A maior prevenção contra a AIDS é o conhecimento, por Manuel Santos
Foi através dessa manchete que fiquei curioso e pensativo, quanto a tudo que nos cercava, em termos de relacionamento humano...
Era o ano de 1984 e o mundo estava apavorado diante do famoso “Câncer
Gay”, era assim que a AIDS começou a ser chamada. Há, ate quem afirme,
que o vírus da AIDS teria sido criado em laboratórios Russos e
americanos, para se combater o crescimento da homossexualidade no mundo.
Nessa época eu trabalhava em uma empresa de impressos de segurança
no Caju, antiga “Thomas De La Rue”.Um amigo ficou sabendo de um
congresso, que seria realizado no auditório do jornal O DIA. O primeiro
debate com participação do público, médicos e psicanalistas. No dia
combinado saímos eu e o Joel Vieira (ex candidato a vereador por Niterói
nas eleições 2008.) em direção a Rua Riachuelo, onde ficava a sede, e o
auditório. Durante o caminho a pé do centro do Rio ate o auditório, foi
que nos demos conta do tipo de público que deveria comparecer em
massa... O público Gay, não deu outra, já na entrada do teatro era
visível as manifestações nada contidas das “meninas” que la
compareceram, e já formavam um grande “rebuliço” na entrada.
Realmente temos que admitir que o público gay é um povo alegre e
descontraído. Eu e o Joel começamos a nos divertir muito com as
manifestações feita pelo publico GLSA, chegamos a comentar o que seria
de nós se os amigos de trabalho soubessem que nós estávamos presentes a
essa manifestação alegre, mas ao mesmo tempo, Importante demais para
voltar atrás. Ficamos sentados na segunda fileira do teatro bem em
frente à bancada dos debatedores. Ao meu lado sentou o Joel, tímido e um
pouco envergonhado por sermos a minoria etérea na platéia. Durante o
debate, muito se falou sobre os procedimentos de prevenção e formas
seguras de fazer sexo. Já tinha decorrido um bom tempo quando resolveram
dar início as perguntas e duvidas, não sei por que, se criou um
silencio mórbido entre os debatedores e a participação da platéia, e eu
desafortunadamente levantei o braço e fiz a primeira pergunta. Nesse
exato momento vi certa movimentação de fotógrafos todos apontando suas
máquinas na minha direção, eu fiquei vermelho de vergonha, pela
exposição. Como se não bastasse naquele exato momento ser o centro das
atenções; uma senhora que estava sentada a minha frente teve um mal
súbito e desmaiou. Joel mais que depressa se levantou e juntou sua cabeça
a minha para poder melhor observar o ocorrido, flashes, correria,
médicos, macas, enfim aquilo que é comum nesse momento, afinal estava
ali vários médicos, participando do debate.
Saímos do congresso,
com uma idéia bem formada sobre a AIDS, e com uma informação superior a
muitos médicos que da “nova” doença não sabiam nada... Combinamos em não
comentar nada na empresa, pois sabíamos que nossos companheiros de
trabalho, não iam entender muito bem a nossa participação, sabe com é,
mundo machista etc. e tal!
No dia seguinte apenas falamos com os
mais chegados ... Na empresa era proibido almoçar fora, por questão de
segurança pois a mesma produzia selos, cédulas, cheques e notas
promissórias, motivo pelo qual nos éramos então proibidos de sair
durante o almoço. No refeitório eram colocados vários jornais para que
os funcionários pudessem ir lendo e se distraído ate completar seu
horário de almoço, por sermos muitos, e o refeitório pequeno, existiam
vários horários de almoço, o nosso era o último horário, pois também
chegávamos mais tarde. Ao nos dirigirmos para o refeitório, íamos ao
encontro com os que de la voltavam, por terem acabado seu tempo, e foi
ai que tivemos uma enorme surpresa:
-São eles, são eles eu não falei!Diziam os funcionários...
_Caramba, são eles mesmos!!! E ao passar por nós, um dos funcionários
nos deu um exemplar do jornal que tina na primeira página a seguinte
manchete:
Gay’s vão formar um partido contra a discriminação e a AIDS, que se chamará TRIANGULO COR DE ROSA.
Advinha qual era a foto que estava La? Sim senhor, a minha e do Joel de cabeça juntinhas olhando para o chão...
A foto foi tirada na hora que a tal senhora desmaiou e nesse exato
momento o Joel se levantou para poder melhor observar o ocorrido, pronto
foi o suficiente.
O pior ainda estava por vir, depois de centenas
de telefonemas de amigos me gozando, com a história, ainda tive que
ouvir da minha sogra o seguinte:
Eu não te falei... Eu nunca confiei muito nele!!!
Manuel Santos, português, carioca por opção, aposentado em publicidade, descobriu na música, a felicidade.
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