Foto: Mike Bueno
Foi na impossibilidade do toque, auto condenação, que busquei imagens...Me acreditei segura...estava resguardada, não podia me ferir sensivelmente. O que sentia entrava pelos olhos não tocava a pele.
A velocidade dos sentimentos, das percepções, acendiam sensações apagadas, adormecidas na profundidade de uma rígida caixa. De imediato me lancei em vôo.
Da imensidão ao longo mergulho. Quase fatal...
Como num grande naufrágio, muito se perdeu.
Retornei...nua e gélida.
Desmedidamente maior, ansiando por respostas...
Querendo o reverso, a imagem não refletida...
Sempre na busca pela sombra, que delimita mas não revela o conteúdo.
Numa procura cheia de ânsia, de angústia, vagando no lado escuro onde está a dor.
É lá que estão as grandes questões...onde a porta se abre em direção aos rochedos, e como aves nos estilhaçamos, experimentando o eterno suplício de um Prometeu.
Tudo já foi vivido...ficaram as palavras dessa aventura cíclica e de eterno retorno que é viver.
Onde guardar um espírito que estremece, tocado pela semelhança das mesmas dores, das eternas buscas de outros viajantes.
Aguçado está o olhar. Não é a alegria que o fascina mas a tristeza. É ela que nos iguala...que nos apresenta ao outro.
Não é toque, que se extingue no suspiro...A busca é muito maior.
Que um dia o espírito volte à caixa, mas apenas quando for impossível contê-lo...é quando tudo é silêncio, e quando livremente só lhe restará voar.
Angela Costa, 58 anos. Amante da História, amante da Literatura, duas faculdades a serem concluídas. Uma aprendiz que busca na palavra uma voz para o sentimento.
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