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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Olhar Urbano - Desprendimento ( Teresa Santos )


E eu o deixei ir. Não tinha mais jeito.
Ou o eliminava do meu coração ou piraria. E ficar louca de amor, não estava em meus projetos de vida.
Vi que ele nunca soube avaliar a ternura, o carinho e o amor  a ele destinados, desde praticamente sempre.
Fui para ele apenas um passatempo. Uma companhia para diminuir a solidão de duas pessoas maduras e que poderia ser descartada a qualquer hora.
Há algum tempo pude ter a exata dimensão do acontecido: tornei-me somente o preenchimento de um vazio.
No entanto, em minha cabeça, aquele "carinho" - que ele parecia demonstrar por mim - tinha outro significado. E me enganei.
Confesso que me desprender foi um grande exercício de humildade e perserverança.
Somente quem já amou alguém de verdade pode avaliar o que senti.
Até que o Destino sabiamente cortou os laços que nos " uniam".
Foi muito duro abrir os olhos e tirar aquela névoa adolescente que achava ter encontrado seu princípe encantado. Foi muito duro ver que o principe estava mais para sapo do que para qualquer outra coisa.
E tudo isso - hoje reconheço - só teve uma única culpada: eu.
Idealizei um homem que não existia. Joguei fichas em quem não merecia. Amei uma ilusão. E as ilusões, costumam ferir muito,  quando acabam.
Saí muito ferida. Hoje sei que foi exclusivamente culpa minha. Se eu tivesse sido um pouquinho mais racional teria visto que aquele "relacionamento" era uma grande farsa.
Foi necessário, no entanto, passar por tudo que passei. E da forma mais cruel possível.
Enquanto isso, a outra extremidade dava às costas e partia para uma nova conquista.
Ainda fiquei - alguns meses- em estado de estupefação. Procurava entender o inexplicável.
E eis que algo aconteceu.... D´us presenteou a minha vida.
E a partir deste bonito presente constato que o melhor estava por vir.
Quanto ao outro, ficou no passado. E lá pretendo deixá-lo para sempre.
 
Teresa Santos, 60 anos, paulistana. Aposentada, mas na ativa. Formada em Letras pela Universidade São Paulo. Gosta de estudar idiomas, de viajar, de ler  e de observar o mundo. Considera o ser humano a melhor personagem para seus escritos. É grata à vida  e se considera uma pessoa feliz.

4 comentários:

Nana disse...

Boa noite!
Belo texto!Infelizmente, nós, mulheres, temos um gde defeito, Sonhar demaiss...
O desprendimento é uma lição diária pra todos nós.
Creio qq, ela deva ter encontrado outro amor em sua vida.Torço por este final, neste texto. Amei!
Um abraço,
Ana Maria

Teresa Santos disse...

Boa noite, Ana Maria.
Obrigada por suas bonitas palavras. Sim, ela encontrou um novo amor.
Ela, Ana Maria, sou eu.
Um forte abraço.
Teresa

Beth disse...

Lindíssimo. De uma sensibilidade feminina extrema. Todas nós um dia passamos por esta situação e não conseguimos expressá-la em palavras. Uma grande escritora. Parabéns, Teresa Santos.
Abraços. Beth Guimarães

Teresa Santos disse...

Muito obrigada Beth, por suas bonitas palavras. Confesso que ganhei o meu dia.
Vou solicitar que você faça parte de minha página no FB.
Oracy me deu esta ideia e eu a acatei prontamente.
Espero interagir na sua página da mesma forma que interajo nos demais amigos reais e virtuais.
Abraços,
Teresa