Não conheço pessoalmente José Ruy Gandra.
Pretendo, um dia, ter o prazer de apertar a sua mão.
Ele é um amigo virtual com o
qual simpatizo por termos gostos semelhantes.
Todas as vezes, que na página dele
visito, saio com alguma mensagem compartilhada ou uma imagem
salva.
O que conheço de José Ruy é o que
ele posta ali. Jornalista, escritor (autor de Coração de
Pai). Compartilha conosco o que ele
gosta e/ou acha que gostamos. E José Ruy acerta. Sempre. Em
cheio.
Na segunda-feira, 30 de janeiro de
2012, ao dar uma passada de olhos na página do portal Terra, uma notícia me
deixou estupefata.
Paulo Gandra - o Paulinho,
carinhosamente assim chamado pelos seus amigos e parentes - havia falecido na
Inglaterra.
Acabara de fazer um clip para
a cantora Malu Magalhães em Sampa e estava na terra da rainha para filmar
uma campanha para TV e Internet para um novo jogo da EA Sports. Tinha 28 anos e era casado. Deixou esposa e um filhinho de
meses.
Uma isquemia cardíaca o
matou enquanto dormia em um quarto de hotel .
A matéria enfatizava que
ele havia começado sua trajetória profissional aos 17 anos, quando se
mudou para Londres e passou a dirigir vídeos independentes
sobre o dia a dia dos britânicos. De volta ao Brasil, trabalhou durante um ano
como RTV e editor na AlmapBBDO. Em seguida, iniciou seu trabalho como diretor
quando se tornou sócio da Gandaia Filmes, durante dois anos. Também dirigiu
filmes nas produtoras Cinemacentro e Dínamo e entrado para o time de
diretores da Hungry Man em 2009.
Leio aquela notícia e não acredito.
Há alguns dias José Ruy havia colocado o clip que o filho havia feito para
promover o novo trabalho da cantora Malu Magalhães e cheio de orgulho dizia
coisas lindas sobre a cria.
Fiquei arrasada. Não queria
acreditar. Aquela notícia mexeu demais comigo. E de repente tentei
me colocar no lugar de José Ruy.
Mil pensamentos e sentimentos
passaram pela minha cabeça. Uma porção de por ques, assaltaram a minha
mente.
Por que ele tinha que partir assim
tão jovem? Por que ele? Que tinha uma vida produtiva? Por que ele? Que
tinha um filhinho para criar e que não terá a presença do pai? Por que ele? Por
que? Por que?
Não obtive resposta. Aliás, em
horas semelhantes, não existem respostas.
Existe sim, a revolta. A raiva. O
ódio. E a imensa dor da perda.
Uma dor que dilacera, uma dor
incomensurável. Uma dor que muitas vezes leva à loucura.
A dor da perda de uma pessoa muito
querida consiste em um grande baque para mim. Perdas de mãe, de pai, de parentes
queridos, de um grande amigo me deixam em um estado lamentável.
E eis que tento me colocar no lugar
de José Ruy.
Eu, que não tive filhos, que não
sei o que é parir, imagino o que não deva passar na cabeça deste pai e
desta mãe.
E por mais que eu queira, não
consigo. Não tenho palavras.
Penso na mãe. Como deve estar esta
mãe? E uma tristeza se aproxima e fica comigo.
Não sei explicar por que esta morte
me deixou tão abalada. Mas me deixou.
E então penso que a perda de
um filho é a morte de um pedaço de si mesmo.
Teresa Santos, 60 anos, paulistana. Aposentada,
mas na ativa. Formada em Letras pela Universidade São Paulo. Gosta de estudar
idiomas, de viajar, de ler e de observar o mundo. Considera o
ser humano a melhor personagem para seus escritos. É grata à vida
e se considera uma pessoa
feliz.
7 comentários:
Teresa querida, um grande beijo pra você e um abraço ao seu amigo José Ruy.
Mesmo no anonimato da rede virtual, podemos sentir coisas inimagináveis como esta sua dor. É a melhor maneira de podermos expressar o quanto estamos ligadas ao universo.
Tenha um dia especial
carinho
Rita
aproveito pra pedir permissão para adicionar este ao meu blog Refletir e Sentir. Beijos
Oi Teresa, bom dia.
Mais uma vez me emocionei com seu texto.
É muito difícil para um pai perder o filho, porque não é lógica natural, imagino a dor que ele está sentido.
Muito bonita sua solidariedade, tenho certeza que ao ler seu texto ele se sentirá confortado.
Um grande beijo e uma ótima quinta-feira.
Rita:
Muito obrigada, pelo seu comentário.
Fique à vontade para postar o meu texto na sua página.
Obrigada, Claudinha, pelos seus comentários.
Realmente a morte de Paulo Gandra mexeu comigo.
Sei que existe uma lógica Divina para explicar estes acontecimentos. Tenho manifestado este sentimento inúmeras vezes e em vários lugares. Infelizmente não nos é dado a dádiva para compreender o que vai além desta nossa vida. Este seu texto, muito bem escrito, nos coloca de frente com esta realidade, que nos ronda e, vez por outra, nos toca, fazendo com que tudo a desmorone. Obrigado pela sua lucidez. Um grande abraço de L.Roberto
Obrigada, Luiz Roberto por suas palavras, sempre, precisas.
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