Estará chegando em breve
às livrarias a nova obra do filósofo argentino Sergio Sinay, cujo
título é A Sociedade que Não Quer Crescer. Tema bastante atual e que
merece atenção. Não há alarmismo em afirmar que viramos uma sociedade de
adolescentes vitalícios, todos preocupados em manter a juventude até os
80 anos.
Uma coisa é praticar esportes e exercícios físicos,
proteger a pele, se alimentar bem, manter cuidados para garantir a
saúde, investir em lazer. Outra bem diferente é se comportar de forma
irresponsável, não assumir autoridade, não dar um rumo à própria vida,
viver encostado nos parentes. Há quem considere mais cômodo ser criança
para sempre.
De fato, é. Temos por aí uma quantidade absurda de
crianções e criançonas de 40 anos, de 50 anos, até mais. O que esperar
de seus descendentes?
Não é fácil lidar com desejos, fazer
escolhas, sustentar decisões. Nos momentos de aperto, gostaríamos de não
precisar enfrentar coisa alguma e chamar um “adulto” para resolver as
questões sérias em nosso lugar. Porém, não temos mais cinco anos.
Nem
15. Não há mais justificativa para desrespeitar as leis, dirigir de
forma inconsequente, se embebedar, fugir aos compromissos. Essa rebeldia
juvenil até possui um certo romantismo, é a porção James Dean de cada
um. Só que o ator não viveu o suficiente para virar um homem, mas você,
sim.
Amadurecer é respeitar os ciclos da vida e deixar a
adolescência para trás a fim de assumir seu lugar no mundo. O que não
significa virar um adulto chato e prepotente. É permitido divertir-se na
maturidade. Muito, inclusive. Adultos curtem a vida mais do que a
garotada justamente porque não estão mais testando limites, já viraram
essa página. O que fragiliza a sociedade são pessoas que, uma vez
crescidas em estatura, não cresceram emocionalmente.
Um adulto de verdade é aquele que não age em busca de uma recompensa – ele faz o que tem que fazer porque é o certo.
Pra
chegar a esse encontro saudável com o dever moral, é preciso que ele
tenha consciência de quem é, de tudo o que viveu, de como suas
experiências o moldaram, e adote uma atitude firme diante de seus
filhos, de seus pares, da sociedade toda. Se considerar que isso
significa “envelhecer”, que pena: seguirá sendo um garoto mimado, uma
garota bobinha, sem brio para herdar o bastão de seus pais e sem
consistência para passar o bastão adiante.
Pessoas maduras também
têm incertezas, vacilam, fraquejam. Porém sabem a hora de cortar o laço
com suas carências infantis e de interagir com o mundo a fim de
torná-lo melhor, mais digno.
São agentes de transformação, e não
de estagnação. Quando se tornarem idosos, poderão olhar pra trás com a
consciência de ter dado um sentido à sua vida, em vez de terem
percorrido anos e anos inúteis, acreditando que poderiam ser jovens para
sempre só pelo fato de andarem com a aba do boné virada pra trás.
Fonte: Zero Hora
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