Por aqui, os dias são de cansaço. Há uma crescente exaustão que viceja aos poucos, contra a atual ordem de coisas.
O que eu posso dizer?
Estou tão cansada quanto e, por mais que escreva, ainda serei uma voz fina, melhor dizendo, um fio de voz.
Remanejo algumas questões, busco pistas e, dando uma de Sherlock, quase pretendo resolver o caso [ou é no plural?].
Vejam, eu poderia estar escrevendo apenas poesia, mas alguma coisa fica
ali, batendo na minha janela durante as noites em que vou montando o
que pretendo que seja um livro. E o que bate?
Sim. São as mazelas de um país que era do futuro que não chegou.
Agora, nem mais os planos de saúde nos amenizam a vida, tampouco nos
dão uma sensação legítima de segurança. Antes, brigávamos dizendo que
nem deveríamos pensar em pagá-los, pois que temos um sistema de saúde
público,; no entanto, nós os pagávamos e nos sentíamos mais seguros e
com uma garantia a mais por isso.
Pronto. Tudo isso acabou.
Não
há, neste momento, uma diferença substancial entre usuários de planos de
saúde - e que por isso têm acesso a hospitais particulares- e usuários
do nosso SUS [sistema único de saúde, que, para ser único, precisaria
ainda galgar todos os degraus da escadaria da Penha, por exemplo!].
É isso.
E ainda ouvi, como muitos de vocês devem ter ouvido, ainda hoje, o sr.
Dante Montagnana[presidente do Sindihosp-SP] afirmando que o problema é o
fato de os planos de saúde continuarem vendendo e que, com isso, os
hospitais 'levam a fama'.
Bem. Começou o jogo do 'empurra-empurra',
pois agora, é claro, ninguém quer saber o que se faz com os milhões de
usuários dos planos de saúde que pagam [e caro!] para terem acesso
garantido a consultas eletivas e atendimentos de emergência nos
hospitais particulares que não estão dando "conta do recado".
Ora. Sai perdendo quem, de novo?
Que pergunta!
Isso, isso. Nós. Sempre.
É...gostaria de dar boas notícias ao tempo que vem. Mas...como?
Do lado de cá, estamos nos virando como podemos: e sempre, infelizmente,
à mercê e nossa própria incompetência, porque ainda não apendemos a
bater panelas pelas ruas ou, ainda, boicotar todo e qualquer tipo de
abuso.
Não. Não tenho soluções práticas.
Ainda que me debruce sobre isso noite adentro, dificilmente as encontrarei.
Do meu jeito, cumpro minha parte. Escrevo. E escrevo. E me enlaço, num abraço, ao povo que também sou eu.
Aglaé Gil, de Curitiba – com formação em revisão e produção de
textos; pesquisadora de História e Literatura; aprendiz de viver;
poeta;mãe; cidadã. [não necessariamente nessa ordem]
Um comentário:
Boa noite.
Esse texto revela a submissão de um povo, que se diz ser livre e ter um governo democrático. Realmente, a realidade da saúde no Brasil é cruel,desumana. Parabéns pelas palavras. Acredito que, todos nós, brasileiros, (as) comungamos dessa indignação relatada frente aos planos de Saúde e sobre o atendimento do SUS.
Um abraço,
Ana Maria
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