Estava numa loja de roupas infantis dia desses e, na fila do caixa, duas
mulheres conversavam. A loira disse para a morena: “Com a chegada do
frio, não tenho dormido bem”. A morena estranhou (quem não gosta de
dormir no inverno?) e perguntou para a amiga o motivo do seu mau sono.
“É que levanto várias vezes por noite para cobrir as minhas filhas. Elas
vivem se descobrindo durante a madrugada...”.
Fiquei ali, quieta no meu canto, mas não segurei um sorriso. Eu
também, no frio da noite gaúcha, saio da cama várias vezes por noite.
Não tem split que me segure sob as cobertas sem dar uma espiada nos meus
meninos. Amor de mãe é isto: levantar durante a noite para conferir se o
sono do filho vai bem.
Está tudo na santa paz de Deus, a casa paira no silêncio da
madrugada – mas a mãe não deixa escapar a possibilidade do edredom
jogado ao pé da cama, das mãozinhas frias, do corpinho encolhido num
canto do colchão, do resfriado rondando o filhote. E sai do próprio
aconchego só para conferir. Com mãos de fada, puxa as cobertas, ajeita o
filho e volta para seu próprio sono sem fazer qualquer ruído.
Todos nós, grandes ou pequenos, cruzamos com vários tipos de amor ao
longo da vida. Amores estão sempre surgindo (devem estar sempre
surgindo em vidas saudáveis e dignas). Amigos, parentes, amantes,
esposos, filhos. O afeto, em maior ou menor medida, nos cerca e nos
acalenta ao longo da existência. Mas, de todos os amores de uma vida,
entre todas as pessoas que hão de nos querer bem, a mãe da gente é a
única que vai sair da cama – uma, duas, várias vezes por noite – apenas
para vigiar nosso sono, protegendo-nos do frio.
A mãe, a mãe sem nacionalidade, sem idade, sem profissão; a mãe –
essa entidade quase celestial – sai do aconchego da própria cama
quentinha e cobre (ou cobriu, ou cobrirá) seu filho no meio da noite,
saindo do quarto tão silenciosamente quanto entrou. Amor de mãe é assim:
invisível, incansável. Amor de mãe é... amor de mãe.
Zero Hora
Um comentário:
Boa tarde!!
A autora do texto disse tudo: "Amor de mãe, é amor de Mãe...!!!
Um abraço,
Ana Maria
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