Restaurandora
de bens culturais, pintora, escultora, ourives, Em 2010 foi
classificada em concurso internacional em contos e cronicas, Três livros
publicados e uma coletânea do concurso Edições AG. Mora em Florianópolis, na ilha, casada, três filhos, gosta de animais
domésticos, de cultivar plantas, reunir os amigos, viajar, leitura,
cinema, e a paixão de escrever.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Pérola da Praia - Nadia Foes
Conheci Pérola na praia vendendo brincos. Negra retinta de
cabelos sarará, moça muito simpática, mas mal ajambrada. Eu gostava de
conversar com ela e ela conversava com a praia em toda a sua extensão. Dos
brincos ela passou a fazer trancinhas tererê, ela carregava continhas, linhas,
tudo muito colorido, espelhos, enfim, um arsenal sem tamanho. Andava sempre em
companhia de suas irmãs, moças honestas e ficava encantada com o dom de Pérola.
Ela separava pequenas mechas de cabelo e trabalhava com contas e fios. Durante
muitos anos ela fez isso; ela já era a minha amiga da praia. Eu não sabia que
ela tinha mais um dom, era cantora: tinha voz afinada, foi descoberta por um
produtor argentino e foi viver em Buenos Aires, mas no verão batia ponto na
praia, só que agora já se transformara em uma diva negra. Não era mais mal
ajambrada, pelo contrário, usava umas cangas lindas. Os cabelos muito bem
tratados, Pérola estava no auge da mocidade e dos sonhos. A praia inteira
acompanhou o desabrochar da Pérola Negra. Não era mais simplesmente Pérola.
Acrescentou o Negro ao Pérola. No último verão que passei na praia, ela já não
vendia mais na areia. Continuava trabalhando, mas como era uma estrela, abriu
loja com salão de beleza anexo e vendia panos e objetos de decoração africanos;
suas raízes negras. Me contou que estava feliz e casando com um conde italiano.
Essa é outra que sabia o que queria da vida. Há dois verões que não sei de
Pérola Negra, mas até onde sei ela ia casar com o conde e ia levar na sua bagagem
para Roma, a mãe e duas irmãs, tão decentes quanto Pérola Negra, que era
respeitada no seu trabalho honesto e preocupada com o dia seguinte. A Pérola
Negra foi longe. Hoje é condessa Pérola e foi morar na Itália com o seu conde.
Não foi fazer programa. Até imagino Pérola fazendo suas compras na Via Del
Condote, na Viale Pavioli, passeando pela Piazza de Espanha, Piazza Navona,
visitando o Panteão, jogando moeda na Fontana Di Trevi. Hoje não deve usar mais
suas cangas coloridas ou trajes africanos, mas deve estar elegantérrima
percorrendo as sete colinas de Roma. Já deve ter tirado milhares de fotografias
na Coluna de Trajano, no Templo de Vesta, no Coliseu Romano e já deve ter
colocado suas mãos na Boca da Verdade, sem medo de ser abocanhada por ela. Nas
horas vagas deve andar de motoneta pela Cidade Eterna. Mora em palácio e tudo
dentro dos conformes. Felicidades Pérola. Você merece. Fez por merecer. Quem
sabe ainda vou encontrar Pérola em Roma, com loja montada, na Piazza de
Espanha. É vero!!!
Postado por
ORACY
às
09:30
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