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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O aceno da vida, é preciso parar. - Aglaé Gil

Tentamos viver cada estágio de nosso pesar da maneira como sabemos. Cada passo dado em qualquer direção tem a mesma intenção - desejamos intensamente voltarmos ser como éramos, que a nossa vida volte a ser como era. Porque certas mudanças, como o luto, parecem não nos caber. Ou, parecemos não caber em tanto pesar.
A perda é algo que nos fatia : ficamos dividimos em pedaços tão desiguais que não damos conta de como fazer para aceitar o minimamente possível, ou seja, qual daquelas fatias representa de fato o nosso ser.

Impressiona o que o ser humano faz quando se depara com perdas absurdamente dolorosas. Impressiona que possamos tão pouco contra a certeza única da vida como a conhecemos - ainda que acreditemos que ela se expanda e prossiga em outros planos.

Pequenos, sempre. Desajustamos, mais ainda. Longe de nossa essência, evidentemente. Só não conseguimos nos ver. Nenhum espelho reflete quem realmente somos [ou estamos, naquelas fase de pesar].

Nem mesmo o espelho dos dias, armado diante de nós pode garantir uma visão honesta do que nos transformamos.

E seguimos angustiados, caminhando a passos lentos, arrastando correntes, emudecidos depois do grito que a dor deu diretamente em nossos ouvidos.

Encolhemos o corpo e a alma.

E nos sentamos à varanda de nós, olhando sem parar a porta que pode nos levar de volta para dentro.

Só não sabemos, então, como voltar a abri-la.

Não sabemos. E precisamos reaprender.

____________________

** estágios do pesar:


Negação: durante o qual não se aceita a natureza da perda.

Raiva: quando se volta a raiva para dentro de si ou desloca para outros.

Barganha : barganha [uma troca, negociação] com pessoas ou até com Deus para tentar adiar ou evitar a perda.

Depressão: estágio em que se sente todo o impacto da perda, a pessoa torna-se melancólica e recolhida.

Aceitação: estágio que traz sentimento de paz em relação à perda e ao que ela significa.

[fonte: On Death and Dying, de Elizabeth Kübler-Ross, autora que criou o modelo dos cinco estágios,o qual recebe seu nome; em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_de_K%C3%BCbler-Ross
Imagem: Ribeiro

Um comentário:

Nana disse...

Boa tarde!!
Realmente,o último,o tênue e fugaz aceno da vida nos alerta para o qto é necessário e importante parar, refletir e fazer uma introspectiva,(conosco).Focar os estágios da perda, da dor da separação em nossa alma é fundamental para seguirmos em frente....Gostei do artigo..
Um abraço,
Ana Maria
Ana maria