Nunca houve uma barbada tão grande. Desde o dia em que começou a eleição, ele disparou na frente como o favorito. O TREM (Tribunal Regional Eleitoral da Mala) nem precisou convocou apuradores temporários. Só deu ele. Com larga margem de diferença para o segundo colocado, a mala de 2012, pelo voto popular, pelo grito das urnas, pela demonstração cabal de democracia, é Enrique Ricardo Lewandowski, a mala suprema.
Quem não votou em Lewandowski tem todo o direito de questionar o resultado, alegando um viés ideológico na escolha. O fato de o ministro-relator ter se formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo só reforça esta crítica. Mas não é bem assim. Além de ter amealhado cerca de 70% dos votos, Lewandowski foi escolhido por sua malice mesmo. Tanto é assim que o segundo colocado, com muito menos votos, mas vice-mala do ano por direito, foi outro ministro do STF: Joaquim Barbosa. É o par perfeito de malas.
“Ele faz da chatice uma arte”, justificou um dos eleitores de Lewandowski. “É a mala intransigente”, explicou um dos que votaram em Barbosa. Ideologias à parte, o critério que prevaleceu foi mesmo o da malice. Lewandowski não teve ninguém que o superasse em 2012, mas, se tivesse sua candidatura impugnada, sobraria para Barbosa. A popularidade do mensalão na eleição mais democrática do país pode ser medida pela mala que chegou em terceiro lugar: José Antonio Dias Toffoli. É um conjunto como nunca se viu igual: Lewandowski, Barbosa e Toffoli, mala, maleta e frasqueira. Um trio para se abandonar na esteira do aeroporto.
Passado o furacão do mensalão, o resultado da mala do ano encontra seu único representante do sexo feminino no quarto lugar. Uma mala rubro-negra: Patrícia Amorim. Bem que os torcedores do Flamengo tentaram. Depois de terem visto a mala Patrícia perder as eleições para presidente do clube e para vereadora do Rio de Janeiro, eles acreditavam que ela poderia sair vitoriosa neste certame que agora se encerra. Pelo menos uma eleição ela ganharia. Mas não deu. Patrícia Amorim tem que se contentar com a quarta posição, o que, numa disputa entre malas, é um posto mais do que honroso.
O mundo do futebol continua em destaque ao apresentarmos aquele que ficou em quinto lugar: Neymar. Ou Neymala, como preferem alguns de seus eleitores.Aqui é um caso típico de superexposição que se transforma em incômodo. A onipresença do craque do Santos nos intervalos da programação de televisão foi a principal justificativa para os que sufragaram seu nome. Craque que aparece demais é mala!
“Vai ser chato assim na Turquia”, disse um dos eleitores de Roberto Carlos.“Esse cara sou eu”, o primeiro hit de Roberto a chegar à parada de sucessos depois de muitos anos, elevou o Rei a outro à outra parada: ficou em sexto lugar entre os malas do ano. Ecos do mensalão ainda se ouvem no mala que ficou em sétimo lugar: José Dirceu. O oitavo lugar consagrou outro jogador de futebol: Ronaldo. O Fenômeno ganhou o posto por sua disposição em emagrecer diante dos milhões de espectadores do “Fantástico”. É a mala fenomenal.
Música popular e futebol também dividem os últimos postos do Top Ten. Michel Teló aparece em nono lugar, e Adriano em décimo. Teló por ter feito todo o mundo falar “Ai se eu te pego” em português e Adriano... precisa explicar por que Adriano foi mala este ano?
E ficamos assim. O TREM cumprimenta Lewandowski pelo título e se despede prometendo voltar em 2013. Já há algum candidato em vista?
Fonte: Jornal O Globo
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