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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A vida não termina na meia-idade - Marcelo Cherto

Sempre me encafifou a crença generalizada de que a vida produtiva de um profissional deve se encerrar aos 65 anos de idade. Durante anos me perguntei de onde haveria surgido esse número cabalístico. Até que, dias atrás, lendo um artigo de Carlo Strenger e Arie Ruttenberg, descobri que foi uma lei alemã de 1916 que estabeleceu essa idade como a mínima para que alguém se aposentasse naquele país. E por que 65? Porque o Governo da época estava convencido de que bem poucos alemães chegariam a viver tanto. Afinal, naquele tempo, a expectativa de vida na Europa Ocidental era de menos de 50 anos. E, assim, não haveria muitas aposentadorias a pagar.
Porém, com a expectativa de vida se aproximando rapidamente dos 80 ou 90 anos, o conceito de meia-idade, assim como a idade da aposentadoria compulsória, precisam ser revistos rapidamente. Alguns dirão que, como já passei dos 50, estou advogando em causa própria. Pode até ser. Mas, se você parar para pensar, vai se dar conta de que conhece muita gente que, aos 80 ou mais, continua produtiva.
Comecei a trabalhar aos 17, como office-boy. Mas só me tornei produtivo de fato depois de ter concluído meu Mestrado, aos 24 anos. Como estou prestes a completar 54, posso dizer que sou produtivo há exatos 30 anos. E como, graças aos avanços da Medicina, me parece justo ter a esperança de chegar inteiro e trabalhando até os 84 anos de idade, posso dizer que, em princípio, salvo algum acidente de percurso, devo ter outro tanto de vida produtiva pela frente.
Digam o que disserem, com ou sem aumento da expectativa de vida, quem chega à meia-idade toma consciência de sua mortalidade. E de suas limitações. Há quem lide com isso comprando um carro esporte. Ou fazendo uma tatuagem. Ou trocando a esposa de 50 anos por uma de 25. Ou fazendo tudo isso ao mesmo tempo, numa tentativa vã de prolongar a própria juventude. Mas um número crescente vem optando por alterar o rumo de suas vidas abraçando uma nova carreira. O que me parece o caminho mais salutar.
Fundamental é que a pessoa mantenha a mente, os olhos e o coração abertos para perceber e explorar todas as oportunidades que certamente vão passar ao seu alcance. Que podem ir de investir numa franquia, a dar aulas, fazer palestras, fundar e dirigir uma ONG, abrir um restaurante ou se integrar a uma banda de Jazz. Vale tudo, desde que se mantenha a noção clara e realista, mas nunca pessimista, das próprias possibilidades.
Da minha parte, estou decidido a seguir criando novos negócios e fazendo uma diferença positiva na vida das pessoas que me cercam, pautando minha existência – tanto no plano profissional, como no pessoal –  pelo conselho sábio que um dia ouvi de meu amigo e companheiro de Academia Brasileira de Marketing Edson Godoy Bueno, fundador e maior acionista da Amil: “nunca permita que suas lembranças se tornem maiores que seus planos”.
No que depender de mim, vou seguir sonhando, pensando grande, inovando. Criando novos produtos e novos negócios. Fazendo muitos planos. E pedindo a Deus que me dê saúde, garra e discernimento para transformá-los em realidade.

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