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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A palavra e o sentimento - Teresa Santos


Semprei gostei de escrever. Sou uma entusiasta da palavra. Ela tem um significado muito particular para mim.
Lembro-me que tinha 10 anos quando participei de um concurso de redação no curso primário do Grupo Escolar Romeu de Moraes.
O tema era sobre o mar. Ganhei o primeiro lugar. Com o prêmio  vieram uma medalha em prata, um dicionário e um brinquedo.
Algum tempo depois, já no curso ginasial do Colégio Estadual Prof. Manuel Ciridião Buarque, nosso professor de português - Benedito Mota - fez um comentário, para toda a classe, que ele comparava a minha escrita com a de um autor nacional e que a minha modéstia declina o nome.
Fiquei muito contente em ser comparada com alguém daquele quilate. Afinal, tinha tão somente 16 anos e aquele elogio foi algo inesquecível a ponto de lembrá-lo no momento em que escrevo.
A partir daquela data comecei a escrever poesias pueris.
Elas tinha uma direção certa. Um rapaz estrangeiro, de cabelos loiros, olhos claros e de porte alto que comigo estudava.
Comprei um caderno e coloquei nele, durante os anos de 1966 a 1970, todos os meus sentimentos.
E algo curioso aconteceu neste feriado de 25 de janeiro de 2012  em que a minha querida Sampa aniversaria....
Resolvi procurar aquele caderno e depois de um certo tempo o achei.
Está amarelecido, mas a palavras continuam ali...vivas.
Foi então que mudei o tema da crônica de hoje e optei por escrever sobre a palavra e o sentimento que ela suscita. Ou seria vice-versa?
Escolhi uma poesia muito ingênua. Chega a ser bobinha  se considerarmos os padrões atuais.
Foi escrita em julho de 1967 . Parecia que eu adivinhava qual seria o destino dele e meu: uma separação que duraria quarenta anos.
Mas este é um assunto para uma próxima crônica.
 
Ei-la:
 
Amanhã onde estarás?
 
Só penso o dia que a saudade chegar
Não sei o que farei sem você
Sem seu amor, sem seu olhar  
Hoje, tudo é lindo e sonhador
Ao meu lado você está
E amanhã onde estará?
 
Só restará a saudade
Porque um dia irá partir
E não soube que um coração pulsou por ti
 
Ao ler essas palavrinhas me reporto a um tempo onde tudo era tão ingênuo e tão puro.
E percebo que, mesmo passado tanto tempo, conservo uma certa esperança pueril.
E mais uma vez a palavra me acompanha.
 
 
Teresa Santos, 60 anos, paulistana. Aposentada, mas na ativa. Formada em Letras pela Universidade São Paulo. Gosta de estudar idiomas, de viajar, de ler  e de observar o mundo. Considera o ser humano a melhor personagem para seus escritos. É grata à vida  e se considera uma pessoa feliz.

4 comentários:

Nana disse...

Boa tarde!!
"E amanhã onde estarás?" Bela poesia pueril, mas cheia de encanto e ternura...amei!!!
Um abraço,
Ana Maria

Anônimo disse...

Oi Teresa,
Acabei de ler e gostei muito.
A poesia me fez chorar, achei sincera, romântica e terna.

beijos minha amiga.

Romão disse...

Essa poesia tinha um "quê" de premonição, amiga Teresa. Você não sabia mas estava antecipando o futuro... E parabéns pela leveza do texto principal, ele merecia medalha de ouro, não de prata!
Abs!

Anônimo disse...

Olá Teresa,
Li encantada como sempre. Mais uma crônica para guardar. Beijos carinhosos
Eugênia