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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Zé Renato, por Nadia Foes


Como Zé Renato? Eu sei lá o que você quer dizer com isso! Zé Renato pense bem, não é porque eu tomo um comprimido azul para adormecer e três comprimidos rosa para poder ir levando. Ta certo tem o laudo de não poder me alimentar muito porque tudo que eu como não para no meu estomago. Ou será que é porque eu tomo medicamento controlado? Pois bem, isso não quer dizer que eu sou maluca. Eu sei Zé Renato que o meu ex nunca entendeu porque que eu tenho tantas cicatrizes nas pernas, eu até expliquei que foi do acidente com os vidros, mas só para me torturar ele me dia que as pernas vá lá, mas e os pulsos o que aconteceu? Cortei os dois pulsos com bisturi e aquele acidente com o gás como explicar, se nem eu sei direito o que me aconteceu. Acho que foi o vento que apagou a chama do forno e o gás vazou. Imagine que ele chegou e me encontrou adormecida e fez o maior escarcéu! Eu só adormeci. Zé Renato você sabia que ele foi embora só porque acordou no meio da noite e eu estava com o litro de álcool na mão para desinfetar a cama e ele disse que eu estava tramando contra ele. Pode?! Zé Renato chega mais para o lado! Licencinha que eu quero terminar de polir a minha coleção de facas que mandei para afiar. Nunca se sabe né! Zé Renato eu já te contei o caso do Rio Sena? Foi na lua de mel com meu ex. Ainda estávamos naquela fase do eu só vou se você for. Pois na hora de tirar foto eu caí do bateau dentro do Rio Sena. Até a policia francesa foi acionada. Sabe o que aconteceu Zé Renato? Ele, o meu ex, nunca teve espírito esportivo. Zé eu te contei o caso da guarita do condomínio do meu ex? Pois o meu ex mudou para condomínio e levou na mudança o meu totem indiano. Eu dei trezentos mil no meu carro novo, e fui buscar o meu totem. Não é que o desgraçado deu ordem para o vigia não me deixar entrar no condomínio? Fui até a portaria e pedi educadamente para me deixar entrar. O vigia respondeu que eu estava proibida de entrar lá. Eu acelerei o carro e joguei contra a porta de blindex. Foi um estrado considerável. Zé Renato sai pra lá, as facas podem te machucar. Hoje está tão quente, o vento está morno, ou é uma brisa morna? Zé eu já te contei como foi que eu cai da ponte? Eu sei, sou mulher de muitas estórias. Você sabe que eu te amo muito não sabe? Você é tudo o que eu tenho. Zé chega mais pra lá. Não assim não. Agora não se mexe mais Zé Renato. Deus! Não acredito. Acorda Zé. Eu não tive culpa. Eu te avisei, não te avisei? E agora onde vou encontrar a matriz para fazer outro molde de silicone. Amanhã eu penso na fundição. Você não era perfeito Zé Renato!

Restaurandora de bens culturais, pintora, escultora, ourives, Em 2010 foi classificada em concurso internacional em contos e cronicas, Três livros publicados e uma coletânea do concurso Edições AG. Mora em Florianópolis, na ilha, casada, três filhos, gosta de animais domésticos, de cultivar plantas, reunir os amigos, viajar, leitura, cinema, e a paixão de escrever.

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