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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A ORIGEM DA PALAVRA "BAITOLA"

Quem nunca ouviu o palhaço Tiririca chamar algum companheiro de cena pela alcunha de "Baitola"?!

Na linguagem coloquial, baitola, viado e gay têm o mesmo significado: trata-se de um homossexual.

A palavra "baitola" surgiu no Ceará, nas primeiras décadas do século 20. Vamos à história.

Por volta de 1913, chegou ao Ceará o inglês de nome Francis Reginald Hull, o conhecido Mr. Hull (pronuncie-se mister ráu), que deu o nome a uma famosa avenida na cidade de Fortaleza-CE.

Mr Hull fora designado superintendente de uma Rede Ferroviária no Ceará e passou, em muitas situações, a fiscalizar algumas obras de construção e reparo na própria Ferrovia.

Mr Hull era homossexual assumido. Quando ia pronunciar a palavra "bitola", que significa a distância entre dois trilhos, pronunciava "baitola".

Quando ele se aproximava de onde estavam os trabalhadores, estes, que não gostavam do modo como eram tratados pelo chefe, diziam: "Lá vem o baitola, lá vem o baitola".

A partir daí passou-se a associar a palavra baitola ao homossexualismo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Maíra - Nadia Fóes


Durante algum tempo aquela jovem senhora ocupou meus pensamentos ou por outra minha curiosidade. Ela chegava pontualmente às sete horas e trinta minutos e estacionava o seu carro na frente da Igreja de Nossa Senhora das Necessidades. Eu estacionava logo em seguida e me escondia atrás do jornal, fingindo ler as notícias do dia. Ela trazia sempre uma sacola. Descia do carro e ficava a espera de um jovem. Ela vestia roupas esportivas e notava-se que ela malhava muito. Eu acredito que devia puxar muito ferro para se manter tão enxuta. Como não sou adepta de malhação, e nem gosto de vestuário esportivo, ficava pensando com meus botões: como é que pode uma pessoa ficar tão bem em roupas de malhar e tênis. Pois ela era elegante até de tênis. O jovem que a jovem senhora esperava era muito bonito. Aparentava ter uns vinte anos, mais ou menos. Ele se aproximava e mal falava com ela. Apenas apanhava a sacola e se despedia. Certo dia resolvi ficar mais um tempo para ver de onde ele surgia, pois a praça da igreja é um labirinto. E como sou curiosa fiquei observando o seu caminho e vi se aproximar do jovem três elementos mal encarados e tirar a sacola das mãos dele. Como disse, isso durou meses. Para ser mais exata, foi todo o período escolar. Eu notava que quando a jovem senhora se despedia, ela estava sempre chorando, até que certo dia ela chegou na praça e ficou esperando um bom par de horas. Ele apareceu e vi os dois discutirem. Ela entregou a sacola e partiu e as figuras mal encaradas deram um esbarrão no rapaz e ele caiu no chão e a sacola rasgou e todo o seu conteúdo ficou exposto. Eram roupas masculinas, de boa qualidade, que ele recebia e era imediatamente espoliado. Na semana seguinte, ela chegou atrasadíssima. O rapaz não apareceu. Ela esperou, esperou, e nada. Não sei se foi nesse dia que ela notou a minha presença. O fato é que ela ficou me olhando e de repente caiu num pranto convulsivo. Eu a acompanhei até o quiosque no meio da praça e lhe ofereci água. Ela aceitou e deu vazão ao desespero. Depois de muito chorar, já refeita, me contou a sua desdita. O rapaz era o seu filho que aos vinte e dois anos abandonou uma precoce trajetória profissional para se recolher dentro de si, quase a margem da vida, depois de uma experiência gerada pela prática de meditação. Um dia ele parou com tudo e começou o que hoje chamamos de cessação de formalização da linguagem e ficou quatro dias sem falar, mudo, entrando, após, em um estado de contemplação, se comunicando o mínimo possível. E a experiência evoluiu para extremos. Logo após essa experiência ele se isolou em um sitio da família e foi morar em uma cabana usando a mesma roupa durante vinte dias. Totalmente isolado e bebendo apenas água. Depois disso ele retornou para casa e já não era mais o mesmo. Virou uma ilha, isolado e se preparando para ser morador de rua, mendigo. E a família não pode fazer nada para contornar a situação. Ele foi pressionado pelo pai para voltar a normalidade, mas ele fez a sua opção, virou mendigo. Morador de rua
A moderna psiquiatria e a neurologia afirmam que não só aquele sem condição alguma de viver em sociedade são considerados doentes mentais. Há muitos graus de distúrbio que não comprometem totalmente a pessoa, mas que mesmo assim interferem nos seus relacionamentos e atitudes. Todas as formas de consumo desequilibrado de bebida, drogas, comida e mercadoria devem ser pesquisados, assim como toda distorção comportamental como mentiras, trapaças, irresponsabilidades, falta de higiene, falta de higiene pessoal, agressividade, indiferença afetiva, vicio de jogos, compulsão sexual, tudo deve ser investigado.


Restaurandora de bens culturais, pintora, escultora, ourives, Em 2010 foi classificada em concurso internacional em contos e cronicas, Três livros publicados e uma coletânea do concurso Edições AG. Mora em Florianópolis, na ilha, casada, três filhos, gosta de animais domésticos, de cultivar plantas, reunir os amigos, viajar, leitura, cinema, e a paixão de escrever.


sábado, 24 de novembro de 2012

Reginaldo Leme relembra os 40 anos de carreira em programa especial

Clique aqui e assista a entrevista Linha de Chegada-Sportv
 

Jornalista escolhe suas melhores matérias e conta histórias de bastidores. O escândalo do GP de Cingapura e sua desavença com Senna são destacadas  

Em 40 anos o mundo mudou. Muito. O Brasil perdeu a Copa de 82, o Muro de Berlim caiu, o Brasil foi campeão mundial em 94 – feito repetido em 2002. No automobilismo, o país viu surgir três gênios: Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. Toda essa história foi acompanhada de perto por Reginaldo Leme. Nesse ano de 2012, Regi, como é carinhosamente chamado, completa 40 anos de carreira.
Então, nada melhor que uma homenagem. A equipe do “Linha de Chegada” lhe pregou uma peça. Reginaldo estava pronto para começar mais um programa, em que pensava que entrevistaria os narradores Luis Roberto e Linhares Jr. Ledo engano. Em pouco tempo os papéis se inverteram e ele passou a contar ótimas histórias.
- Eu levei para o (jornal “O Estado de SP”) “Estadão” um projeto para cobrir a Fórmula 1. Pensei em como convencer o pessoal a cobrir F-1 em 1972. Fiz um projeto bacana, verdade que a diária que eu coloquei foi de cinco dólares, mas não foi aprovado. Em setembro, eles me chamaram para fazer a cobertura (do fim da temporada). Fiz aquilo porque acreditava no título (conquistado por Emerson Fittipaldi). Voltei com o Emerson e a taça e o Estadão me deu cinco páginas da corrida de Monza. Tive que escrever pra burro – relembra Reginaldo.
Mas as histórias não param por aí. Sobre Ayrton Senna, Reginaldo diz que não tinha dúvidas sobre o potencial do piloto. Apesar de terem sido muito próximos, no fim da década de 80, início da década de 90, divergências transformaram a sólida amizade em um relacionamento estritamente profissional .
- O que originou essa desavença foi que amigos do Senna botaram na cabeça dele que eu tinha preferência pelo Piquet. Honestamente eu não tinha preferência por nenhum. Tanto que uma vez voltando de viagem, botando os pratos limpos, ele disse: você sempre teve mais paciência com o Piquet do que comigo. E eu disse: cara, isso não é verdade – e não é mesmo – interrompeu Luis Roberto.
Senna (Foto: Divulgação/Williams)Ayrton Senna em seu primeiro trieno com um carro de Fórmula 1  (Foto: Divulgação/Williams)
Perguntado sobre quais matérias ele destacaria, Reginaldo não teve dúvidas. Além do papo com Senna logo após o primeiro dos três títulos mundiais, Reginaldo escolheu as coberturas das duas primeiras conquistas de Piquet, em 81 e 83, o teste de Senna na Williams, a entrevista com Piquet logo após o acidente em Indianápolis e um dos momentos mais tristes do esporte mundial, quando ele revelou o esquema para manipulação de resultado (no GP de Cingapura, em 2008, Nelsinho Piquet causou deliberadamente o acidente que deu a vitória a Alonso a pedido de Flavio Briatore e Pat Symonds, diretores da Renault na época).
- (Essa história) me deixa muito triste porque o Nelsinho era um piloto de talento... Cedeu à pressão de um, não sei nem como chamar, de um crápula, um bandido, que foi o Briatore. Se faz o que fez a vida inteira e liga para o pai dele, ele não teria feito isso, teria abandonado a equipe.
Reginaldo então deu detalhes do furo mundial.
Eu tive uma fonte o tempo inteiro. Claro que depois fui buscar outras, mas tive uma que foi Nelson Piquet pai. Na corrida da Hungria (em 2009), o Nelson falou que estava ali por causa de uma coisa que tinha acontecido e que estava preocupado. E falou que me contaria no momento oportuno, mas tem a ver com Cingapura. Disse para não soltar antes da hora porque não tínhamos provas. E depois exigiu que o Nelsinho fosse bater na porta da FIA (Federação Internacional de Automobilismo, para confessar) – finalizou.
Houve ainda tempo para que os companheiros de transmissão nesses 40 anos demonstrassem todo o carinho com Reginaldo. Um programa para ser guardado.
Reginaldo Leme e a equipe do 'Linha de Chegada' (Foto: Erica Hideshima/Sportv.com)Reginaldo Leme e a equipe do 'Linha de Chegada' (Foto: Erica Hideshima/Sportv.com)

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

James Taylor & Carole King - You've Got a Friend

Auto & Technik MUSEUM SINSHEIM


Faça uma viagem emocionante por toda a história do automóvel, visitando o museu do automóvel e da técnica em Sinsheim! E os amantes da aviação também vão ficar nas nuvens. Garantido! Diretamente na autoestrada A6, uma hora ao sul do aeroporto de Frankfurt e não muito longe do castelo de Heidelberg, fica Sinsheim, com seu museu do automóvel e da técnica, o AUTO & TECHNIK MUSEUM, o maior museu privado da Europa, conhecido internacionalmente. Em uma área coberta de mais de 30.000 metros quadrados, com mais de 3.000 objetos expostos, o museu cobre desde os primeiros automóveis até os potentes modelos da Fórmula 1. Mais de 300 clássicos traçam um perfil representativo de todas as marcas de automóveis e todas as épocas. Os modelos Maybach e Bugatti expostos são insuperáveis. A incrível exposição de aviação abrange 50 aeronaves, entre elas o supersônico Concorde, da Air france, e o russo Tupolev 144. Ambos estão colocados sobre o telhado do museu e podem ser visitados no seu interior. Uma atração especial no local é o primeiro cinema IMAX 3D da Alemanha. Veja as imagens que parecem saltar da tela.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Amor criança - Nilson Ribeiro

   Tivesse eu o coração que dei, poderia ainda amar uma outra vez, celebrando assim a sua memória, fazendo jus ao seu último desejo ao partir.
  Essa possibilidade, porém, já não existe. Sua ausência, minha querida, me invade ainda hoje de uma forma por demais dolorida.
  Depois de tanto tempo ainda é assim.
  Lembro-me daquele distante verão. Havia sempre um céu dourado e azul, o Sol refulgia na areia incrustada de madrepérolas em toda a extensão da pequenina praia que amávamos tanto. A nossa prainha particular, bucolicamente perdida em definitivo em nosso passado; tão bonita, com céu de raras nuvens em forma de castelo, com o marulhar incessante das pequenas vagas que iam e vinham aos nossos pés; com o cheiro gostoso do mar,trazido pela brisa das manhãs, que acentuava no seu rosto o afogueado radiante, resultante dos momentos de amor às escondidas por entre os rochedos desertos, testemunhas ímpares do nosso idílio criança.
   E assim vivemos, a sós, nós dois, aquele mágico verão.
   Por um momento chego a te abraçar, sentindo novamente o seu perfume,
Calandre, tão único naqueles idos dos anos 70.
 Nos amávamos distraídamente como só duas crianças podem se amar, sem pensar no preço que pagaríamos por tamanha felicidade, no sofrimento certo quando tudo por fim acabasse, como aliás acabam todas as coisas belas sobre a face da terra, por vezes da pior maneira , deixando em quem fica o peso trágico da responsabilidade pela perda de tudo.
  E assim foi. Chegamos ao ápice muito rapidamente, experimentamos um amor infinito, emoções dígnas dos deuses. Ninguém teve um amor assim.
  E logramos por fim ter fecundado definitivamente aqueles dias felizes quando a semente do nosso amor germinou em voce. Foi o máximo pra nós, vislumbrávamos então um futuro de riso e cor.
  E num repente tudo mudou e sobreveio a dor. Partíamos céleres de um extremo ao outro; num instante a felicidade estonteante, em seguida o nada absurdo, a dor lancinante, o espasmo doído que me acompanha até agora, apertando-me o peito quando relembro de tudo. Como vê, meus crepúsculos são tristes. Imerso em soturno silêncio discordo de Hemingway ao dizer que os melhores escritos derivam da experiência pessoal.
  Nem sempre é assim, meu caro, nem sempre.
  Quem sabe ele mesmo mais tarde tenha se dado conta disso ao dar cabo da própria vida, provando também a fraqueza da triste condição humana.
  De minha parte não tenho a menor dúvida. Certamente teria eu escrito uma outra crônica que não essa, e com um desfêcho feliz como deveria ter todo grande amor.


Nilson Ribeiro, poeta ao acaso desde menino, fluminense de 57 anos, dos quais 42 de labuta, lidando com gente de todo quilate, fiz disso inspiração diária pra aguentar os trancos da vida.

Katie Melua - The Closest Thing to Crazy

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Daqui eu não saio. O que leva um proprietário a recusar uma oferta de até R$ 12 milhões por seu imóvel

O que leva um proprietário a recusar uma oferta de até R$ 12 milhões por seu imóvel

Bastou o intervalo de semanas para que se chegasse ao fim de uma era: há um mês, quase que ao mesmo tempo, foram vendidas as duas últimas casas da orla de Copacabana. A maior - um palacete rosado, na altura da Rua Francisco Sá - acabou arrematada por R$ 40 milhões, valor pago pelo grupo Emiliano, de São Paulo, para a construção de um hotel de luxo. A menor - uma mansão de pedra, próxima à Santa Clara - foi adquirida pelo em-presário Omar Peres, dono do restaurante Fiorentina. Peres desembolsou R$ 28 milhões pelo terreno que, planeja, também abrigará uma hospedagem de fino trato.
A venda da casa rosada era tida como favas contadas: o lugar, onde funcionou o consulado da Áustria, estava fechado havia três anos. Já a venda da casa de pedra, não. Desde 1917, quando se mudara para lá, a proprietária Zilda Azambuja Canavarro Pereira não aceitava ouvir uma única oferta pelo local. Zilda esteve na casa durante o começo da Era Vargas, o fim da Segunda Guerra Mundial, a explosão das bombas de Hiroshima e Nagasaki, a construção de Brasília, a criação do estado de Israel, a publicação do AI-5, a chegada do homem à Lua, o surgimento da internet, a queda do Muro de Berlim, a clonagem da ovelha Dolly, o impeachment de Fernando Collor e o nascimento de Sasha Meneghel. Dos 101 anos em que permaneceu na terra, 94 foram passados sob o mesmo teto - o da Avenida Atlântica 2.692. Pela ligação afetiva com o local - e por ser uma mulher de posses - Zilda decidiu que, em vida, jamais deixaria a casa. Assim foi, até o último mês de maio.
Mas, no cobiçado mercado imobiliário da Zona Sul carioca, Zilda não foi a única proprietária a sobrepor sua história ao montante (geralmente farto) oferecido por empresas do ramo. Na Rua Prudente de Morais, em Ipanema, uma senhora de nome Denise expulsa, pelo interfone, qualquer um que proponha comprar sua pequena casa, numa vila colada à igreja japonesa Perfect Liberty. Na mesma rua, em frente ao hotel Everest Park, um engenheiro aposentado da Petrobras instalou uma placa em seu portão: "Este imóvel não está à venda. Pede-se não insistir." Herdou a casa do pai; de lá não sai.
Na esquina da Avenida General San Martin com a Rua General Venâncio Flores, no Leblon, o edifício construído em torno do restaurante Juice & Co. precisou ser feito em formato de "L" porque o antigo proprietário da casa se recusa¬va a sair. A poucos quarteirões dali, na Avenida Delfim Moreira, um médico radiologista diz já ter recusado R$ 60 milhões pela última casa do metro quadrado mais caro da cidade.
- O sujeito que se recusa a vender ou é especulador ou é maluco - resume Cláudio Castro, diretor da Sergio Castro Imóveis, corretora es¬pecializada na compra e venda de casas. - E o cara que fica por uma razão afetiva é maluco também. Vai continuar morando numa casa sem sol, cercada de prédios, com bandido pulando muro, correndo o risco de ser assassinado. Tem casos que eu até já desisti.
Um deles é o do empresário João Carlos Aleixo, de 65 anos. Dono dos restaurantes Artigiano e Pomodorino, em Ipanema, ele mora com a mulher numa casa bucólica, na esquina da Epitácio Pessoa com Maria Quitéria, na Lagoa. O terreno, de 160 metros quadrados, está encalacrado entre outros quatro - comprados pelo construtor Rogério Chor, fundador da CHL.
No último ano, Aleixo teve três encontros com Chor, que, segundo conta, chegou a lhe oferecer R$ 12 milhões pelo terreno (o preço é cinco vezes maior do que o que se costuma pagar pelo metro quadrado na Lagoa, de acordo com o índice Fipe Zap). Foi irredutível.
- Financeiramente, a proposta era interessante. Me ofereceram dinheiro, apartamento, disseram que eu estava rasgando dinheiro - lembra Aleixo. - Mas aqui em casa não tem reunião de condomínio, não tem vizinho perturbando. Corro todo dia na Lagoa, trabalho perto. Está bom para morar com minha mulher.
Havia, ainda, uma segunda razão: Aleixo pretende transformar o local num restaurante para a sobrinha de 17 anos, que estuda gastronomia.
- O que faz a pessoa não vender o imóvel é um sonho por trás, alguma coisa com valor sentimental - explica. - E a casa tem uma arquitetura bonita. Não quero que seja derrubada.
Em viagem, Chor não pôde responder à revista. O edifício a ser construído, ainda em fase inicial, foi remodelado em formato de "L" sem os 160 metros quadrados de Aleixo.
- Eles ficaram loucos. O projeto ficou totalmente torto - diz ele, rindo.
Caso parecido viveu o cirurgião plástico José Antônio Beramendi, de 63 anos, a uma rua dali. Dono de uma pequena clínica com dez metros de frente, na Joana Angélica, ele foi a pedra - e, depois, a palmilha - no sapato do construtor Marcus Cavalcanti, em 2002.
Em posse do terreno posterior, Cavalcanti ofereceu R$ 900 mil, mais dois apartamentos, pelo espaço da clínica. Em vão:
- Era um valor significativo, mas eu não sabia o que fazer com o dinheiro - lembra Beramendi. - Além disso, estou aqui há 16 anos, minha casa é no bairro, e quero deixar a clínica para o meu filho, que é cirurgião. Para a profissão é bom: Ipanema é referência mundial.
Não era o fim da história. Como Cavalcanti pretendia construir um edifício cercado de varandas - o Residencial Joana Angélica - precisou se precaver de que, no futuro, nenhum prédio fosse erguido no terreno de Beramendi. Pagou R$ 100 mil pelo "espaço aéreo" da casa.
Foi a saída honrosa para que nenhum morador perdesse a vista da copa das árvores. Está na certidão de cada imóvel - diz João Marcus Cavalcanti, gerente geral da construtora.
O caso mais folclórico de apego (não exatamente afetivo) a um apartamento ocorreu nas décadas de 70 e 80, em Copacabana. Proprietário do apartamento 201 do Edifício Leão Veloso, na esquina das avenidas Atlântica e Princesa Isabel, Alcemar Assad esperou que todas as unidades do prédio fossem vendidas à Companhia de Hotéis Ritz, que pretendia pô-lo abaixo para fazer um cinco estrelas. Em posse do último apartamento, mudou-se para Nova Iguaçu, deixou um vigia morando em seu lugar e passou a cobrar uma quantia exorbitante pela escritura: 30 vezes mais que os outros condôminos. O caso permaneceu por anos na Justiça, enquanto janelas, portas, paredes e canos do edifício se deterioravam.
Em 1980, quando a história completou dez anos, o "Jornal do Brasil" publicou que "a disputa estava longe de acabar, para a tranquilidade dos ratos e fantasmas, que os banhistas e moradores do Leme garantem habitar os nove andares" O edifício foi posto abaixo em 1987. Deu lugar ao Atlântica Business Center.
- A maioria das histórias é de insucesso; essa é a vida do corretor - sentencia, por telefone, Cláudio Castro. - Tenho uma lista das casas que nos interessam. Ligamos todo ano, para passar conversa. Às vezes vão dez corretores diferentes falar com a mesma velhinha. O décimo consegue, pela empatia.
Foi assim, conta, que intermediou a venda do Hotel Paris, onde, até dois anos atrás, funcionava o mais famoso meretrício do Centro.
- O prédio era da família Reis, que fundou o Café Capital. O problema era que a herdeira desligava na cara dos corretores.
Castro mudou a estratégia.
- Eu disse que não era corretor, que tinha horror a corretor, que estava fazendo uma pesquisa sobre café. Depois, cantei o jingle do Café Capital: "Bom mesmo é Café Capital / É bom / Tomo um, tomo dois, tomo três / Porque / Depois de um Café Capital / Bom mesmo é Café Capital outra vez."
Vendeu o prédio por R$ 1,3 milhão.
Na Tijuca, sua simpatia não funcionou. De¬pois de negociar a compra de seis casas de vila para a construção de um hotel, faltou a derradeira, no fim da rua. Avaliada em R$ 1,2 milhão, pertencia a uma senhora de 70 anos:
- Eu disse que pagava R$ 2 milhões, ela respondeu que não vendia nem por R$ 10 milhões. Então o meu cliente, que tinha comprado as seis casas, demoliu todas, e deixou o entulho no lugar.
Resultado: a senhora cravou que, a partir de então, não venderia nem por R$ 20 milhões.
- Quatro semanas depois, a velha saiu para trabalhar, e ele demoliu a casa dela, alegando ter sido um engano. Pagou R$ 6 milhões de indenização e ficou por isso mesmo.
Castro não revela o nome do hotel.
Quem dá as regras do jogo e dita as normas urbanas não é o governo, mas o mercado imobiliário - lamenta o arquiteto Sydnei Menezes, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro.
Menezes lembra que Copacabana foi "construída e demolida" quatro vezes, calcada na especulação imobiliária:
- Teve o momento dos casarões, dos sobrados, dos edifícios pequenos e dos grandes. Mas o solo é o mesmo. Isso é antiurbanismo.
Por isso, nutre respeito por quem se recusa a vender seu imóvel, independente do que lhe é ofertado:
- Separo essas pessoas em dois grupos. O da esperteza e o que se desprende do dinheiro e peita as regras de forma corajosa. Tem um lado romântico nisso.
O comerciante português Domingos Campos, de 83 anos, pertence a esse segundo grupo. Trabalha, há 57 anos, na Casa Campos Ferragens, de onde foi funcionário, sócio e, por fim, dono. A loja é uma estranha no ninho da Rua Dias Ferreira, endereço comercial badalado do Leblon. Campos diz que a última tentativa de compra aconteceu há dois anos:
- Nem deixo que me ofereçam nada. Moro a um quarteirão, venho e volto andando. Se o camarada gosta de onde está, fica.
É por isso que Maria Elisa Costa, de 78 anos, não deixa seu apartamento, num prédio pequeno, no fim da Avenida Delfim Moreira.
- Se eu tivesse que escolher um lugar para morar, seria o Rio. Um lugar no Rio para morar, seria exatamente onde eu moro. Sair seria uma pobreza de espírito - justifica.
Filha do urbanista Lúcio Costa, Elisa se mudou com pai, mãe e a irmã Helena em 1940, quando o Leblon era um bairro periférico.
- Isso era que nem Vargem Grande. Com o orçamento apertado que meu pai tinha, era o que dava para alugar - lembra.
Com o passar do tempo, a família acabaria adquirindo metade dos seis imóveis do prédio. Há alguns anos, Elisa foi cortejada pelo fazendeiro José Luís Ribeiro, dono de dois dos apartamentos restantes:
- Ele comprou os apartamentos dos fundos e queria os meus, obviamente com essa miragem de colocar o prédio abaixo.
Ela desconversou. José Luís confirma o encontro:
- Meu filho é arquiteto. Não quer que seja feito um prédio monstruoso. Disse a ela que, se fosse vender, que me desse preferência.
Elisa filosofa:
- Podem ser 10, 20, 30, mil, milhões, reais, dólares, euros, eu não quero saber. Se a vida me deu o presente infinito de morar no lugar que eu adoro, vou dispensar isso? A grande coisa, quando você fica mais velha, é andar junto com o tempo. O futuro não me prende mais. Quando eu estiver no São João Batista, a família resolve o que fazer.

O Globo, Roberto Kaz

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Homenagem ao dia da Consciência Negra - Ana Maria Reis Campos

ZUMBI DOS PALMARES
 
“NOSSO NEGRO, NOSSA RAÇA.
 NEGRO QUE “TE QUERO NEGRO.”
 
 
Queremos sim, a liberdade! Queremos sim, o fim dos preconceitos! Quebrar as correntes, desatar as amarras da memória de um tempo que jamais será esquecido...
Surge um novo milênio, ressurge em nossas raízes à luz da miscigenação, a ‘raça negra”, que tanto contribuiu para o desenvolvimento da espécie humana, sob o condão de uma raça forte, cheia de tradições e cultura própria.
Desde as Senzalas escuras e frias, a alma de um povo é lavada com fricções de esperança sobre o som de um coração estouvado, que ressoa aos tambores uníssonos, de um povo e sua cultura. Ao som dos tambores, ao som das correntes, ao som dos gritos e ao som dos açoites, nasce o homem, predestinado a lutar e predisposto a defender a causa da libertação dos escravos. Ele é o representante e guerreiro de um povo, que também foi marcado pela escravidão e injustiça social. Por entre as matas, rios, plantações e aldeias de Palmares, ele quebra o silêncio da opressão e sobrevive às gerações, com seu hino de libertação. É ele, Zumbi dos Palmares!!
As lembranças repugnantes e atrozes e de consciências medievais, nos remetem à escravidão no Brasil, faz–nos sentir  envergonhados e encabulados com a sociedade da época, isenta de qualquer estrutura, fundamentada em Direitos Humanos.
A relação cordial entre duas pessoas independe da raça, etnias, sexo, ou qualquer outra diferença biológica, o que importa é a liberdade, a equidade social, e muito axé entre todos nós.
O importante também é o desenvolvimento das potencialidades de cada povo, pois só assim, estaremos enriquecendo o patrimônio comum de toda a humanidade.
Zumbi dos Palmares traz à tona essa luta contra os conceitos e preconceitos de uma sociedade veementemente “Racista”. Com a valentia de um guerreiro, sacode o chão das tormentas que oprimiam os seus irmãos e busca a construção de um país soberano, integralizado e valorizador do ser humano.
O dia da consciência negra revive a nossa história, ocupa um lugar de destaque em nosso calendário social, pois é ela, a Raça Negra, rica e sábia em suas tradições, costumes, arte e cultura.
Que os canaviais de hoje, sejam plantados com as mãos do trabalhador, independente de raça e cor; que prevaleça a justiça, a igualdade de etnias, a equidade social e, sobretudo, a liberdade decorrente de uma Democracia política.
 
País da Raça Negra, símbolo da nossa bandeira.
No verde de nossas matas, reflete a alma do nosso irmão negro.
 
Salve 20 de novembro!!! - Salve Zumbi dos Palmares!!

Ana Maria Campos
Natural de Uberaba - MG, reside em Ituiutaba - MG. Professora; Formada em Licenciatura e Letras pela UEMG;Pós Graduação em Filosofia.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O Destino - Dj Gugu

A vida nos coloca em lugares e situações nunca antes imaginados.
Eu e um professor do meu colégio, nos apaixonamos pela mesma garota. Eu com 19, e ele com uns 35, e
uma vantagem de conhecimentos e poder bem superiores aos meus. Cada um usava bem as armas que tinha, eu sempre apelava para a intolerância e a juventude. Ele, para o poder de sedução e das notas no diário de provas.
Durante um bom tempo nos degladeamos; carro riscado, pneu vazio; e ele com faltas por atrasos, e notas severas de correção. Bem, o tempo passou e quis o destino que ela me escolhesse. Nosso namoro demorou quase três anos, mas, mais uma vez a vida mudou o curso da história, e eu acabei me casando com outra... Os caminhos, como já avia dito antes, nos levam a lugares nunca antes imaginados.
Nos meus altos e baixos na vida, mais baixos do que altos, e, em um desses meus mais de trinta empregos, eu me encontrava numa situação financeira bem delicada. Minha filha fazia a iniciação ao primário, era inteligente e precisava de um bom colégio para continuar o nível elevado de sua aprendizagem, os colégios do estado infelizmente já estavam em queda vertiginosa na qualidade de ensino. Ouvi dizer que no meu antigo colégio, onde eu tinha estudado (Nilo Peçanha) estavam dando ate 50% de desconto nas mensalidades para filhos de ex alunos,não podia deixar passar esta grande oportunidade, e no mesmo dia me dirigi ao colégio na esperança de conseguir a bolsa de estudos para a minha filha. Ao chegar não contava com uma fila de gente tão grande, comentava-se que o número de bolsas era limitado, e que só depois de um processo de avaliação, os candidatos seriam contemplados. Embora a vontade de desistir fosse enorme, esperei para ser atendido por mais de duas horas. A quantidade de gente era muito grande, e algumas pessoas saiam da entrevista com olhares desanimadores. Enfim chegou minha vez, ao entrar meu coração deu um aperto grande, ele ainda não tinha olhado para mim, continuava anotando qualquer coisa em uma agenda, e ainda cabisbaixo, fez sinal para que eu sentasse, claro... ele não ia lembrar-se de mim, eu estava com uns 35 anos e a última vez que nos vimos eu tinha 19. Mas era ele, ele mesmo, o meu rival do passado, agora diretor do colégio onde eu estudei e pretendia matricular minha filha, caso a bolsa eu conseguisse.
Fiquei mudo olhando para o chão esperando que ele acabasse de escrever, e ao não me reconhecer, aceitasse meu pedido e... Seu boa noite foi um “tiro a queima roupa”, Perguntou:
_ Casou com ela?
Procurava palavras que pudessem ser ditas sem interferir no assunto que era outro, mas saiu naturalmente...
_Não, casei-me com outra pessoa... e hoje vim aqui tentar conseguir uma bolsa de estudos pra minha filha, que é muito inteligente e precisa de um bom colégio... Ainda buscava palavras para tentar amenizar o que seria uma excelente oportunidade dele me rejeitar, aproveitar o momento e desferir um golpe mortal!
_100% esta bom? Foi a sua proposta ( quase desabei em lágrimas )
Sim poderia terminar esta história aqui, se o destino não tivesse me aprontado umas das mais belas surpresas de minha vida...
Final
Minha filha já estudava a mais de cinco meses sem que eu pagasse um tostão, e ela iria participar de uma festa junina para angariar recursos para o caixa do colégio, ajudar ainda mais alguns alunos que dependiam da bolsa para estudar. Claro nós não podíamos deixar de ir, e prestigiar importante acontecimento,de causa tão nobre.
Na noite em questão, chegamos à festa acompanhado de nossos filhos e eu também aproveitei para rever antigos alunos do colégio da minha época, que como eu também tinha lá seus filhos estudando. Em um momento de distração minha filha soltou minha mão, e correu em direção a uma pessoa que acabava de chegar, confesso que fiquei com um pouco de ciúmes, ele se agachou e ela em uma corrida frenética se atirou em seus braços, e os dois num abraço apertado, se beijaram no rosto, e ele rodopiou minha filha no ar agarrada a seu pescoço, em um frenesi de pura alegria... Olhou para os lados perguntando atonitamente, quem era os pais daquela menina que ele tinha no colo, pois os dois eram super amigos e ele ainda não tinha tido o prazer de conhecer seus pais!

“Dedico esta história ao professor Florihermes, como sendo uma das pessoas mais importantes que conheci!”

É o prisma - Nadia Foes



Celinha passa horas na posição de lótus fazendo meditação. Como ela está com uma lesão de menisco não pode sequer flexionar o joelho. Agora são três posições, sentada, na horizontal e na vertical. Nesse exato momento ela está deitada com o computador ao lado, pensando: hoje ela completa quarenta e três anos de casamento. O mais curioso é que ela não consegue lembrar do primeiro aniversário de casamento, por mais que se esforce. Segundo o seu marido Celinha tem memória de elefante, e agora ela não consegue recordar os primeiros anos, se teve qualquer tipo de comemoração e volta para vasculhar as gavetas emperradas da memória. Dali não sai nada. Ela namorou durante sete anos um homem, casou com este homem, adormeceu ao lado dele e amanheceu com outra pessoa. Casou com um homem generoso, amoroso, sensível, companheiro que se transmutou em um homem dominador, agressivo, insensível e ainda por cima infiel. Ela manteve um monólogo com o marido. A cada filho que nascia ele sumia e só retornava uns vinte dias depois. Cada mudança de residência ele alegava estar muito ocupado e só retornava para a casa nova depois da mudança feita. Acompanhar mulher à pré Natal, nem pensar, porém Celina enfeitava a vida, adorava organizar uma festa. Tudo era motivo para comemorar, menos o aniversário de casamento. Os filhos cresceram em um lar onde imperava a ordem. Tudo bem organizado, crianças bem cuidadas, bem nutridas e uma mãe jovem, bonita e perfeita. E um papai que a mamãe ensinou os filhos a amar acima de todas as coisas. Celinha quis uma família perfeita, o tipo de família para tirar retrato. Ela não recorda quando a que altura da relação ela deu início a um ritual, ou mania mesmo, mania de mandar rezar uma missa em ação de graças pelo aniversário de casamento. Todos deviam participar, até a empregada doméstica era solicitada. Após a missa, um brinde com champagne e um requintado jantar. Os filhos curtiam. Celinha se apegou a essa nova tradição com fervor. O senhor Casmurro participava e Celinha notava, durante a missa, um rito de ironia no seu semblante. Ela sabia que no fundo ele ridicularizada aquela mania de aparentar a felicidade que não existia. Pode parecer paranóia, mas ela gostava de se imbuir de um romantismo que jamais existiu. Na cabeça organizada de Celinha, o impacto que a verdade daquele casamento poderia causar aos filhos seria sem proporções. E durante anos a família viveu a fantasia. O casal era considerado pelos amigos um exemplo de força e união, porém Celinha, para ter forças para levar a sua fantasia de mulher feliz, aprendeu a dar um tempo. Não sabe quando tudo começou. Os filhos já estavam crescidos e ela passou a sonhar a longo prazo. Primeiro ela sonhou com a possibilidade do casal se reencontrar e ainda ter tempo para ser feliz. Depois passou a sonhar com a separação. Ela se dava período de cinco anos. Teria o tempo do filho fazer a faculdade, mais cinco anos para o filho fazer a pós, doutorado, aí ela iria resolver a vida dela. Jamais pensou em abandonar os filhos em momento algum. O filho se formou, fez pós, já estava encaminhado, Celinha pensou, vamos dar mais cinco, esperar a filha concluir a faculdade. Quando a filha se formou já estava noiva. Celinha pensou: mais cinco anos até o casamento da filha. A filha casou e disse para o noivo que gostaria de ter uma vida de casada tão feliz quanto a de seus pais. E foi aí que Celinha sentiu que era muita responsabilidade se descasar. E continuou casada e encomendando a missa anual até sua filha caçula terminar a faculdade. E repentinamente Celinha parou com as missas, com os brindes, jantares requintados. Juntou tudo e guardou na penumbra do casamento. Celinha, deitada, faz a retrospectiva de seu casamento. Aí lembrou que era hora de tomar o café da manhã. Levantou, encontrou o marido no corredor. Ele ia descer para tomar o café. Mal cumprimentou a mulher, deu um “bom dia Celinha” seco, bem típico dele, com a voz gutural. Ela respondeu e foi se arrumar. Quando desceu, ele já havia tomado o seu café e assistia televisão. Celinha, após tomar o café, foi checar suas mensagens e passou para a rede social e foi naquele momento que ela viu na lateral da telinha a palavra evento e começou a brincar. Colocou na lista de eventos o seu aniversário de casamento, dia e hora, o nome do mais famoso restaurante de Paris, o endereço, compartilhou e enviou um convite para o seu marido. Segundos depois, mais de trinta cumprimentos foram postados pelos amigos e Celinha tratou de explicar aos queridos amigos que fora somente uma brincadeira. Pois a brincadeira se prolongou até o anoitecer. Celinha recolheu as cinzas da paixão e foi dormir, não sem antes pensar com uma certa ironia, que durante anos as missas que ela encomendara não eram em louvor da união do casal, mas sim para pedir forças, muita força e coragem para permanecer na sua solidão a dois. E nisso ela foi atendida. Aquele senhor jamais soube o que teve nas mãos. Jamais saiu de dentro de si. Quanto a Celinha ela se habitou com a situação de tal maneira que nada mais fere o seu coração. É, Deus ouviu as suas preces!


Restaurandora de bens culturais, pintora, escultora, ourives, Em 2010 foi classificada em concurso internacional em contos e cronicas, Três livros publicados e uma coletânea do concurso Edições AG. Mora em Florianópolis, na ilha, casada, três filhos, gosta de animais domésticos, de cultivar plantas, reunir os amigos, viajar, leitura, cinema, e a paixão de escrever.


Orquestra mecânica - JimF extraordinaire instrument de musique

Leia antes de assistir ao vídeo.
Isso é quase inacreditável. Veja como todas as bolas caem nos cones.
Esta incrível máquina foi construída como um esforço colaborativo entre o Robert M. Trammell Music Conservatory e Sharon Wick School of Engenharia da Universidade de Iowa ..
Surpreendentemente, 97% dos componentes de máquinas vieram da John Deere Industries and Irrigation Equipamentos de Bancroft, Iowa...
Sim equipamentos agrícolas,!
A equipe gastou 13.029 horas entre set-up, alinhamento, calibragem e ajustes antes de filmar este vídeo, mas como você pode ver valeu a pena o esforço.
Ele agora está em exibição no Matthew Gerhard Alumni Hall, na Universidade e já está programado para ser doado ao Smithsonian.

sábado, 17 de novembro de 2012

As crianças e os tablets

As fotos acima foram tiradas em um restaurante de São Bernardo do Campo, perto de São Paulo. Retratam uma cena cada vez mais comum: crianças distraem-se com iPads enquanto os adultos conversam. Com pouco mais de dois anos de existência, o tablet caiu no gosto de meninos e meninas e muitas vezes tem uma função conhecida por “babá eletrônica”, antes ocupada pela TV.

A nova babá eletrônica?

Em diversos países pesquisas mostram o quanto a criançada gosta do aparelho. Na Inglaterra, em levantamento da Duracell, 12% dos entrevistados com idades entre cinco e 16 anos disseram querer ganhar um tablet de presente. Bonecos e bonecas (7%) e bichos de pelúcia (5%) ficaram bem atrás. Só o celular (14%) vem à frente. Nos Estados Unidos, já no Natal do ano passado, 44% das crianças entre seis e 12 anos queriam ganhar um iPad de presente, apontou o instituto Nielsen.
A tela sensível ao toque dos dedos (chamada de “touch screen”) é um convite ao uso. Há centenas de vídeos no YouTube com crianças se divertindo com o poder do próprio toque. Além disso, o tablet junta tudo o que os outros eletrônicos trazem. Tem vídeos, tchau TV. Tem jogos, adeus, videogame. E internet, até mais computador.
MOUSE X CADARÇO
A intimidade com tablets pode ser só mais uma característica da Geração Z, crianças que nasceram depois da popularização da internet. Uma pesquisa da empresa AVG feita em dez países, como Estados Unidos, França e Japão, mostra que a ligação com tecnologia começa cedo.
Entre dois e cinco anos, há mais crianças que sabem jogar games (58%) do que nadar (20%) e amarrar cadarço (11%). Nessa idade, sabem usar um mouse (69%), abrir a internet (25%) e utilizar aplicativos (19%). É cedo para tanta tecnologia? A “Folhinha” reflete sobre isso neste caderno especial sobre o uso de tablets na infância.
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS?
Especialistas se posicionam contra e a favor do uso do tablet na infância.
Veja trechos de entrevista da “Folhinha” com Valdemar W. Setzer, 71, professor do departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP, e Andréa Jotta, 38, psicóloga do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC São Paulo.
“Qualquer aparelho eletrônico é terrível para a criança.” A frase, que costuma gerar polêmica, é de Valdemar W. Setzer.
Leia mais.
Apertar os botões
Qualquer aparelho eletrônico é terrível para crianças. Elas deveriam brincar ativamente. O que fazem, por exemplo, quando brincam com um carrinho de controle remoto? Mexem os dedos para apertar botões. Um bom brinquedo deve ser simples. A criança deve entender o seu funcionamento, como uma boneca de pano. Nenhum adulto compreende o funcionamento de um tablet. Se eu quebrar o chip, não saberei montar.

O bom brinquedo
O brinquedo também deve despertar a imaginação. No caso da boneca, por exemplo, a criança usa a imaginação. Aparelhos com tela, como computador, tablet e TV, entregam imagens prontas. Não há o que imaginar. Os brinquedos também deveriam exigir movimento, como jogar bola ou pular corda. Os meios eletrônicos, começando pelo iPad, deixam a criança parada.

Sem conversa
Graças ao iPad e outros jogos eletrônicos, os pais estão falando menos com os filhos. Você vai a um restaurante e vê famílias com crianças jogando seus tablets na mesa. Não há conversa e brincadeiras. Isso é cômodo para os pais.

“O uso do tablet por crianças só é prejudicial se houver abuso. Do contrário, é uma brincadeira.” Essa opinão é de Andréa Jotta. Leia mais.
Demônio?
A tecnologia é inevitável. Não adianta olhar para isso como algo do demônio [ruim]. As crianças não fazem diferença entre algo que é tecnológico [como tablet ou computador] e algo que não é [bola ou boneca, por exemplo]. Para elas, é tudo igual. Brincam com um ou outro sem problemas. O tablet faz parte de um mundo cheio de informações, que chegam com facilidade às pessoas -e isso pode deixá-las mais inteligentes.

Brinquedo?
A criança precisa aprender a brincar no tablet, mas também a montar quebra-cabeça e a visitar parques. São os pais que devem decidir se uma criança deve ou não ganhar um iPad como brinquedo, que custa R$ 1.500. Mas a criança não é preparada para ter um brinquedo num valor tão alto. Não é recomendado que os pais briguem se ela quebrar ou perder o tablet.

Uso moderado
Não há idade certa para usar tablet. O importante é a criança, independentemente da idade, ter opções diferentes de atividades, brincar das mais diferentes maneiras. Uma criança que aos cinco anos só brinca com tablet, aos dez ganha console e aos 12 está viciada em tecnologia não foi estimulada a brincadeiras sem os eletrônicos.

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SAO PAULO, SP, BRASIL, 12.04.2012. Os alunos do 8° ano, Stefanie Maia, 12 e Omar Fares, 12 com I Pads na biblioteca no Colegio Magno, onde usam conjuntamente com o material tradicional. (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress, FOLHINHA). ***EXCLUSIVO***

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ALUNOS SE EMPOLGAM
Há mais de dois mil anos, pessoas usavam lápis feito de bambu para aprender a escrever sobre uma placa de argila mole.
Hoje, a novidade que chega às escolas tem o mesmo formato de placa, ou melhor, de tablete. Mas agora pode-se escrever com o dedo, já que possui tela sensível ao toque. É preciso dizer o que é?!
Desde 2010, os tablets ganham espaço nas salas de aula, ao lado de livros e cadernos. Em algumas escolas, começaram a fazer parte da lista da materiais obrigatórios. Luca Amaral, 12, conta que, no colégio Dante Alighieri, nos Jardins (São Paulo), onde estuda, os professores de geografia bolaram uma espécie de caça ao tesouro.
Em dupla, os alunos usaram um tablet fornecido pela escola para acessar o Google Maps. Digitaram ali coordenadas geográficas (dados para achar lugares no mapa), que os levaram a locais do colégio onde havia peças de quebra-cabeça escondidas. Juntas, formaram um QR Code (tipo de código), lido com o tablet. Finalmente, apareceu uma foto da Estação da Luz, porque os alunos estavam estudando ferrovias.
Atividade parecida foi desenvolvida no colégio Magno, no Jardim Marajoara (São Paulo). Em equipe, estudantes escanearam com o tablet QR Codes espalhados pela escola.
Cada um mostrava um problema matemático, que eles tinham de resolver para passar de etapa. No final, deviam apresentar os cálculos que os haviam levado às respostas. “Esse tipo de projeto é mais divertido. De tanto que é legal, a gente tem vontade de aprender”, disse Omar Hassan, 12, do Magno.
No Bandeirantes, na Vila Mariana (São Paulo), aplicativos ajudam a entender as células (iCell) e ver como funciona o corpo humano (Virtual Heart). Na aula de português, apps foram usados para fazer pesquisas e gráficos, com os quais alunos escreveram textos jornalísticos.

O RECEIO DOS PROFESSORES
Para Myriam Tricate, diretora do colégio Magno, não dá para ignorar o que acontece fora dos muros da escola. “A partir do momento que a tecnologia se torna próxima da nossa vida, temos que abraçá-la.”
Mas ninguém sabe direito como fazê-lo. No Bandeirantes, que tem 50 iPads para uso em classe, professores se reúnem quinzenalmente para trocar ideias de atividades e pensar em como lidar com as novidades. Sílvia Vampré, coordenadora de tecnologia educacional do colégio, conta que uma das principais preocupações dos educadores é perder o controle sobre os alunos.
Eles perguntam-se o que terão de fazer para continuar sendo foco das atenções quando cada aluno tiver um tablet nas mãos. Para Sílvia, é necessário que as atividades sejam envolventes e enriqueçam o ensino. O professor Claudemir Belintane, da Faculdade de Educação da USP, tem opinião parecida e alerta: “Não podemos achar que as crianças vão aprender mais só porque estão mais envolvidas com os efeitos tecnológicos”.
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SAO PAULO,SP, BRASIL-21-09-2012: As criancas Sofia Salgado,10 ( camisa branca) Ysis Barreto,10 ( blusa escurta) Eduardo Bordon,10 ( de oculos) e Gustavo Fortes,10, com tablets em sala de aula do colegio Dante Alighieri. ( Foto: Joel Silva/ Folhapress ) ***FOLHINHA *** EXCLSUIVO FOLHA***
Segundo ele, para construir conhecimento o aluno deve deixar de prestar atenção só a formas e movimentos dos tablets e se ligar no conteúdo.
Nas escolas públicas, o acesso é mais restrito. Segundo o Ministério da Educação, o governo federal repassou dinheiro para os Estados comprarem tablets para professores do ensino médio de escolas públicas.
Já foram adquiridos mais de 400 mil aparelhos, mas ainda não há previsão de entrega para os colégios, segundo o ministério.
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PAIS PRECISAM SABER O QUE O FILHOS ACESSAM
Para usar um tablet é preciso ter alguns cuidados parecidos com os já conhecidos de quem utiliza o computador tradicional.
Na opinião da Safernet, organização que pesquisa a segurança na internet, uma criança deve ter o tempo controlado pelos pais, que também precisam saber que conteúdo os filhos estão acessando.
Lojas de aplicativos dão uma ajuda ao manter classificação por idade. Mas é só indicação e não impede uma criança mais nova de usar um aplicativo não recomendado. É preciso tomar cuidado com apps gratuitos desconhecidos. Eles podem ter funcionamento parecido com o de um vírus e copiar informações sobre o dono do tablet. Também corre esse risco quem usa rede sem fio pública.
A Safernet lembra que tablets exigem cuidados especiais, parecidos com os de quem usa smartphone (celular com internet). Crianças não devem ter a senha. Precisam de autorização e orientação dos pais para baixar apps.
SAO PAULO, SP, BRASIL, 27 - 04 - 2012, 16:58. Autorizacao de menores das irmas Gabriela Arevalillo Llata Souza, 11 e Jaqueline Arevalillo Llata Souza, 8, para a Folhinha.( Foto: Alessandro Shinoda/Folhapress, FOLHINHA )***EXCLUSIVO FOLHA***
Fonte: Folha/Folhinha
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COMENTÁRIO
É muito justa a preocupação com as crianças e seu envolvimento com a tecnologia e com a web, como bem mostou esta série de reportagem da Folha de S.Paulo, em seu suplemento infantil.
A conclusão é óbvia: não podemos evitar que as crianças utilizem os tablets e os smarphones, ou mesmo os notebooks e computadores. Sewria um atraso na vida delas e elas não podem ser criadas numa redoma de vidro – como querem alguns quando tratam da Publicidade e as crianças.
Não podemos criar crianças imbecilizadas pela falta de contato com a realidade do dia-a-dia, da tecnologia à Publicidade, dos esportes à realidade das drogas, da seleção de bons e maus amigos.
E é esta a função dos pais: educar, orientar, cuidar, supervisionar e até controlar para que não cometam excessos ou erros.
É assim com a internet, é assim com o hamburguer, a batata frita, os doces, o chocolate, o refrigerante, o bate-bola, a bicicleta, o skate, o judô ou karatê, o basquete ou o volei, os biscoitos e tudo mais que torna uma infância pela e feliz.
Só não pensam assim is retrógrados e os incompetentes, que preferem proibir tudo que puderem, para não precisaram orientar, nem controlar, como as senhoras da Alana e alguns dos parlamentares brasileiros.
Gente amarga, que nunca deve ter chupado um pirolito na infância.