreendente quanto nosso reencontro! Disse que nunca havia se casado por não ter encontrado alguém que a interessasse pra valer. Que ao longo de todo aquele tempo nunca tinha deixado de pensar em mim e no tempo em que ficamos juntos. E mais: que estaria disposta a me esperar voltar dos Estados Unidos para que então definíssemos melhor nosso futuro. Acredite quem quiser!
Já comentei com vocês que antes de embarcar para os Estados Unidos e sem que os pais dela soubessem (mas os meus sim) ficamos noivos. O meu pensamento, imediatamente endossado pelos meus pais (que sempre gostaram de Celinha desde os tempos de namoro, importante comentar), era garantir-lhe que eu estava saindo do país mas voltaria. Voltaria para ela por causa dela...
Lógico que os pais de Celinha não entenderam muito bem essa história de noivado assim tão às pressas, sendo que eu estava até fora do país. Então meus pais foram até Poços de Caldas, conversaram com eles e oficializaram pra valer o nosso compromisso. Agora éramos noivos com a bênção das duas famílias!
Deixei o Brasil rumo à Flórida em julho de 1976, comentei isso com vocês. Era pra ficar nove meses no "college" de St. Pete. Aguentei apenas seis. Os três últimos meses antes que o visto expirasse eu os passei explorando Miami e as cidades próximas, tanto as do lado do Atlântico como as do lado do golfo do México. Voltei em abril de 1977 conforme havia prometido a Celinha quando do nosso noivado.
De lá para cá vocês já conhecem o que aconteceu: um relacionamento alicerçado numa profunda amizade, um enorme respeito e um grande sentido de companheirismo. Há uma coisa que me toca muito: Celinha não vive comigo: ela vive PARA mim. Isso faz uma grande diferença. A maior preocupação de sua vida é o meu bem estar e nesse sentido ele procura fazer tudo o que está ao seu alcance. E se não estiver, ela dá um jeito. Que outro homem poderia esperar mais?
Ao longo dos nove meses que passei nos Estados Unidos disse a Celinha, em muitas das minhas quase 100 cartas, que tinha um sonho: um dia haveria de trazê-la aos Estados Unidos para conhecer aqueles lugares que eu considerava mágicos – Busch Gardens, Orlando e Miami.
Agora meu sonho será materializado: dentro de alguns dias Celinha e eu passearemos por Miami, Saint Pete, Tampa e Orlando. Quem disse que sonhos não se transformam em realidade? Aliás, eu digo pra vocês: o homem não morre quando deixa de viver, morre quando deixa de sonhar...
É isso: hoje, 29 de outubro, completamos 35 anos ou 12.775 dias juntos!
Se ao longo desses dias já disse muita coisa SOBRE Celinha e o mês ainda não acabou, tenho muito o que dizer ainda PARA Celinha até antes do início de novembro.
Direi sempre, enquanto tiver voz: obrigado, meu Papai Oxalá, por me ter abençoado com a presença dela em minha vida e por tê-la feito ser mãe de Fernanda, minha segunda paixão!
Essa foto foi tirada na saída do almoço que marcou o início da nossa vida a dois: do meu lado os pais de Celinha, Célia e Oswaldo; ao lado de Celinha os meus pais, Lygia e Romão.
Era janeiro de 1963. Fui, vi e gostei. Gostei tanto que comecei a ir pra lá todas as férias e feriados prolongados. Aos poucos fui fazendo amigos e em um curto espaço de tempo já participava de várias turminhas que lá se reuniam em janeiro, fevereiro e julho. Eram formadas por cariocas e paulistas em sua grande maioria e que se juntavam ao pessoal da terra. E, claro, tinha lá minhas namoradinha, por que não?
Mas foi Celinha quem começou a fazer a diferença na minha vida, ainda que eu só fosse perceber isso muitos, mas muitos anos depois. Namoramos do carnaval até as férias de julho de 1966, vocês já sabem. E é muito natural que vocês estejam agora pensando: por que não deu certo?
Difícil responder. Na verdade, não “brigamos”. O que houve foi que eu tinha planos de estudar em Portugal (sonho maluco na época, admito) e com isso ela não se sentia estimulada a alimentar maiores esperanças quanto ao futuro daquele relacionamento. Pensando bem, ela tinha razão.
De comum acordo resolvemos nos separar. Ela seguiu seu caminho e eu fui seguir o meu. Porém nunca deixamos de ser amigos. Era curioso isso: tive outras namoradas em Poços, ela também teve outros namorados, mas em pelo menos três ocasiões nós nos falávamos ao vivo ou por escrito: no Natal, no meu aniversário e no dela. E sempre que eu ia pra sua cidade a gente conversava, nem que fosse apenas por telefone.
Contudo, a partir de 1968 minhas idas começaram a ficar cada vez mais raras e difíceis pois eu havia começado a trabalhar numa pequena agência carioca de publicidade. Trabalhando, só tinha direito a férias uma vez ao ano. E quando as férias chegavam eu queria conhecer outros lugares e não escolhia mais Poços como opção. Até porque tinha companhia nessas ocasiões...
A vida, contudo, tem suas surpresas. Em 1971 Celinha resolveu tentar uma reaproximação. Sem saber detalhes da minha vida, escreveu uma carta onde me convidava para ir conversar com ela quando tivesse uma oportunidade. Nunca recebi essa carta porque, antes de enviá-la, ela resolveu checar como eu estava. Para isso telefonou no meu aniversário, em março.
Quem atendeu a ligação foi minha noiva. Celinha apresentou-se, explicou quem era, falou depois comigo, me parabenizou com de costume, conversamos e eu lhe dei uma notícia que a deixaria ainda mais desconcertada: casaria em junho e passaria minha lua-de-mel em Poços de Caldas! Incrível? Fantástico? Extraordinário? Pois é, foi assim que aconteceu.
Penso no impacto que acabei de causar a muitos de vocês. Imagino a surpresa, de quem que não sabia que eu fui casado antes de me unir a Celinha...
Pois bem: como minha família e a dela se conheciam, seus pais gentilmente ofereceram um jantar aos recém-casados. E foi Celinha quem comprou o presente que nos foi ofertado naquele encontro social.
Soube anos mais tarde que depois da nossa saída ela foi interpelada pela mãe. É que todas as recordações daqueles seis meses de namoro estavam guardadas em uma caixa: maços do cigarro mentolado que eu gostava de fumar, passagens de ônibus, embalagens de drops, cartas e até a corrente que compunha minha fantasia de grego no carnaval de 66, entre outras bugigangas que nem dá pra listar...
Minha futura sogra queria que ela jogasse tudo aquilo fora, afinal não tinha mais sentido guardar coisas minhas já que eu era um homem casado. Mas Celinha nunca se desfez de nada daquilo e a caixa existe até hoje. Inclusive com a corrente que fazia parte da minha fantasia de grego. Ela disse pra mãe que por mais estranho que pudesse parecer, um dia ela ainda iria viver comigo. Dá pra acreditar?
Nunca comentei com ela absolutamente nada relacionado à minha vida conjugal, embora continuássemos a nos falar naquelas três ocasiões clássicas (Natal e aniversários). Nem mesmo quando o meu casamento caminhava para o fim quatro anos depois do seu início. Eu não tive filhos dessa união pelas razões que já expliquei em um post anterior. E foi aí, mais uma vez, que meus pretinhos velhos entraram na história.
Estamos em 1975. Celinha era diretora de uma escola em Poços de Caldas e foi fazer um curso de aprimoramento em Pedagogia no Rio. Viajou com um grupo de amigas. Quis me fazer uma surpresa e não me avisou da viagem. Chegou na cidade pouco depois do almoço e no final da tarde resolveu dar uma volta pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana.
Eu era propagandista-vendedor da MSD (Merck Sharp & Dohme) e tinha sido chamado ao escritório da empresa, que fica na mesma avenida em que ela estava. Por coincidência no mesmo lado da calçada por onde ela andava.
O que vocês acham que aconteceu? Isso mesmo! Uma surpresa, um susto e estávamos olhando um pro outro e perguntando: "O que é que você está fazendo aqui?" Pra mim, não tenho dúvida, foi obra dos meus pretinhos velhos...
Conversa daqui, conversa dali, expliquei a ela o que estava acontecendo: eu aguardava a assinatura do meu desquite. Pra quem não sabe, naquela época havia um período de separação de três anos (o desquite) antes que a separação definitiva fosse consumada (o divórcio).
Deixei claro para Celinha que na fase final do meu casamento, percebendo que a separação seria inevitável, eu havia tomado a decisão de estudar por um tempo nos Estados Unidos pensando em maiores oportunidades profissionais quando voltasse falando um pouco de inglês. Aguardava apenas alguns detalhes a fim de iniciar a concretização desse projeto.
Qual foi a reação dela? Tão surpreendente quanto nosso reencontro! Disse que nunca havia se casado por não ter encontrado alguém que a interessasse pra valer. Que ao longo de todo aquele tempo nunca tinha deixado de pensar em mim e no tempo em que ficamos juntos. E mais: que estaria disposta a me esperar voltar dos Estados Unidos para que então definíssemos melhor nosso futuro. Acredite quem quiser!
Já comentei com vocês que antes de embarcar para os Estados Unidos e sem que os pais dela soubessem (mas os meus sim) ficamos noivos. O meu pensamento, imediatamente endossado pelos meus pais (que sempre gostaram de Celinha desde os tempos de namoro, importante comentar), era garantir-lhe que eu estava saindo do país mas voltaria. Voltaria para ela por causa dela...
Lógico que os pais de Celinha não entenderam muito bem essa história de noivado assim tão às pressas, sendo que eu estava até fora do país. Então meus pais foram até Poços de Caldas, conversaram com eles e oficializaram pra valer o nosso compromisso. Agora éramos noivos com a bênção das duas famílias!
Deixei o Brasil rumo à Flórida em julho de 1976, comentei isso com vocês. Era pra ficar nove meses no "college" de St. Pete. Aguentei apenas seis. Os três últimos meses antes que o visto expirasse eu os passei explorando Miami e as cidades próximas, tanto as do lado do Atlântico como as do lado do golfo do México. Voltei em abril de 1977 conforme havia prometido a Celinha quando do nosso noivado.
De lá para cá vocês já conhecem o que aconteceu: um relacionamento alicerçado numa profunda amizade, um enorme respeito e um grande sentido de companheirismo. Há uma coisa que me toca muito: Celinha não vive comigo: ela vive PARA mim. Isso faz uma grande diferença. A maior preocupação de sua vida é o meu bem estar e nesse sentido ele procura fazer tudo o que está ao seu alcance. E se não estiver, ela dá um jeito. Que outro homem poderia esperar mais?
Ao longo dos nove meses que passei nos Estados Unidos disse a Celinha, em muitas das minhas quase 100 cartas, que tinha um sonho: um dia haveria de trazê-la aos Estados Unidos para conhecer aqueles lugares que eu considerava mágicos – Busch Gardens, Orlando e Miami.
Agora meu sonho será materializado: dentro de alguns dias Celinha e eu passearemos por Miami, Saint Pete, Tampa e Orlando. Quem disse que sonhos não se transformam em realidade? Aliás, eu digo pra vocês: o homem não morre quando deixa de viver, morre quando deixa de sonhar...
É isso: hoje, 29 de outubro, completamos 35 anos ou 12.775 dias juntos!
Se ao longo desses dias já disse muita coisa SOBRE Celinha e o mês ainda não acabou, tenho muito o que dizer ainda PARA Celinha até antes do início de novembro.
Direi sempre, enquanto tiver voz: obrigado, meu Papai Oxalá, por me ter abençoado com a presença dela em minha vida e por tê-la feito ser mãe de Fernanda, minha segunda paixão!
Essa foto foi tirada na saída do almoço que marcou o início da nossa vida a dois: do meu lado os pais de Celinha, Célia e Oswaldo; ao lado de Celinha os meus pais, Lygia e Romão.
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