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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Voyeurs, por Teresa Santos

Eles não estão em uma cadeira de rodas e com uma perna quebrada igual ao James Stewart, no filme Janela Indiscreta.
Também não usam binóculos ou lunetas possantes.
No entanto, semelhante à personagem do filme, gostam de assumir o papel de voyeurs..
Os olhos são a sua câmera fotográfica.Gostam de ficar na surdina. Na sombra.
Pacientemente visitam sites, alguns não muito recomendáveis, e se deliciam com o que vêem.
Solitários, adoram vasculhar a intimidade das pessoas e com a vinda do Facebook foi a "salvação da lavoura", conforme costumo dizer.
Às vezes curtem uma coisinha aqui ou acolá. Outras soltam um comentário sempre carregado de uma certa arrogância, descaso ou inconviência. Dificilmente são engraçados. E muitas vezes são amargos e tristes.
Quando estão, no entanto, diante da telinha é como se o mundo lhes pertencesse. Creio que sintam até um certo e bom tesão.
Criam páginas fictícias, por exemplo, somente para sentir a onipotência em acompanhar quem não os quer.
Não passam pela suas cabeças que algumas pessoas percebam suas atitudes.Talvez porque subestimem a inteligência alheia.
E nós que percebemos - e que gostamos de mostrar a cara - indagamos por que as pessoas fazem isso. Por que se escondem? Por que criam algo que não existe? Por que adultos se prestam a um papel destes?
Não saberia responder. Embora tente.
.
A palavra vem do francês que significa "ver" e em português o "voyeurismo" seria escopofilia aquele que presencia a distancia e secretamente.
Muitos "voyeurs" canalizam sua parafilia através da Internet, onde são numerosos os sites em que se colocam câmeras supostamente indiscretas. Os "voyeurs" saciam assim suas fantasias e desejos, "sem infringir" a lei.
Olhar e fantasiar é saudável e natural, mas quando existe um comportamento doentio e sofrimento emocional envolvido ou seja, o voyeur sofre por se sentir escravo desse prazer, é preciso procurar ajuda de psicólogos.

Teresa Santos, 61 anos, paulistana. Aposentada, mas na ativa. Formada em Letras pela Universidade São Paulo. Gosta de estudar idiomas, de viajar, de ler  e de observar o mundo. Considera o ser humano a melhor personagem para seus escritos. É grata à vida  e se considera uma pessoa feliz.

3 comentários:

Claudia de Carvalho disse...

Oi Teresa, Adorei o Texto. Como sempre, muito bem escrito, dinâmico.
Eu não sabia que é possível ter outras páginas no Facebook, aprendi mais uma *rs*
Infelizmente há de tudo nesse mundo real ou virtual. bjs.

Teresa Santos disse...

Obrigada, Claudinha. Você sempre atenta e gentil.
Quanto a criar páginas fictícias... Sim, é possível. No entanto imagino o trabalho que deva dar para uma pessoa criar algo parecido. Lembro-me que foi uma chatice quando criei a "minha" página no Facebook. No entanto, existem pessoas que usam desta ferramenta para vasculhar a vida alheia. No entanto, são ingênuas porque sempre descobrimos principalmente se a conhecemos bem. Deixam sempre um rastro. E o que é mais revelador nelas é a forma como se expressam. Por mais que tentem ficar na sombra, a PALAVRA as denuncia em um determinado momento. Não tem como escapar. A PALAVRA, para certas pessoas, é o seu DNA.

Anônimo disse...

Teresa, crônica muito bem escrita, como sempre. Este é o assunto do momento. Afeta a vida das pessoas e, penso, não é tratado como devido. Meus parabéns.

Luiz Roberto